
Crédito, EPA
- Author, Jo Floto
- Role, Chefe do Escritório da BBC News no Oriente Médio
- Reporting from Jerusalem
Não é de surpreender que o tom de Netanyahu era triunfante, com um sorriso mal disfarçado.
Ele passou a maior parte de sua carreira política obcecado com a ameaça que acredita que o Irã representaria para Israel.
Em grande parte dos últimos 15 anos, Netanyahu tentou persuadir seus aliados americanos de que somente a ação militar (e apenas munições americanas) poderiam destruir o programa de armas nucleares do Irã.
Ao parabenizar Trump por uma decisão “ousada” e que “mudará a História”, Netanyahu também pode se congratular por mudar a opinião de um presidente dos EUA que fez campanha contra aventuras militares no exterior e cujos apoiadores se opuseram esmagadoramente à adesão a uma guerra contra o Irã.
Também é importante notar que as próprias fontes de inteligência de Trump não compartilhavam a avaliação de Israel sobre a rapidez com que o Irã poderia supostamente construir uma arma nuclear — e nem mesmo se o país havia tomado a decisão de fazer isso.
Ao longo deste conflito, que começou há apenas 10 dias, o governo e as forças armadas de Israel insistiram que tinham capacidade para lidar com a ameaça iraniana por conta própria.
Se as instalações nucleares bombardeadas estiverem de fato obliteradas, o primeiro-ministro israelense poderá declarar seu principal objetivo de guerra concluído, o que talvez aproxime este conflito de um fim.
No entanto, o Irã afirma que já havia transferido seu material nuclear para fora do país.

Mas sem o bombardeio de sábado (21/6), Israel teria continuado a percorrer a longa lista de alvos que a força aérea do país passou anos elaborando.
Danos continuariam sendo infligidos às forças armadas iranianas, aos comandantes, aos cientistas nucleares, à infraestrutura governamental e às partes do programa nuclear acessíveis às bombas israelenses.
Mas Netanyahu poderia continuar privado de uma resposta clara, na qual pudesse afirmar sem preocupações que a suposta ameaça nuclear havia sido definitivamente neutralizada. Talvez somente uma mudança de regime no Irã pudesse ter proporcionado algo parecido.
Os bombardeiros B2, sem dúvida, mudaram a trajetória da guerra. O risco de ela se agravará ainda mais é algo que depende da resposta do Irã e de seus aliados mais próximos.
Na semana passada, o líder supremo do Irã prometeu retaliar os EUA caso o país entrasse na guerra.
“Os americanos devem saber que qualquer intervenção militar americana será, sem dúvida, acompanhada de danos irreparáveis”, ameaçou o aiatolá Ali Khamenei.

Crédito, Reuters
No sábado (21/6), o grupo Houthi do Iêmen — um dos aliados mais fiéis do Irã — ameaçou atacar navios americanos que transitassem pelo Mar Vermelho caso os Estados Unidos entrassem na guerra.
Militares, empresas e cidadãos americanos que estão na região são agora alvos potenciais.
O Irã pode contra-atacar de várias maneiras, se assim o desejar, ao mirar em navios de guerra americanos ou em bases militares instaladas no Golfo — o que pode interromper o fluxo de petróleo e elevar o preço da gasolina.
Os EUA sinalizaram que, por enquanto, a ação militar terminou e não há interesse em derrubar o governo em Teerã.
Isso pode encorajar o Irã a limitar a magnitude de uma resposta, talvez por meio de ataques a alvos americanos de maneiras que não levem a um grande número de baixas ou com o auxílio de representantes e apoiadores na região.
Na noite de sábado (21/6), o presidente dos EUA repetiu a ameaça ao Irã. Ele disse que usaria uma força esmagadora para conter qualquer retaliação.
Neste domingo (22/6), todo o Oriente Médio está com a respiração presa enquanto espera para ver se a operação militar americana marca o começo do fim deste conflito — ou o fim do começo de guerra mais mortal.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL