A tuberculose é a segunda maior causa de morte por infecção no mundo. O impacto dessa doença grave em pacientes reumatológicos é expressivo, especialmente pela possibilidade de aumento de risco de infecção entre quem toma remédios imunossupressores, como os usados para artrites.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem de tuberculose a cada ano, e mais de um milhão morrem devido à doença. No Brasil, são notificados aproximadamente 80 mil novos casos por ano, com pelo menos 5,5 mil mortes.
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Além de ser uma infecção pulmonar, a tuberculose pode desencadear sintomas autoimunes e manifestações reumáticas, incluindo complicações ósseas e articulares.
O risco de desenvolver a doença aumenta consideravelmente em pacientes em uso de terapias biológicas, podendo ser de quatro a dez vezes maior. Esses medicamentos, embora essenciais para o controle da inflamação, tendem a provocar quadros de tuberculose latente, tornando o rastreamento prévio fundamental.
A transmissão ocorre pela inalação de gotículas contaminadas pelo Mycobacterium tuberculosis, eliminadas no ar quando uma pessoa com tuberculose pulmonar ativa tosse, espirra ou fala. Uma vez inaladas, as bactérias podem ser eliminadas pelo sistema imunológico ou permanecer latentes por anos.
Importante frisar que, como se sabe, a tuberculose não é transmitida por contato físico, objetos ou alimentos.
A pandemia de COVID-19 teve um impacto negativo no controle da tuberculose. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, os serviços voltados à doença foram severamente interrompidos, resultando em um aumento de casos de mortes. Apenas naquele ano, aproximadamente 1,5 milhão de pessoas morreram de tuberculose.
Para pacientes com artrite reumatoide ou outras doenças autoimunes, a prevenção inclui uma avaliação clínica detalhada, histórico médico, exames de imagem e testes específicos para detectar a bactéria.
Esse rastreamento é obrigatório para todos que iniciarão terapias biológicas.
O diagnóstico da tuberculose envolve uma investigação criteriosa. Sintomas como tosse persistente por mais de duas a três semanas, febre ao final da tarde, suores noturnos, perda de peso e fadiga podem ser indicativos. Para confirmar o diagnóstico, o médico pode solicitar exames laboratoriais, imagem do tórax e, em alguns casos, até biópsia.
O tratamento da tuberculose disponível pelo SUS dura em média seis meses e apresenta alta eficácia na eliminação da infecção.
Pacientes com alto risco podem precisar de acompanhamento contínuo e, em alguns casos, de um novo ciclo de tratamento para evitar complicações.
Diante desses fatores, o controle da tuberculose deve ser uma prioridade, especialmente entre pacientes imunossuprimidos, ou seja, pessoas com o sistema imunológico já enfraquecido ou vulnerável. O diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado são essenciais para reduzir complicações, estatísticas e, assim, salvar vidas.
*Vanessa Magalhães é reumatologista da Escola Paulista de Medicina e da Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR).
Fonte.:Saúde Abril