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18 de agosto de 2025

Paiterey gente de verdade – 25/07/2025 – Txai Suruí

Paiterey gente de verdade – 25/07/2025 – Txai Suruí

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Antes da década de 1960 os paiter surui andavam tranquilos pelas florestas, tomavam banho nos rios sem se preocupar com mercúrio, veneno jogados pelo “yara-ey” nas plantas e nas águas, ouviam o canto dos pássaros e o soprar dos ventos nas copas das árvores.

Veio a década da destruição da floresta amazônica (1960) com o discurso de que a amazônia era um vazio demográfico e inicia a construção da BR-364, que como disse o grande chefe Itabira Surui a estrada era uma “grande cobra que ia engolindo os paiter surui e outros povos por onde passava” e devastava a floresta, extinguindo vários povos e dando seus territórios para os ditos “destemidos pioneiros”.

Em 7 de setembro de 1969 a Funai faz o primeiro contato oficial com o povo paiter surui levando junto missionários da igreja Batista e seus trabalhadores não indígenas, trazendo também a religião, doenças e mortes. Essa história agora será contada pelo nosso olhar.

A exposição “Paiter Surui, Gente de Verdade” inaugura hoje, neste sábado (26), às 10h, com a presença dos líderes paiter surui no Instituto Moreira Sales.

A exposição é um projeto do Coletivo Lakapoy com o IMS que tem a curadoria minha, Lahayda e Thiago Nogueira.

A exposição é composta pelo acervo reunido pelo coletivo em todo o território em diversas aldeias de fotos desde a época do contato até os dias atuais, fotos contemporâneas tiradas pelo primeiro fotógrafo profissional do povo Ubiratan Suruí, entrevista com líderes, influencer e comunicadores, e um vídeo do reencontro com fotos nossas do passado tiradas por antropólogos no contato.

A exposição é uma permissão ao público para que possa caminhar entre as histórias de vida e as transformações culturais proporcionadas diante da necessidade de aprender os códigos culturais de outra sociedade que os oprimia e nos desterritorializava, mas principalmente como conseguimos superar todas as mudanças e se manterem enquanto sociedade paiter surui.

A exposição fortalece a resistência dos paiter surui que na atualidade lutam contra exploração do garimpo ilegal e roubo de madeira e a pressão de diversas religiões fundamentalistas que provocam o etnocídio dentro dos territórios.

Olhar cada foto na parede traz à memória a resistência, mas também os momentos que cedemos diante da opressão, mas na foto seguinte resistimos e nos fortalecemos novamente na luta.

O visitante vai ter um encontro com os nossos líderes em vídeos importantes que estão dispostos nos troncos pintados com os grafismos do ritual “Mapimaí – A festa da criação do Mundo”, que foram feitos pelas mulheres e homem guarani mbya, que traz a nossa forma de ver como o mundo surgiu e com a cor do vermelho urucum consideramos a força e o poder de viver em harmonia com a natureza e assim unimos nosso povo aos guarani.

O nosso viver em dois mundos opostos como diz Neidinha Surui, se mostra na exposição, e o Instituto Moreira Salles junto com o Coletivo Lakapoy traz nossa memória em “clics” feitos pelos paiter surui e nas fotos retiradas dos álbuns de família e agora abertos ao público.


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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