
Crédito, Reuters
- Author, David Gritten
- Role, BBC News
Pelo menos 22 pessoas morreram e outras 63 ficaram feridas em um ataque suicida com bomba em uma igreja em Damasco no domingo (22/6), informou o Ministério da Saúde da Síria.
De acordo com o Ministério do Interior, um homem abriu fogo com uma arma na Igreja Ortodoxa Grega do Profeta Elias, no bairro de Dweila, durante uma missa no domingo à noite, antes de detonar um colete explosivo.
O ministério afirmou que o extremistas tinha ligações com o grupo jihadista autoproclamado Estado Islâmico (EI). Não houve nenhuma reivindicação imediata de autoria por parte do grupo.
Fotos e vídeos de dentro da igreja mostram um altar bastante danificado, bancos cobertos de vidros quebrados e paredes e chão manchados de sangue.
Lawrence Maamari, que testemunhou o ataque, disse à agência de notícias AFP que “alguém entrou [na igreja] de fora carregando uma arma” e começou a atirar. Ele acrescentou que as pessoas “tentaram impedi-lo antes que ele se explodisse”.
Outro homem, que estava em uma loja próxima, contou que ouviu tiros seguidos por uma explosão que fez vidros voarem. “Vimos fogo dentro da igreja e os restos dos bancos de madeira espalhados até a entrada”, disse Ziad.
Esse foi o primeiro ataque do tipo em Damasco desde que forças rebeldes sunitas derrubaram Bashar al-Assad em dezembro, pondo fim a 13 anos de uma guerra civil devastadora.

Crédito, Reuters
‘Crime repugnante’
O Patriarcado Ortodoxo Grego de Antioquia afirmou em um comunicado: “A mão traiçoeira do mal atacou esta noite, ceifando nossas vidas, junto com as de nossos entes queridos que hoje caíram como mártires durante a divina liturgia vespertina”.
Segundo informações iniciais, a explosão ocorreu na entrada da igreja, resultando na morte de pessoas que estavam tanto dentro do prédio quanto nas imediações, acrescentou o patriarcado.
A instituição apelou às autoridades interinas da Síria para que “assumam total responsabilidade pelo que aconteceu e continua a acontecer em termos de violação à santidade das igrejas, e garantam a proteção de todos os cidadãos”.
O ministro do Interior, Anas Khattab, declarou que equipes especializadas de sua pasta já haviam iniciado a investigação sobre o que chamou de “crime repugnante”.
“Esses atos terroristas não deterão os esforços do Estado sírio em alcançar a paz civil”, acrescentou.
O escritório do enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, condenou o ataque e pediu que os sírios “se unam para rejeitar o terrorismo, o extremismo, a incitação e o ataque a qualquer comunidade”.
O enviado especial dos EUA, Tom Barrack, afirmou: “Esses atos covardes e terríveis não têm lugar no novo contexto de tolerância e inclusão que os sírios estão construindo”.

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O presidente interino Ahmed al-Sharaa – cujo grupo sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), antigo afiliado da al-Qaeda na Síria, é classificado como organização terrorista pela ONU, EUA e Reino Unido – prometeu repetidamente proteger as minorias religiosas e étnicas. No entanto, a Síria foi abalada por duas ondas de violência sectária mortal nos últimos meses.
O EI tem como alvo frequente cristãos e outras minorias religiosas na Síria. Em 2016, o grupo reivindicou uma série de explosões próximas ao santuário xiita Sayyida Zeinab, nos subúrbios ao sul de Damasco, que mataram mais de 70 pessoas.
O EI já controlou 88.000 km² de território (equivalente a 34.000 milhas quadradas), estendendo-se do oeste da Síria ao leste do Iraque, impondo seu regime brutal a quase oito milhões de pessoas. Apesar da derrota militar do grupo na Síria em 2019, a ONU alertou que a ameaça representada pelo EI e seus afiliados permanece alta.
Um relatório publicado em fevereiro alertou que o grupo poderia aproveitar a transição na Síria para intensificar ataques e tornar o país novamente um centro de recrutamento de combatentes estrangeiros. Estima-se que o EI tinha entre 1.500 e 3.000 combatentes na Síria e no Iraque vizinho, com a maioria deles, incluindo líderes-chave, baseados em território sírio. Cerca de 300 combatentes estavam no deserto de Badia, no centro do país, que servia como base para planejar operações externas.
Mais de 9.000 combatentes do EI estão detidos em prisões espalhadas pelo nordeste da Síria, e outras 40.000 pessoas ligadas ao grupo, principalmente mulheres e crianças, estão confinadas em vários campos.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL