
- Author, Paul Adams e Jessica Rawnsley
- Role, BBC News
Uma nuvem de fumaça pairava sobre Kiev na manhã desta sexta-feira (04/07), após uma noite de intensos ataques russos que atingiram quase todos os distritos da capital da Ucrânia, de acordo com as autoridades do país.
As horas de escuridão foram mais uma vez marcadas pelo barulho de armas de defesa aérea, zumbidos de drones e grandes explosões. A Ucrânia disse que a Rússia disparou um número recorde de 550 drones e 11 mísseis durante a longa noite de bombardeio.
Os ataques aconteceram horas depois de um telefonema entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, após o qual Trump disse que estava “decepcionado” por Putin não estar pronto para acabar com a guerra contra a Ucrânia.
Uma mulher foi morta na Rússia após ataques de drones ucranianos, segundo autoridades.
O governador interino da região de Rostov, no sul da Rússia, disse que ela foi morta em um ataque a um vilarejo não muito longe da fronteira com a Ucrânia.
Os ataques aéreos da Rússia durante a noite bateram outro recorde, segundo a Força Aérea da Ucrânia, com 72 dos 550 drones penetrando as defesas aéreas — acima do recorde anterior de 537 lançados na noite do último sábado.
Os alertas de ataques aéreos soaram por mais de oito horas, à medida que várias ondas de ataques atingiam Kiev, o “principal alvo dos ataques”, informou a Força Aérea no aplicativo de mensagens Telegram.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou o que classificou como um dos ataques mais “demonstrativamente significativos e cínicos” da guerra, descrevendo uma “noite dura e sem dormir”.
Observando que o ataque ocorreu logo após o telefonema entre Putin e Trump, Zelensky acrescentou em uma postagem no Telegram: “A Rússia mais uma vez demonstra que não pretende acabar com a guerra”.
Ele pediu aos aliados internacionais — particularmente aos EUA — que aumentassem a pressão sobre Moscou e impusessem sanções mais severas.
Vídeos compartilhados nas redes sociais pelo serviço de emergência estatal da Ucrânia mostram bombeiros lutando para apagar incêndios em Kiev após o ataque em larga escala da Rússia durante a noite.
Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas nos ataques a Kiev, de acordo com as autoridades ucranianas. A infraestrutura ferroviária foi danificada, enquanto escolas, prédios e carros foram incendiados em toda a capital. O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radosław Sikorski, disse que a embaixada polonesa também foi danificada.
Os ataques russos atingiram ainda as regiões de Sumy, Kharkiv e Chernihiv.

Crédito, Reuters
Os ataques desta sexta-feira foram os mais recentes em uma série de grandes ataques aéreos russos na Ucrânia que se intensificaram nas últimas semanas, à medida que as negociações de cessar-fogo estagnaram.
A guerra na Ucrânia está em andamento há mais de três anos, desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala em fevereiro de 2022.
Após sua conversa com Putin na quinta-feira (03/07), Trump disse que não havia sido feito “nenhum avanço” para acabar com o conflito.
“Estou muito decepcionado com a conversa que tive hoje com o presidente Putin, porque não acho que ele esteja pronto, e estou muito decepcionado”, declarou o presidente americano.
“Só estou dizendo que não acho que ele esteja pensando em parar, e isso é uma pena.”
O Kremlin reiterou que continuaria buscando eliminar “as causas fundamentais da guerra na Ucrânia”. Putin tem tentado fazer a Ucrânia voltar à esfera de influência da Rússia, e disse na semana passada que “toda a Ucrânia é nossa”.
Em resposta aos comentários de Trump nesta sexta-feira, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse à BBC que, enquanto não for possível garantir os objetivos da Rússia por meios político-diplomáticos, “continuaremos nossa Operação Militar Especial” — termo usado pela Rússia para a invasão.
Enquanto isso, Zelensky disse que esperava conversar com Trump na quinta-feira sobre o fornecimento de armas dos EUA, após a decisão de Washington de suspender algumas remessas de armas essenciais para a Ucrânia, incluindo aquelas usadas para defesa aérea.
Kiev alertou que a medida impediria sua capacidade de defender a Ucrânia contra a escalada de ataques aéreos e os avanços russos nas linhas de frente de combate.
Em conversa com jornalistas, Trump disse que “estamos dando armas” e “não” interrompemos completamente o fluxo de armas. Ele culpou o ex-presidente Joe Biden por “esvaziar todo o nosso país fornecendo armas, e precisamos garantir que temos o suficiente para nós mesmos”.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL