Uma nova pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) chegou à conclusão de que, em média, cerca de 20% da ingestão calórica dos brasileiros provém de alimentos ultraprocessados. O trabalho reforça o alerta de especialistas sobre os riscos à saúde trazidos pela presença desse produto na dieta.
Esta categoria inclui alimentos que passam por diferentes etapas de produção industrial e recebem aditivos como conservantes, saborizantes e corantes, estão associados a uma maior propensão a uma série de doenças crônicas. A pesquisa demonstrou que eles são mais consumidos em áreas urbanas, e também evidenciou disparidades regionais ao redor do Brasil.
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Como foi feito o estudo
Os pesquisadores realizaram uma estimativa com base nos dados do Censo Demográfico de 2010, com um fator de correção aplicado para considerar a variação populacional desde então, e nos dados de 46 mil indivíduos participantes da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017-2018, do IBGE.
O modelo estatístico ainda extrapolou dados para cidades sem informações específicas disponíveis, considerando fatores como localização geográfica, sexo, idade, renda, escolaridade e raça. “O consumo alto de ultraprocessados em algumas regiões foi bem alarmante. Por outro lado, baixos valores não significam uma dieta saudável”, alertou o pesquisador Leandro Cacau, autor do estudo, em entrevista ao Jornal da USP.
Isso porque, embora um consumo mais baixo de ultraprocessados necessariamente indique que as pessoas estão consumindo mais produtos in natura ou que passaram por mínima industrialização, em regiões de renda mais baixa há pouca variedade nutricional, com predomínio de produtos como arroz, farinhas e açúcar.
Situação ainda é pior em outros países
O índice de 20% de ultraprocessados na dieta dos brasileiros, que chega a 30% em algumas capitais, como Florianópolis, é alarmante, mas ainda fica abaixo do observado em muitos países industrializados.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o levantamento mais recente sobre o tema, publicado neste mês, indica que mais da metade (55%) das calorias consumidas no país provém desse tipo de produto.
Dados específicos sobre o tema nem sempre são bem consolidados, e a própria definição de ultraprocessados pode ter variações conforme o país. Na Europa, algumas estimativas apontam que a média do continente fica em torno de 27% das calorias vindas desse tipo de alimentos.
Mas, também entre nações europeias, existe uma grande variação regional: países da região do Mediterrâneo, como a Itália, chegam a ter um consumo de produtos in natura até superior ao visto no Brasil, enquanto em regiões mais frias, como a Suécia, os ultraprocessados podem ultrapassar os 40% da dieta.
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Fonte.:Saúde Abril