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18 de junho de 2025

Bienal: Trincheira Tropical é livro civil, diz Ruy Castro – 18/06/2025 – Ilustrada

Bienal: Trincheira Tropical é livro civil, diz Ruy Castro – 18/06/2025 – Ilustrada

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“Como contar uma história que nunca foi contada?”, perguntou Ruy Castro durante mesa de debate nesta terça-feira (17) na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro.

Para “Trincheira Tropical: a Segunda Guerra Mundial no Rio”, livro recém-lançado por ele, a saída foi inverter o olhar. “Você tem muito livro sobre o Brasil na Segunda Guerra e eu não li quase nada sobre a Segunda Guerra no Brasil”.

A reação da cidade e de seus cidadãos entre 1935 e 1945 foi o tema da conversa com a historiadora e escritora Isabel Lustosa, sócia-titular do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), em um dos pavilhões da Bienal.

Na sexta-feira (13), Ruy Castro já havia participado do evento de abertura da Bienal. Na ocasião, a atriz Malu Mader leu um trecho de “Carnaval no fogo”. O autor é o homenageado desta edição da Bienal do Livro.

Ruy Castro afirmou ter passado as noites dos últimos seis anos debruçado nas fontes, boa parte delas livros e edições de jornais da época, além de incontáveis entrevistas.

“Os meus livros quase sempre nascem de uma indagação: me pergunto por que tal fato aconteceu e por que ninguém deu ou dá importância a isso.”

Entre as fontes escritas consultadas estão livros de militares brasileiros da época. Para o autor, contudo, “Trincheira Tropical” se trata de um “livro civil”.

“Queria saber como era a vida cotidiana do carioca sendo afetado pelo racionamento, pelo exercícios de simulação de ataques aéreos, tendo que correr para dentro de um túnel ou para debaixo de um prédio com pilotis.”

Castro foi municiado por livros que vieram de sebos todo o Brasil, numa estratégia que envolveu a livraria Mar de Histórias, em Copacabana, responsável por encomendar as obras pela internet.

“Gastei uma fortuna com livros. Não sei se vou recuperar com a venda desse”, brincou.

Lustosa observou a obstinação de Ruy Castro com as minúcias durante a produção do livro. Foge do óbvio, para ela, a escolha de como contar as histórias de imigrantes que chegaram ao Brasil durante a Segunda Guerra.

“Veio um húngaro, o Dori Kürschner, que se tornou técnico de futebol e introduziu, por exemplo, um novo esquema tático no país. Até a camisa branca do Flamengo, criada para jogos noturnos, foi ele quem inventou. A história de Kürschner já era sabida, mas não da maneira contada no livro.”

Lustosa ressaltou a firmeza de Ruy Castro para tratar do primeiro governo de Getúlio Vargas.

“Nos anos 1950 nasceu um outro Getúlio, que morreu como vítima de uma conspiração monumental. É como se, de repente, o Médici tivesse voltado como presidente constitucional nos anos 1980 e feito coisas formidáveis. Apagaram o passado do Getúlio”, afirma.

“Narro como Getúlio usou os integralistas para destruir os comunistas. Depois ele próprio destruiu os integralistas.”



Fonte.:Folha de S.Paulo

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