A missão para bombardear Fordow, uma das três instalações iranianas atingidas pela potente bomba dos EUA, durou 37 horas sem parada, com reabastecimento aéreo.
O uso dos bombardeiros B-2 Spirit foi central para a operação: são os únicos capazes de lançar a bomba antibunker GBU-57. Enterrada aproximadamente 100 metros abaixo do solo, a usina de enriquecimento de urânio de Fordow era o principal alvo americano. Ainda é incerta a extensão dos danos na unidade, se foi totalmente ou parcialmente destruída.
Segundo o Exército americano, sete bombardeiros B-2, cada um com dois pilotos, participaram da operação no Irã.
Para aguentar a maratona, os pilotos têm a bordo uma pequena cama de campanha, banheiro, uma geladeira e micro-ondas para esquentar refeições e lanches. Eles se revezam para dormir.
Os militares partiram dos Estados Unidos rumo ao leste, com comunicação mínima, durante um voo no qual foram reabastecidos com combustível no ar por outros aviões
Outro grupo de B-2 dirigiu-se para o oeste dos Estados Unidos e para o oceano Pacífico, para criar confusão sobre as intenções dos americanos. Cada B-2 pode transportar duas GBU-57.
O recorde operacional do bombardeiro B-2 Spirit é de 44 horas, em uma missão em 2011 no Afeganistão. Seu alcance sem reabastecimento é de aproximadamente 9.600 quilômetros, segundo informações da Força Aérea dos Estados Unidos.
Fabricado pela Northrop Grumman, ele começou a ser desenvolvido no fim dos anos 1980. O primeiro B-2 foi apresentado ao público em novembro de 1988. A aeronave possui quatro motores General Electric F118-GE-100 e pode voar a 1.010 km/h —a velocidade de um avião comercial normalmente fica entre 850 km/h e 900 km/h durante voo de cruzeiro, e o som se propaga a 1.235 km/h. O modelo tem 52 metros de envergadura e 20 de comprimento.
O avião custa US$ 1,1 bilhão e tem capacidade para levar carga de 18.144 quilos.
O B-2 é um das duas aeronaves empregadas pelos EUA para ataques nucleares, mas já foi amplamente utilizado em combate convencional. Em outubro passado, os americanos o empregaram na destruição de bunkers de houthis, no Iêmen.
Historicamente, os B-2 servem também como arma dissuasória. Em momentos de crise com a China, ficaram baseados na ilha britânica de Diego Garcia, no oceano Índico (em 2020), e na Austrália (2022).
A base no Índico é uma escolha estratégica. Com seus aviões-tanque, caças e bombardeiros americanos podem percorrer sem problemas os 3.800 km até a costa iraniana e o quanto mais for necessário sobre o país.
Veja a fortaleza nuclear de Fordow antes e depois do ataque


Imagens de satelite mostram a central nuclear subterrânea de Fordow, no Irã, antes e depois de se alvejada por seis superbombas neste domingo pelos EUA
– Maxar Technologies/AFP
Já Teerã não consegue atingir Diego Garcia com seus atuais mísseis balísticos, que têm alcance máximo de 2.000 km a 3.000 km.
Fonte.:Folha de S.Paulo