Em sessão movimentada na Câmara Municipal de Cuiabá nesta quarta-feira (07), a vice-prefeita da capital, Vânia Rosa (Novo), e secretária de Mobilidade Urbana compareceu pessoalmente ao plenário para se defender de acusações feitas pela presidente da Casa de Leis Paula Calil (PL) e a vereadora Michelly Alencar (União Brasil), que alegou ter sido ignorada por Vânia em uma agenda institucional.
A vice-prefeita classificou a denúncia como “inverdade” e “difamação” pediu respeito entre os poderes. “Não aceito mais ser tratada com desdém e mentiras. Isso tem nome: assédio político. Tentam manchar minha imagem com acusações levianas. Estou sendo difamada publicamente por exercer meu papel de forma firme, mas ética”, disse Vânia, visivelmente exaltada.
O episódio começou após a vereadora afirmar que foi desconsiderada durante uma solenidade pública organizada pela prefeitura, na qual, segundo ela, Vânia não teria sequer cumprimentado os parlamentares presentes. Em resposta, a vice-prefeita usou a tribuna para rebater as críticas, alegando que jamais deixaria de tratar um membro do Legislativo com o devido respeito. “Eu faço política com diálogo, com responsabilidade. Jamais agi com desrespeito à vereadora Michelly, tampouco a qualquer outro membro desta Casa. Essa narrativa não condiz com a verdade e me surpreende que tenha vindo a público sem antes me procurar para esclarecer”, afirmou Vânia.
Segundo relatos de parlamentares da Câmara de Vereadores, Vânia teria feito ameaças diretas a integrantes do legislativo durante uma reunião a portas fechadas, acirrando a já conturbada relação entre o Executivo e o Legislativo da capital.
A presidente Paula Calil, afirmou que a vice-prefeita ignorou seu contato através do WhatsApp e não fez questão de retorná-la. Por sua vez, Vânia foi enfática e disse que no dia em que Paula foi à secretaria, ela não estava presente. …”Infelizmente, eu não estava presente. Então, não foi um não recebimento, é uma impossibilidade de estar eu pessoalmente recebendo a senhora, em razão de não estar na secretaria. […] Recebo, sim, todos os vereadores.Ontem, o vereador Marcrean passou por lá e foi recebido. Nunca, nunca, nunca deixei de receber ninguém… Mas nunca deixei de receber ninguém. Isso é uma inverdade, isso é uma difamação, codificada pelo código penal. Então isso é muito grave”, disparou a vice-prefeita.
Paula Calil disse que tentou contato com Vânia por telefone, mas não teve retorno e, por isso, decidiu ir pessoalmente à Semob — onde, segundo ela, não foi recebida. A vereadora ainda criticou o fato de Vânia não ter tentado remarcar a reunião após o episódio.
Após o discurso da vice-prefeita, Paula respondeu dizendo que nunca lhe faltou com respeito. “Em nenhum momento eu falei com desrespeito com a senhora. A senhora poderia, sim, ter feito uma ligação para saber o que eu estava fazendo lá e não me responder daquela maneira, pelo WhatsApp”, afirmou a presidente da Câmara.
A vice-prefeita, que recentemente tem se posicionado de forma mais incisiva em assuntos administrativos e políticos, teria reagido com hostilidade após críticas de vereadores à condução de programas e decisões da Prefeitura. O conteúdo das supostas ameaças ainda não foi oficialmente divulgado, mas fontes internas apontam que Vânia teria usado um tom intimidador, insinuando possíveis retaliações políticas.
A denúncia provocou indignação entre os parlamentares, que estudam uma resposta institucional à conduta da vice-prefeita. Alguns já falam em representação formal junto ao Ministério Público ou até na criação de uma comissão para apurar o episódio. “Esse tipo de postura é incompatível com a democracia e com o respeito entre os poderes”, disse um dos vereadores, sob condição de anonimato.
Outro lado
A vice-prefeita por meio de sua assessoria ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas aliados próximos negam qualquer ameaça e classificam o episódio como “tentativa de distorcer os fatos para criar uma crise política artificial”.
A presença da vice-prefeita acirrou os ânimos no plenário, gerando debates entre parlamentares da base e da oposição. Ao final, Vânia pediu que o clima institucional prevaleça e reforçou que está aberta ao diálogo com todos os vereadores. A vereadora Michelly, por sua vez, manteve sua posição e cobrou mais respeito aos mandatos eleitos democraticamente.
O clima de tensão evidencia o desgaste entre o Executivo municipal e a Câmara, em um momento decisivo para a cidade, que se aproxima das eleições municipais de 2024. A expectativa é de que o assunto ganhe novos desdobramentos nos próximos dias, com possíveis manifestações públicas de ambas as partes.
Fonte.: MT MAIS