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19 de junho de 2025

Ferro e Farinha inova na pizza, resultado nem sempre é bom – 18/06/2025 – Restaurantes

Ferro e Farinha inova na pizza, resultado nem sempre é bom – 18/06/2025 – Restaurantes

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É inevitável. O fato de a Ferro e Farinha ter sido apontada pelo guia italiano 50 Top Pizza como a quarta melhor na América Latina em 2025 aumenta a régua com a qual medimos o que é servido por lá. Atiça também o nível de exigência ser informado que a melhor pizza servida na região é feita na casa, de acordo com a mesma premiação.

Trata-se da scampi (R$ 68), que, como o nome em italiano indica, leva camarões, além de molho de tomate, muçarela, salsinha, cebola e creme de alho. A presença desse último ingrediente talvez mereça uma reflexão. O creme de alho pode ser saboroso (para quem realmente gosta de alho), mas um pouco gritante demais em relação aos outros ingredientes, que combinam entre si.

Desequilibra e torna a massa úmida, molenga no meio. Fica, então, difícil seguir a sugestão do dono do lugar, o ex-publicitário nova-iorquino Sei Shiroma. “Melhor com as mãos”, é a mensagem exibida insistentemente na camisa dos garçons. Mas como comê-la nova-iorquinamente, sem o auxílio de talheres, se a fatia não aguenta a viagem do prato até a boca? Por falta de firmeza, o molho pode cair na sua roupa —aconteceu comigo.

É diferente quando a opção recai sobre as pizzas menos inovadoras, como a Fraz, de linguiça calabresa com erva-doce (R$ 64). No ponto exato, deliciosa em sua simplicidade, assim como a Domenico, uma marguerita rebatizada servida desde a lojinha do então pouco valorizado bairro do Catete, inaugurada em 2014, com atividades já encerradas.

Hoje a Ferro e Farinha tem cinco filiais em bairros nobres do Rio de Janeiro (Botafogo, Ipanema, Barra da Tijuca e duas no Leblon). Notabilizou-se por oferecer opções novidadeiras, como as pizzas de costela marinada em alho e gengibre assado e kimchi de rabanete (R$ 66) e a de paleta de cordeiro com tâmara, molho de iogurte e shisô (R$ 76).

A loja do shopping Leblon, assim como as outras, tem como ponto forte o forno a lenha, de onde saem entradas, pratos principais e sobremesas. Ela é a única das casas do grupo que, além de pizzas e belisquetes, oferece massas e até hambúrguer.

Uma das opções de principal é a lasanha (R$ 79), descrita no menu como “uma obra” de quatro camadas de massa verde e recheio de carne e maiolo (porco). Nela, falta a umidade que sobrou à pizza com creme de alho. É seca por dentro, com ragu pouco uniforme e pedaços grosseiros de carne moída. Tirando as quatro pontas do retângulo de massa queimadinhas pela brasa, sobra pouca coisa boa. Um prato caro para o que oferece, assim como o spicy vodka rigatoni (R$ 65), massa curta carregada no alho, na cebola, na pimenta, no creme de leite, em tudo. Pesaram a mão.

Uma pena que a refeição tenha se encaminhado assim, porque o início prometia. Apesar de pouco ortodoxas, as ostras gratinadas na concha com muçarela e vinagrete de cebolinhas (R$ 28 três unidades; R$ 48, seis) vieram tão quentes que a sugestão dos garçons é para que se use garfo e faca (quase um “depois não diz que eu não te avisei”).

Saliente-se o vinagrete, adicionado entre o molusco e o queijo, que teve um papel importante no conjunto da obra, deixando as ostras parecendo vivas —ainda que tenham ido a altos graus.



Fonte.:Folha de São Paulo

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