Se você controla a pressão arterial e passou anos ouvindo que a meta para garantir a boa saúde era atingir o famoso nível 12 por 8, agora deve tomar cuidado: uma nova diretriz nacional, apresentada na quinta-feira (18) no Congresso Brasileiro de Cardiologia, passou a incluir essa faixa no diagnóstico de pré-hipertensão.
Ou seja: quem tem a pressão arterial antes enquadrada como normal limítrofe passa a integrar um grupo que precisa mudar seus hábitos para evitar que a situação se agrave. O documento foi elaborado em conjunto pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) e pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).
Entenda melhor essa mudança, por que ela foi feita, e como a nova realidade afeta quem antes estava nos padrões de normalidade.
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O que é a pré-hipertensão?
Pela nova diretriz, a pré-hipertensão agora é enquadrada em medições na faixa de 120-139 mmHg sistólica e 80-89 mmHg diastólica. Em linguagem leiga, isso significa que o diagnóstico cabe para medições entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9.
A pré-hipertensão é um termo que define um quadro em que a pressão arterial já está acima do que é considerado normal, mas ainda não atinge o limiar para ser diagnosticada como hipertensão.
Pela nova diretriz, a pressão só é normal quando está abaixo de 12 por 8.
Por que mudou?
Essa atualização busca reduzir os riscos de problemas cardiovasculares associados à pressão alta, como um acidente vascular cerebral (AVC) ou um infarto.
Ao rebaixar os níveis considerados normais, os médicos podem orientar os pacientes a iniciar intervenções para melhorar a pressão mais cedo. As medidas contribuem para reduzir a mortalidade no longo prazo, combatendo a chamada “inércia terapêutica”, uma demora que pode custar vidas.
A alteração da diretriz brasileira segue um processo que já vinha sendo observado pelo mundo. No ano passado, a Europa também deixou de considerar a pressão 12 por 8 como normal.
O que muda para quem tem pré-hipertensão?
Isso não significa passar a tomar medicamentos e nem é uma sentença de gravidade, mas pessoas com pré-hipertensão devem iniciar imediatamente mudanças no estilo de vida que ajudem a derrubar a pressão arterial.
A prática de atividade física, a redução do consumo de sal na dieta, a perda de peso e a adoção de uma dieta rica em potássio, fibras, cálcio e magnésio – conhecida como “dieta DASH” – são indicadas.
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Alimentos bem-vindos para quem segue a DASH incluem frutas, vegetais, leguminosas e cereais integrais, bem como produtos de origem animal (carnes e laticínios) com menos gordura.
Um ponto de atenção importante trazido pela diretriz: uma vez identificada a pré-hipertensão, há um cronograma para avaliar a resposta a essas medidas. Se as adequações de estilo de vida não promoverem melhoras satisfatórias na pressão após três meses, pode ser indicada medicação.
O que diz a nova diretriz para quem já é hipertenso?
A hipertensão propriamente dita continua sendo classificada na faixa acima de 14 por 9, e deve ser confirmada em duas medições diferentes para fechar o diagnóstico. As orientações básicas seguem as mesmas: hipertensos continuam precisando adequar o estilo de vida, adotando dieta saudável e combatendo o sedentarismo, como acontece para os pré-hipertensos.
No entanto, uma mudança importante é que, agora, a nova diretriz já recomenda usar remédios para controlar a hipertensão em qualquer cenário a partir de 14 por 9. Antes, pessoas nessa faixa (até 15 por 10) tinham uma janela de seis meses para tentar baixar a pressão só com adequações que não envolviam medicamentos.
Na nova meta de tratamento, o alvo para hipertensos passa a ser a pressão de 13 por 8.
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Fonte.:Saúde Abril