Uma pesquisa inédita, divulgada pela Frente Parlamentar Mista da Educação (FPME) nesta terça-feira (27), revelou que 54% dos alunos que levam celular para escola utilizam o aparelho em sala de aula. O dado faz parte do levantamento sobre o uso de celulares nas escolas brasileiras após a proibição na lei sancionada pelo presidente Lula, em janeiro deste ano.
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A pesquisa foi realizada, entre fevereiro e maio deste ano, em mais de 200 escolas públicas e privadas de todos os estados brasileiros. Ao todo, foram entrevistados 1.057 alunos do Ensino Fundamental II e Médio, 207 professores e 145 gestores.
Apesar da implementação de novas regras que restringem o uso de celulares nas escolas, a pesquisa indica que o desafio de monitorar o uso adequado dos aparelhos persiste. Embora 46% dos alunos entrevistados afirmem trazer o celular para a escola, esse comportamento é mais concentrado entre os alunos do Ensino Médio, dos quais 63% levam o celular todos os dias e mais da metade deles seguem fazendo uso dos aparelhos dentro da sala de aula, o que corresponde a 54%.
Curiosamente, há uma discrepância na percepção do uso: enquanto 32% dos estudantes dizem nunca utilizar o celular na escola, apenas 15% dos docentes e 7% dos gestores afirmam que os aparelhos não vêm sendo utilizados pelos estudantes. Contudo, a maioria de todos os grupos (mais de 80%) aponta que o uso, quando ocorre, é apenas esporádico.
De acordo com o presidente da FPME, Rafael Brito (MDB-AL), a pesquisa contribui para avaliar o impacto da lei e se as medidas estão sendo efetivas na escola para proteger os jovens da exposição de telas.
”É uma lei que na minha visão, mesmo com pouco tempo de implementação, ela já traz, nesse momento, grandes resultados para a sociedade em tempo que ela reduz, nas minhas contas rápidas aqui, em 65% o uso de telefone em ambiente escolar. Então é uma lei, sem dúvida, que veio para ficar, que veio para melhorar a educação”, disse Brito.
A lei foi sancionada após o consenso científico sobre os malefícios das telas para crianças e adolescentes. No entanto, houve resistência de parlamentares que avaliaram que a doutrinação ideológica nas instituições de ensino pode aumentar com a proibição dos celulares. Também tem quem argumenta que o assunto não deveria ser imposto pelo Estado.
Uma pesquisa da Nexus, realizada no ano passado, apontou um apoio legitimo da população pela restrição dos celulares nas escolas: 86% dos brasileiros apoiavam restrições (54% proibição total, 32% uso pedagógico com supervisão) e 65% dos pais concordavam com a proibição (78% entre pais de crianças até 12 anos).
Outros pontos da pesquisa
- Após a restrição, 32% dos estudantes dizem nunca utilizar o celular na escola, mas apenas 15% dos docentes e 7% dos gestores afirmam que os aparelhos não são utilizados pelos estudantes. Mais de 80% de todos os grupos apontam que o uso é esporádico
- Enquanto alunos justificam o uso principalmente para falar com a família, docentes e gestores percebem o uso mais para diversão e entretenimento.
- 2 de cada 3 alunos busca informações no celular quando têm dificuldades de aprendizado. Apenas 34% preferem buscar ajuda com o professor, e 13% consultam somente o celular.
- Entre Fevereiro e de 2025, 1 em cada 3 alunos ainda não tem domínio sobre as novas regras de uso dos celulares. O conhecimento é maior entre alunos de EM (60%) do que de EF2 (53%).
Fonte. Gazeta do Povo