
Crédito, Emmanuel Lafont/ BBC
- Author, Zaria Gorvett
- Role, BBC Future
Dois animais rodeavam um ao outro, avaliando seus corpos robustos e sem pelos. Com dentes-de-sabre afiados como facas de cortar carne, garras perfurantes e a pele tão grossa quanto a de um rinoceronte, eles abrem suas mandíbulas em quase 90 graus e lançam-se à batalha.
No lado direito do corpo de um dos animais, os dentes do outro se cravam perfurando a couraça do adversário num golpe de cima para baixo. Em uma fração de segundos, tudo acabou. Afundando suas presas de 12,7 centímetros no focinho quadrado do oponente, como agulhas quentes na cera, o responsável pelo ataque conquistou a vitória.
Toda essa história descrita realmente aconteceu — ou algo muito parecido. Em um dia ensolarado do mês de março de 2021, cerca de um quarto de bilhão de anos depois, Julien Benoit recebeu um recipiente comum, e um pedido para que ele desse uma olhada.
Ele estava trabalhando em um escritório agradável e bem arejado no Museu de História Natural, em Cape Town, na África do Sul, para onde tinha sido convidado a visitar as coleções de fósseis da universidade local.
O recipiente era uma caixa de papelão muito antiga e simples. “Não tinha sido aberta há pelo menos 30 anos”, conta Benoit, professor associado de estudos evolutivos da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo.
Dentro da caixa havia vários ossos, incluindo inúmeros crânios, muitos dos quais haviam sido mal identificados. Enquanto ele os organizava e reclassificava — atribuindo a eles espécies extintas há muito tempo — percebeu um pequena superfície brilhante.
“Foi um momento emocionante. Imediatamente soube o que eu estava vendo”, disse Benoit.

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Com um sorriso largo, ele foi visitar sua colega e pediu emprestado o microscópio dela para olhar mais de perto.
A superfície brilhante pertencia a um dente. Este era pontiagudo e redondo, e estava cravado no crânio de outro animal, provavelmente um membro da mesma espécie.
Benoit acredita que duas criaturas do tamanho de lobos estavam lutando por dominância antes que um de seus dentes menores se partisse.
Mas aquele não era um dente de um dinossauro qualquer. Era um artefato de um mundo há muito tempo esquecido, imortalizado na pedra muito antes do Tiranossauro Rex, Espinossauro ou do Velociraptor existirem.
O crânio pertencia a uma espécie não identificada de gorgonopsídeo, um grupo de predadores ágeis que rondavam a Terra há cerca de 250 a 260 milhões de anos, perseguindo grandes presas e arrancando pedaços de carne para engoli-los inteiros.
Esse era o período Permiano, uma era obscura da história geológica, quando o planeta era dominado por criaturas gigantes e horripilantes que corriam com um gingado característico e, às vezes, se deliciavam comendo tubarões.
Durante esse pesadelo vivo, ocasionalmente havia mais carnívoros na Terra do que presas para eles comerem.
Um mundo estranho
O período Permiano começou há cerca de 299 a 251 milhões de anos, quando toda a massa terrestre se uniu em uma única porção no formato de coelho — o supercontinente Pangeia —, cercado por um vasto oceano global chamado Pantalassa.
Foi uma era de extremos. Começou com a Era do Gelo, que transformou a metade sul do continente em um bloco contínuo de gelo e prendeu tanta água que o nível dos oceanos caiu até 120 metros.
Quando esse congelamento terminou, o supercontinente foi gradualmente esquentando e secando. Com uma extensão tão vasta de terra, o interior não se beneficiava dos efeitos do resfriamento ou umidificação dos oceanos, criando áreas desérticas.
Em meados do período Permiano, a Pangeia central era majoritariamente um deserto pontilhado por coníferas, ocasionalmente interrompido por áreas inundadas. Algumas partes eram praticamente inabitáveis, chegando a registrar temperaturas de até 73 graus Celsius — quente o suficiente para assar lentamente um peru.
“Havia bastante terra árida, mas, ainda assim, mais umidade nas bordas, e, certamente, nos hemisférios norte e sul havia bastante vegetação”, disse Paul Wignail, professor de paleoambientes na Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Depois, rumo ao fim do período Permiano, todo o planeta se aqueceu abruptamente cerca de 10 graus Celsius — aproximadamente o dobro do pior cenário atual, caso as emissões de gases de efeito estufa continuem a aumentar de forma descontrolada.
Isso preparou o terreno para a maior extinção em massa da história da Terra e para as condições nas quais os dinossauros prosperariam.
Mas durante essa era, a evolução do Tiranossauro Rex ainda estava distante. Na verdade, a maioria dos dinossauros icônicos que conhecemos hoje em dia estavam tão distante de existir no período Permiano quanto nós estamos do tempo deles.
Assim, os maiores animais terrestres eram os sinapsídeos — um grupo peculiar com uma variedade de formatos e características corporais, desde os Cotylorhynchus, semelhantes a uma salamandra com uma cabeça estranhamente minúscula e porte de um alce pequeno, até o engraçado Estemmenosuchus, que lembrava um hipopótamo usando um chapéu de festa de papel machê.
Os sinapsídeos
Os sinapsídeos compartilhavam seu mundo com uma variedade de outras criaturas excêntricas da vida selvagem. Os céus eram dominados por insetos semelhantes a libélulas, os Meganeuropsis, do tamanho de patos.
Na água, haviam anfíbios carnívoros de aproximadamente 10 metros de comprimento, com focinhos longos parecidos com os dos crocodilos. Enquanto isso, os oceanos eram patrulhados por misteriosos peixes semelhantes a tubarões que tinham “serras” circulares e dentadas em sua boca.
Acredita-se que o Helicoprion usavam seu aparato brutal para abrir conchas de amonites e cortar os corpos das presas grandes, e que se moviam rapidamente.
“Havia tantas criaturas estranhas e malucas… acho que isso só destaca o quão vibrante aquela época era”, diz Suresh Singh, pesquisadora visitante na Escola de Ciências da Terra da Universidade de Bristol, no Reino Unido.
Na verdade, essa foi a primeira vez que animais de quatro patas conseguiram viver inteiramente em terra firme. Antes do período Permiano veio a Era dos Anfíbios, quando a maioria das espécies ainda dependia da água por pelo menos uma parte de suas vidas, explica Singh.
Mas os sinapsídeos tinham uma grande vantagem sobre os anfíbios: eles podiam incubar seus filhotes dentro de seus próprios corpos ou botar ovos grandes que retinham sua própria umidade. Eles basicamente carregavam uma “lagoa particular”, o que eliminava a dependência de lagos ou rios para se reproduzir.
O grupo também desenvolveu impermeabilização em seus corpos, o que lhes permitia viver em uma ampla variedade de ambientes.
Embora alguns dos primeiros sinapsídeos tivessem escamas, acredita-se que outros tinham pele dura e sem cobertura. No geral, eram animais de sangue frio, que se moviam devagar, mas que, ainda assim, encontraram uma forma de conseguir sua refeição favorita: carne.
Pioneiros do terror
De volta ao período Permiano, os sinapsídeos eram completamente diferentes de tudo que existiu antes. E uma das características que realmente os diferenciavam da concorrência era a quantidade de dentes na boca.
Se a dieta de um animal exigisse esmagar, mastigar, rasgar ou cortar pedaços de comida — frequentemente carne — essas criaturas estavam bem preparadas para a tarefa.
Em vez de possuírem muitos dentes no formato semelhante aos de seus ancestrais, eles tinham um verdadeiro canivete suíço na boca, de incisivos a caninos.
“Os herbívoros comiam uma grande variedade de plantas que forneciam mais nutrientes”, diz Singh. Isso permitiu que eles desenvolvessem corpos maiores, o que, por sua vez, significava mais calorias para os carnívoros — e permitia que eles também crescessem.
“Os sinapsídeos ficavam grandes muito rapidamente”, afirma Singh. Logo, a Pangeia estava cheia de predadores.
Foi nesse cenário que surgiu o Dimetrodon, o equivalente do período Permiano ao dragão-de-komodo. Esses animais eram três vezes e meia maiores que seus parentes modernos, pesando até 250 quilos e sendo um tanto mais imponentes — com grandes “velas” que se estendiam ao longo de suas costas.
Esses predadores de topo da cadeia alimentar percorreram as áreas mais pantanosas da Pangeia por dez milhões de anos, comendo tudo que conseguiam abocanhar, desde pequenos répteis e anfíbios até sinapsídeos gigantes e com corpo em forma de barril, como o Cotylorhynchus.
Em um local do Texas, paleontólogos descobriram que havia 8,5 vezes mais Dimetodon do que grandes animais de presa, uma proporção que sugere uma preponderância de predadores se comparado ao que se encontra em cadeias alimentares modernas.
A título de comparação, em uma reserva de caça particular na África do Sul hoje, uma leoa pode matar cerca de 16 presas grandes por ano.
Essa misteriosa “escassez de carne” na terra foi resolvida, contudo, quando os cientistas descobriram dentes do predador com “vela” misturados aos esqueletos dos tubarões Xenacanthus. O Dimetrodon estava preenchendo as lacunas de sua dieta caçando os enormes peixes de água doce — e vice-versa.
Perto dos restos do Xenacanthus, os pesquisadores encontraram ossos de Dimetrodon que tinham sido mastigados pelos tubarões.

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Mas uma das características do Dimetrodon intriga os cientistas há séculos: para que serviam as espinhas em forma de “velas” em suas costas?
Em 1886, o paleontólogo Edward Drinker Cope sugeriu que uma característica similar em um parente próximo do gênero poderia ter funcionado como uma verdadeira vela de barco. Cope especulava que os animais usavam as “velas” para navegar em lagos, impulsionados pelo vento. Mas Cope estava errado.
A teoria seguinte propunha que a vela dos Dimetrodon funcionava como um painel solar, ajudando esses animais a se esquentar rapidamente para poder caçar suas presas. Mas as leis da física também derrubaram essa hipótese.
Usando o tamanho do Dimetrodon para estimar sua taxa metabólica, os pesquisadores calcularam que as velas seriam inúteis para termorregulação, especialmente nos animais menores. Na verdade, as velas poderiam colocar algumas espécies de Dimetrodon em risco de uma hipotermia, ao dissipar calor do corpo.
Hoje, acredita-se que essas velas tinham uma função no namoro, ajudando os monstros a atrair parceiros.
À medida que o período Permiano avançava, também evoluíam os hábitos alimentares do Dimetrodon. Se no início eles caçavam presas que eram menores ou do mesmo tamanho deles, eventualmente eles se tornaram criaturas mais ambiciosas, caçando presas cada vez maiores.
E, mais uma vez, os dentes faziam tudo: as espécies posteriores de Dimetrodon tinham dentes serrilhados e curvos, ideais para agarrar e rasgar a carne das presas que não podiam ser engolidas inteiras. Além disso, eles podiam substituir os dentes quebrados ou perdidos — uma enorme vantagem para quem precisa dilacerar pedaços duros de carne.
Mas apesar dos dentes serrilhados, o Dimetrodon nunca chegou a desenvolver todo o equipamento necessário para aproveitar de forma eficiente a nova abundância de presas grandes, explica Singh.
Segundo ela, o que os super-carnívoros do período Permiano realmente precisavam eram mandíbulas mais largas. Isso criaria mais espaço para a inserção de músculos, permitindo uma mordida mais poderosa.
E isso deixou uma lacuna no “mercado”. Outros consumidores de carne ficaram mais do que felizes em preenchê-la.
Predadores ágeis
O maior predador do período Permiano foi o Anteossauro. Parecendo um mutante de um tigre com um hipopótamo, ele podia crescer até 6 metros de comprimento, com um apetite à altura.
“É um verdadeiro prêmio [quando você escava um], porque não são muito comuns”, diz Julien Benoit.
Com mandíbulas musculares, braços e dentes poderosos capazes de esmagar ossos, esses carnívoros dominantes reinaram sobre a Pangeia há cerca de 260 e 265 milhões de anos.
Para completar seu visual intimidador e destacar seus dentes enormes, o Anteossauro tinha cristas ósseas nos crânios, acima das órbitas oculares, lembrando as orelhas de um gato grande.
“Eles deviam ser super assustadores de se ver…é o mais próximo que se tem de um Tiranossauro Rex no período Permiano”, diz Benoit.
“A cabeça, no geral, é bem desenhada para matar animais grandes e esmagar seus ossos”, completa.
Os predadores eram surpreendentemente rápidos. Em 2021, Benoit e os colegas examinaram o interior do ouvido de um Anteossauro, colocando o crânio de um indivíduo jovem em um tomógrafo.
Essa região é frequentemente adaptada para o equilíbrio em caçadores ágeis, e os pesquisadores descobriram que, nesses indivíduos, ela era radicalmente diferente de outros sinápsidos.
Benoit compara essas únicas adaptações dos predadores às dos guepardos ou do Velociraptor. “É algo muito, muito especial. Está muito bem desenvolvido.”
A equipe também encontrou características no cérebro que indicam que o Anteossauro tinha uma habilidade impressionante para estabilizar o olhar. “Isso significa que, quando ele olhava para uma presa, ele não parava de persegui-la”, disse.
Mas a supremacia do Anteossauro foi curta — ele desapareceu em uma extinção em massa há cerca de 260 milhões de anos. Logo depois, foi a vez dos gorgonopsianos, os mais poderosos do grupo Inostrancevia.

Crédito, Emmanuel Lafont/ BBC
Com dentes-de-sabre e crânio de até 70 centímetros de comprimento, o Inostrancevia era um caçador rápido e dinâmico, com um estilo de ataque semelhante ao de ursos polares.
“Se você incluir a raiz, os dentes podiam medir entre 20 e 30 centímetros”, diz Christian Kammerer, pesquisador e curador de paleontologia no Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte.
Há pouca evidência sobre como era sua pele, mas com base nos fragmentos de fósseis encontrados de outros sinápsidos, Kammerer acredita que eles tinham uma pele espessa, semelhante a de um rinoceronte.
Ser devorado por um desses predadores do período Permiano teria sido um destino abrupto e horrível.
Assim como o crânio do gorgonopsiano estudado por Benoit, fósseis de Inostrancevia foram encontrados na bacia do Karoo, na África do Sul, logo ao sul do deserto do Kalahari, que já revelou milhares de fósseis do período Permiano.
Hoje, o Karoo é uma vasta extensão de planícies secas do tamanho da Alemanha, conhecida como a “terra da sede”. Mas, há 250 milhões de anos, a região era relativamente exuberante — centrada em torno de um mar interior alimentado por uma rede de rios.
“Havia samambaias e cavalinhas e tipos primitivos de gimnospermas como pinheiros, ginkgos. Nesse ponto do tempo, não havia plantas com flores, então nada de flores, nem grama de qualquer tipo”, diz Kammerer.
Nesse ambiente pré-histórico, grandes presas eram abundantes. Enormes rebanhos de dicinodontes — herbívoros semelhantes a hipopótamos — percorriam a paisagem ao lado de pareiassaurus, répteis colossais e fortemente blindados.
Segundo Kammerer, o primeiro sinal de perigo para esses herbívoros era provavelmente um Inostrancevia saltando por trás de uma colina. Com base em suas proporções corporais, ele acredita que esses predadores eram especialistas em emboscadas.
Após uma breve perseguição, o Inostrancevia provavelmente subjugava a presa com os membros anteriores e finalizava com suas mandíbulas poderosas e dentes-de-sabre — possivelmente usando-as para evisceração. Então, eles arrancavam pedaços de carne e os engoliam inteiros.
“Eles eram incapazes de mastigar”, diz Kammerer.

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O Inostrancevia podia se dar ao luxo de ser um pouco mais descuidado. Ao contrário dos tigres-dentes-de-sabre, que habitaram o mundo bem mais recentemente, e talvez até tenham convivido com seres humanos, o Inostrancevia poderia facilmente substituir dentes quebrados ou perdidos, como fazem os tubarões e muitos répteis.
“[Fósseis] de tigres-dente-de-sabre, que foram encontrados com presas quebradas, muitas vezes nos levam a crer que eles morreram de fome por causa disso”, diz Kammerer.
Mas, apesar de todas as suas adaptações como caçadores de elite, Kammerer acredita que a própria presença do Inostrancevia na África do Sul era um sinal sombrio — um presságio da maior extinção em massa da história da Terra. Isso porque, ao que tudo indica, eles não deveriam estar ali.
Até recentemente, todos os fósseis de Inostrancevia descobertos tinham sido encontrados na Rússia, que, mesmo no período Permiano, ficava do outro lado do mundo em relação ao Karoo — separados por uma jornada de 11.265 quilômetros de distância através do inóspito centro da Pangeia.
Acreditava-se, assim, que a África do Sul era povoada exclusivamente por outros gorgonopsianos menores, como os “mordedores de face” estudados por Benoit.
Mas isso mudou há cerca de uma década, quando um coletor de fósseis encontrou um Inostrancevia no Karoo. Kammerer ficou intrigado. “Eu imediatamente pensei, como isso está aqui?”.
A Grande morte
Hoje, uma pista permanece na forma das armadilhas Siberianas, uma região de cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados, feita inteiramente de rocha basáltica.
Essa área foi formada no fim do período Permiano, durante uma época de intensa atividade vulcânica que expeliu cerca de 10 trilhões de toneladas de lava.
Acredita-se que isso tenha aumentado os níveis de dióxido de carbono na atmosfera da Terra para cerca de 8 mil partes por milhão, comparado com aproximadamente 425 partes por milhão hoje em dia.
Pouco tempo depois, a temperatura global aumentou drasticamente, levando à extinção de milhares de espécies na terra e nos oceanos. Durante a chamada “Grande Morte”, ou a extinção em massa do período Permiano-Triássico, cerca de 90% de toda a vida foi extinta.
“Nós acreditamos que o mundo ficou incrivelmente quente, provavelmente o mais quente que esteve no último bilhão de anos”, disse Wignall. Isso não apenas tornou a sobrevivência em terra difícil, mas foi particularmente catastrófico para a vida aquática.
“O efeito de um planeta muito quente foi desacelerar ou estagnar os oceanos, então, basicamente, eles perderam o oxigênio em grande parte da coluna d’água. Sem oxigênio dissolvido na água, as coisas morrem”, explicou.
Mas, ao contrário dos filmes, esse evento de fim do mundo não aconteceu instantaneamente. “Acho que quando as pessoas pensam em extinções em massa, muitas vezes pensam na que eliminou os dinossauros… um asteroide atinge a Terra, vaporiza tudo ao redor e então levanta uma nuvem de poeira — e há um inverno nuclear por muito tempo”, diz Kammerer.
A extinção do período Permiano, por outro lado, se desenrolou ao longo de centenas de anos.
Os sobreviventes da extinção
Agora sabemos que os gorgonopsianos, que originalmente habitavam a região do Karoo, foram extintos silenciosamente muito antes da Grande Morte atingir seu auge. O Inostranvencia simplesmente cruzou a Pangeia para preencher o vazio deixado por esses predadores.
Segundo Kammerer, na bacia do Karoo, os ecossistemas começaram a se desestabilizar muito antes do principal pulso de extinção.
Os predadores estavam desaparecendo e sendo rapidamente substituídos por outros. E ele acredita que que isso traz uma lição importante para nós hoje em dia: estamos mais avançados na crise da extinção atual do que gostaríamos de admitir.
“Um exemplo disso está na América do Norte. Historicamente, tínhamos uma grande quantidade de mamíferos predadores de topo de cadeia, como ursos, pumas e lobos”, disse Kammerer.
Agora, na ausência deles, predadores que antes ocupavam posições intermediárias, como os coiotes, estão se tornando dominantes. “Eles estão expandindo agressivamente suas áreas, vivendo em várias regiões onde não viviam antes e assumindo o papel de predadores de topo”, afirma.
No fim, nem mesmo o Inostrancevia sobreviveu — ele foi extinto 251 milhões de anos atrás, junto com outros gorgonopsianos e a grande maioria de seus parentes sinápsidos.
Mas algumas espécies conseguiram continuar existindo, vivendo para aterrorizar a vida selvagem do período Triássico.
Hoje, os predadores sinápsidos ainda estão entre nós. Alguns dos sobreviventes da extinção do período Permiano evoluíram para ter aquecimento corporal próprio, pelos e a capacidade de alimentar seus filhotes com leite: os estranhos monstros do período Permiano são os ancestrais dos mamíferos vivos hoje em dia, incluindo os seres humanos.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL