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O governo de São Paulo confirmou nesta quarta-feira (8/10) duas novas mortes por consumo de bebida com metanol, um composto químico de uso industrial, presente em solventes, combustíveis e outros produtos. Com isso, o total de óbitos confirmados subiu para cinco.
As vítimas são três homens moradores da capital, de 45, 46 e 54 anos; uma mulher de 30 anos de São Bernardo do Campo; e um homem de Osasco de 23 anos.
São Paulo soma 20 casos confirmados de intoxicação pela substância, imprópria para consumo humano devido à sua elevada toxicidade, incluindo as mortes confirmados.
O governo paulista investiga ainda outros 181 casos, com seis mortes suspeitas — três no município de São Paulo, duas em São Bernardo do Campo e uma em Cajuru, no interior do Estado.
Em todo o país, já são 24 casos de intoxicação por metanol confirmados. Além de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul registraram a intoxicação pela substância.
A Polícia Civil de São Paulo apura se bebidas eram falsas ou adulteradas, ou se o metanol foi usado na higienização de garrafas usadas na fabricação destes produtos.
A principal linha de investigação é o uso de metanol para aumentar o volume de bebida adulterada. No entanto, a contaminação por metanol usado na limpeza de garrafas reaproveitadas também é uma hipótese.
Uma força-tarefa foi criada para investigar as intoxicações causadas pela substância e 17 fiscalizações da Vigilância Sanitária, Procon-SP e Polícia Civil foram realizadas em bares, adegas e distribuidoras na semana passada.
As investigações buscam saber agora se foram dessas duas distribuidoras que saíram as bebidas que causaram as mortes registradas no Estado de São Paulo.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que, até o momento, “não há nenhum indício de participação” da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) nas contaminações.

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Isso porque, segundo Derrite, as pessoas que foram presas no âmbito da investigação até agora não têm relação com o PCC, e os lugares onde foram constatadas bebidas adulteradas são distintos.
Até o momento, foram feitas 45 prisões. Além disso, a Justiça autorizou a destruição imediata de 100 mil vasilhames apreendidos no inquérito que apura responsabilidades pela adulteração de bebidas.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que o principal fornecedor de insumos para falsificação de bebidas do Estado está entre os detidos.
No entanto, até agora não se sabe a origem do metanol.
“No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar”, disse o governador na entrevista, após mencionar nomes de fabricantes de bebidas alcoólicas que estão se mobilizando por medidas contra a falsificação desses produtos.
No fim de agosto, a Polícia Federal, a Receita Federal e órgãos como o Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagraram a Operação Carbono Oculto. As investigações apontaram que o PCC utilizava combustível adulterado com metanol importado irregularmente para lavar o dinheiro do crime.
Nesta quarta, a força-tarefa interditou mais um estabelecimento na capital paulista devido à constatação de bebidas sem comprovação de origem, para a averiguação da procedência dos produtos.
O bar, localizado na Zona Leste da cidade de São Paulo, foi totalmente interditado após a fiscalização, por apresentar condições sanitárias inadequadas, alimentos vencidos, entre outras irregularidades. Além disso, foram apreendidas seis garrafas de bebidas alcoólicas.
Com isso, são 12 estabelecimentos interditados no estado e 23 locais fiscalizados pelas equipes da Vigilância Sanitária Estadual.
Além disso, outros oito estabelecimentos tiveram inscrições estaduais suspensas cautelarmente, sendo seis distribuidoras e dois bares.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL