10:07 AM
27 de junho de 2025

De leite a insetos: o que mais causou reações alérgicas graves no Brasil

De leite a insetos: o que mais causou reações alérgicas graves no Brasil

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alergias e alergias. Algumas mais leves, com episódios de coceira ou rinite passageiras, outras com um desfecho potencialmente fatal. De alimentos e medicamentos a ferroadas de insetos, existe uma longa lista de substâncias capazes de detonar essa reação em pessoas predispostas. O maior temor, claro, é que elas desatem a chamada anafilaxia, uma pane no organismo que, entre outras coisas, pode travar a respiração.

De olho no perigo e no aumento de casos nos últimos anos, a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) mantém o Registro Brasileiro de Anafilaxia. Seu último levantamento, baseado em dados de 318 pacientes de 20 estados com uma média de idade de 27 anos, oferece um mapa do que leva pessoas a serem hospitalizadas, por vezes em estado crítico, devido a essa severa resposta alérgica. 

Alergias alimentares na liderança do ranking

O registro da Asbai contemplou brasileiros de 2 a 81 anos, internados em boa parte do país, a maioria mulheres e residentes na região Sudeste.

As reações exacerbadas a alimentos foram as principais causas de anafilaxia notificadas, correspondendo a 42,1% das hospitalizações. Na sequência aparecem as complicações desencadeadas por medicamentos (32,4%) e picadas de insetos (23,9%).

Alimentos mais associados a alergias graves

Entre os alimentos, os principais responsáveis pelos quadros graves foram o leite de vaca, com 12,9% dos casos, seguido de mariscos (6,9%), ovo (5,6%), trigo (3,1%) e amendoim (3,1%).

Vale esclarecer que nem toda pessoa com alergia, incluindo a alimentar, desenvolve esse tipo de reação após a ingestão de um alimento visto como “inimigo” pelo sistema imunológico. O problema, além disso, não está na comida em si, mas na forma como o organismo a interpreta.

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Embora a anafilaxia não seja algo tão prevalente, contudo, conhecê-la, bem como seus sinais, é importante para tomar as medidas adequadas a tempo diante de uma suspeita. Nesse sentido, exames de sangue e testes de provocação oral realizados em ambiente hospitalar são bem-vindos.

Medicamentos e insetos

Quase um terço dos quadros de anafilaxia registrados teve relação com algum remédio. Sim, eventualmente eles também podem disparar alergias. Agentes biológicos como anticorpos monoclonais lideraram a lista, com 10,4% dos episódios. Anti-inflamatórios, com 7,2%, e antibióticos, com 3,8%, também se destacaram nas estatísticas.

Em relação aos casos disparados após ferroadas de insetos, embora no senso comum associemos reações mais graves a picadas de abelha, as reações ao ataque de formigas atingiram um índice de 8,4% dos casos.

Entre outras causas de anafilaxia, mais raras, os especialistas citam aquelas associadas à alergia ao látex – 11 casos foram computados pelo registro nacional.

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Perfil das vítimas e dos atendimentos

O estudo da Asbai descobriu que 55% dos casos de anafilaxia entre crianças atingiram meninos, enquanto quase seis em cada dez casos na população adulta afetaram mulheres.

Um dos dados mais alarmantes do registro é o baixíssimo acesso das vítimas de alergias graves a um kit de emergência, capaz de salvar vidas. “Apesar do aumento de internações por anafilaxia, apenas 8,3% dos pacientes relataram que tinham acesso à caneta de adrenalina utilizada para estancar a reação”, diz a médica Fátima Rodrigues Fernandes, presidente da Asbai.

“Outro dado que nos chamou a atenção foi o aparecimento de novos alérgenos, como amendoim, banana e castanhas, entre crianças. Antes havia uma menor prevalência nessa faixa etária”, completa a alergista e imunologista.

O documento revela, ainda, que 96,2% dos pacientes com anafilaxia receberam algum tipo de tratamento, com uso de adrenalina em pelo menos metade dos casos, mas a administração do medicamento foi feita apenas em âmbito hospitalar em 42% dos episódios.

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O achado preocupa porque a demora na contenção da reação alérgica expõe crianças e adultos à necessidade de cuidados intensivos e inclusive à morte. No registro, 15 pacientes tiveram de ser intubados e 10 foram reanimados após parada cardiorrespiratória.

“O tratamento imediato de uma crise é baseado no uso da caneta de adrenalina. Ela evita o choque anafilático que, se não for controlado prontamente, coloca o paciente em risco de óbito”, ressalta Fernandes. “O problema é que, em nosso país, a caneta de adrenalina autoinjetável ainda não está disponível.”

O produto, hoje importado por algumas famílias, está sob avaliação para aprovação pela Anvisa. Os especialistas e pacientes esperam que esse cenário mude em breve. Há um projeto de lei que determina o fornecimento de canetas de adrenalina autoinjetáveis gratuitamente pelo SUS. Da mesma forma, outro projeto de lei foca na notificação obrigatória dos quadros de anafilaxia em todo o Brasil.

“Infelizmente os casos ainda são subdiagnosticados, inclusive porque existe uma lacuna na rede pública no acesso a especialistas em alergia”, expõe Fernandes.

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Sintomas da anafilaxia

A anafilaxia é uma reação alérgica grave que pode atingir diversos sistemas do organismo. As manifestações variam, mas, em geral, o quadro é denunciado por:

  • Coceira intensa;
  • Inchaço nos lábios, na língua e em outros cantos do rosto ou corpo;
  • Dificuldade para respirar;
  • Náusea;
  • Queda de pressão;
  • Aceleração dos batimentos cardíacos;
  • Tontura;
  • Desmaio.

O maior perigo é o quadro evoluir para um choque anafilático, situação em que não só a garganta pode ficar ocluída, comprometendo a respiração, como vasos sanguíneos e outras estruturas do organismo também são atingidas.

Isso reforça a necessidade de procurar ajuda médica diante de qualquer suspeita e, de preferência, ter acesso a um kit de emergência com caneta de adrenalina para brecar a progressão do problema.

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Fonte.:Saúde Abril

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