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26 de junho de 2025

Policiais civis e piloto da Copa Truck são presos em operação contra corrupção e vazamento de informações em SP

Policiais civis e piloto da Copa Truck são presos em operação contra corrupção e vazamento de informações em SP

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FRANCISCO LIMA NETO, ALINE MAZZO E TULIO KRUSE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois policiais civis e um empresário e piloto da Copa Truck, uma categoria do automobilismo com caminhões, foram presos na manhã desta quarta-feira (25) em operação contra um esquema de corrupção e vazamento de informações sigilosas envolvendo agentes públicos e particulares.

Os presos são os investigadores Sérgio Ricardo Ribeiro, Marcelo Marques de Souza (conhecido como Marcelo Bombom), que já estava detido, e o piloto Roberval de Andrade.

A defesa da Marcelo Bombom afirmou que não teve acesso aos autos e não vai se manifestar sobre o caso. A reportagem não localizou a defesa de Ribeiro e de Roberval.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que Ribeiro está sendo apresentado na Delegacia do Deinter 6, em Santos, e deverá passar por audiência de custódia nas próximas horas. “Ainda durante a operação, também foi cumprido um mandado de prisão e de busca e apreensão contra outro agente, que já se encontra detido. As investigações seguem sob sigilo para não comprometer o andamento dos trabalhos”, afirmou a pasta da segurança.

Segundo a PF, as apurações indicam que os investigados atuavam para favorecer ilegalmente pessoas investigadas em inquéritos criminais, mediante o pagamento de vantagens indevidas.

Entre os crimes apurados estão o arquivamento irregular de procedimentos policiais, o repasse clandestino de informações protegidas por sigilo e a intermediação ilícita e apresentação de documentos falsos para a restituição de bens apreendidos.

Além dos três mandados de prisão preventiva, são cumpridos nove mandados de busca e apreensão. As ordens foram expedidas pela Justiça de São Paulo.

Um dos episódios investigados envolve a tentativa de restituição de um helicóptero modelo Agusta AW109. A aeronave foi bloqueada pela Justiça junto a outros bens e recursos que podem somar R$ 12 milhões.

A operação, batizada de Augusta, é realizada em conjunto com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo e conta com o apoio da Polícia Militar e da Corregedoria da Polícia Civil.

Os investigados vão responder por crimes como corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, quebra de sigilo bancário e advocacia administrativa. As investigações seguem em andamento sob sigilo.

As investigações tiveram início a partir da quebra do sigilo telemático no telefone celular de Bombom, apreendido durante operação contra organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa.

Segundo a apuração, a análise mostrou conversas dele com o investigador Sérgio Ribeiro, do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), em que eles tratam de acordos para beneficiar amigos de Bombom.

Um desses amigos era o empresário e piloto Roberval. As mensagens indicam que ele teria pagado R$ 700 mil para que a Polícia Civil liberasse um helicóptero de propriedade de Roberval.

A aeronave havia sido apreendida em abril de 2022 sob suspeita de ter sido utilizada para o transporte de drogas, dinheiro e integrantes de facções criminosas. Roberval foi comunicado da devolução do helicóptero pelo próprio Bombom, em setembro daquele ano. Mensagens de áudio, trocadas entre os policiais civis nos anos de 2022 e 2023, falam em tomar dinheiro e em acordo para “melhorar a situação” de investigados.

A análise no celular do policial também apontou que os pagamentos tinham intermediação do advogado Anderson dos Santos Domingues. Os dois conversaram, também em mensagens de áudio, sobre pagamentos de comissão -segundo a investigação, ele recebeu dinheiro por intermediar a liberação do helicóptero.

Domingues já foi alvo de outra operação da Polícia Federal contra a facção PCC, a Mafiusi, que apontou um suposto esquema de tráfico internacional de cocaína por meio do porto de Paranaguá (PR) e de lavagem de dinheiro. Antes disso, em 2014, foi investigado pela PF sob suspeita de integrar organização criminosa.

Um filho do policial trabalhava no escritório de Domingues, segundo a investigação.

Promotores pediram a prisão de Domingues à Justiça estadual, que entendeu que havia indícios de que ele tenha praticado falsificação de documento, mas não o suficiente para afirmar que ele participou de outros crimes investigados. Foi autorizada a busca e apreensão nos endereços ligados ao advogado, mas não a prisão.

A reportagem entrou em contato com Domingues por meio de mensagens e não teve resposta até a publicação desta reportagem.
Bombom já havia sido preso em fevereiro, sob acusação de integrar o grupo de policiais civis que extorquia o empresário e delator Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

As prisões desta quarta são um desdobramento da Operação Tacitus, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPSP no início deste ano.

Essa investigação apontou um esquema de corrupção entre investigadores e empresários ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), descoberto a partir do assassinato de Gritzbach, em novembro do ano passado. Naquela ocasião, segundo denúncia apresentada pelo Gaeco, policiais responsáveis por investigar homicídios na capital paulista vislumbraram na morte de lideranças da facção criminosa a oportunidade de se apropriarem de bens e recursos provenientes de atividades criminosas.



Fonte. .Noticias ao Minuto

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