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26 de junho de 2025

PCC expande atuação no exterior, tem chefe do tráfico em Portugal e alcança 28 países

PCC expande atuação no exterior, tem chefe do tráfico em Portugal e alcança 28 países

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TULIO KRUSE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) não apenas expandiu como sofisticou suas operações em outros países em 2023 e 2024.

Antes os representantes do grupo no exterior se concentravam no apoio logístico ao tráfico de drogas internacional. Mas nos últimos dois anos eles passaram também a atuar na criação de redes de apoio a quem está preso em outros países e na montagem de esquemas próprios de tráfico em solo estrangeiro.

As informações são do promotor Lincoln Gakiya, coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo, que as apresentou durante o seminário internacional “Crime Organizado e Mercados Ilícitos no Brasil e na América Latina”, organizado pela Cátedra Oswaldo Aranha de Segurança e Defesa, da USP.

Segundo Gakiya, até o início do ano passado havia mais de 40 mil integrantes do grupo distribuídos por 28 países, incluindo o Brasil. O faturamento total da facção é estimado em cerca de R$ 1 bilhão por ano.

Alemanha, Irlanda, Turquia e Japão são os novos países onde o PCC foi detectado, em relação a um levantamento anterior divulgado no ano retrasado.

A lista de países foi obtida a partir da interceptação de mensagens de membros da facção criminosa. Segundo o promotor, os próprios criminosos fazem periodicamente uma espécie de censo para mapear onde estão os representantes da organização fora do país, e quantos são.

Um levantamento de dezembro de 2023, por exemplo, identificou a presença de 87 integrantes do PCC em Portugal, sendo que 29 estavam presos. O ritmo de expansão preocupou o promotor. O número representa mais do que o dobro de outro levantamento feito menos de um ano antes.

Além disso, os dados coletados pela promotoria aponta uma diversificação de funções: há em Portugal um chefe do PCC da “Sintonia do Progresso” local –ou seja, responsável pelo tráfico de drogas–, um responsável pelas armas da facção no país, e pelos membros presos em penitenciárias masculinas e femininas.

A presença desse chefe no país, para o promotor, indica que o PCC está interessado não apenas em vender drogas para máfias europeias, como ocorre há anos, mas também em montar seu próprio esquema de tráfico em Portugal.

Gakiya chamou afirmou que, ao contrário do Brasil, as penitenciárias portuguesas não têm serviços de inteligência para monitorar as comunicações dos presos, algo que é considerado fundamental para o combate ao crime organizado na América do Sul. “Se eu fosse português, estaria preocupado”, disse o promotor.
O levantamento também aponta fortalecimento do PCC nos países vizinhos ao Brasil. Na Argentina, o levantamento apontou 56 integrantes em 2023 –dos quais 26 estavam presos –, o que também representava um aumento de mais de 100% em cerca de um ano. Segundo o promotor, a expansão ocorre inclusive com estrangeiros sendo “batizados” -quando alguém passa formalmente a fazer parte da facção.

“O que eu acho mais preocupante é a capacidade de associação do PCC com outras organizações criminosas”, disse Gakiya. Ele ressalta que isso ocorreu mesmo em países onde há cartéis de drogas consolidados, sem que a facção tenha recorrido a disputas violentas, apenas por meio de cooperação comercial com outros narcotraficantes.

Um exemplo citado pelo promotor da crescente parceria da facção paulista com criminosos estrangeiros é a apreensão, em março, de um submersível com 6,5 toneladas de cocaína, próximo ao território português dos Açores. Havia três brasileiros, um colombiano e um espanhol na tripulação. O submersível teria zarpado do Amapá.

O Gaeco também já recebeu informações que apontam para a tentativa de abertura de uma nova rota de tráfico de cocaína, agora através do Caribe. O indício mais forte disso seria a passagem do traficante Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, na República Dominicana e no Panamá -informação que foi repassada ao Gaeco por serviços de inteligência estrangeiros, segundo o promotor.

Tuta era considerado um dos principais líderes do PCC em liberdade até sua prisão na Bolívia, no mês passado. Investigações também têm apontado, há alguns anos, a presença de outras lideranças do PCC no país.



Fonte. .Noticias ao Minuto

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