8:05 PM
15 de agosto de 2025

Comida apimentada: O ingrediente picante que pode blindar coração e cérebro, segundo estudo

Comida apimentada: O ingrediente picante que pode blindar coração e cérebro, segundo estudo

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Uma dieta com a presença de doses moderadas de pimenta pode estar associada a um menor risco de doenças do coração e do cérebro.

As informações são de um novo estudo publicado no Chinese Journal of Epidemiology.

“Isso é plausível, uma vez que a pimenta contém a capsaicina, substância com efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, que pode ajudar na saúde dos vasos sanguíneos”, contextualiza a médica neurologista Ana Carolina Gomes, do Centro Especializado em Neurologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

“Porém, é importante lembrar que esse tipo de pesquisa observa associações, ou seja, não prova que a pimenta, por si só, seja a causa da proteção“, acrescenta.

A especialista pondera que outros hábitos de indivíduos que comem mais pimenta também podem ter influenciado nos resultados da pesquisa chinesa.

Além disso, ela não é para todo mundo. “Para algumas pessoas, o excesso de pimenta pode causar desconforto digestivo, azia ou piorar problemas gastrointestinais. Por isso, a recomendação é sempre o consumo moderado, respeitando a tolerância individual”, orienta a neurologista.

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O cardiologista Eduardo Lima, do Hospital Nove de Julho, recomenda cautela na interpretação dos dados apresentados.

“Em estudos retrospectivos pode ocorrer um viés de associação, por exemplo, quem comia pimenta poderia consumir menos sal, gordura ou tinha um estilo de vida diferente. É difícil nesse tipo de investigação com populações tão distintas dizer que o consumo da pimenta foi a causa da redução do risco dos problemas apontados”, pontua Lima.

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Por dentro do estudo

Para chegar aos resultados, os especialistas coletaram dados do projeto China Kadoorie Biobank, conduzido em Pengzhou, província de Sichuan.

Foram analisados fatores como frequência de consumo, tipo de alimento e nível de ardência associados a idade de início do consumo regular com o risco de doenças do coração e do cérebro.

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Ao todo, quase 55 mil participantes foram incluídos na análise retrospectiva, sendo que 49 mil consumiram alimentos picantes (quase 90% da amostra). Ao menos 68,6% dos voluntários incluíam o condimento em 6 ou 7 dias da semana.

Com as avaliações estatísticas, os experts concluíram que a dieta moderada com alimentos apimentados pode reduzir o risco de agravos cardíacos e cerebrais, além de cirrose hepática, considerando indivíduos de 30 a 79 anos de Sichuan.

O que a pimenta tem de especial?

A capsaicina, componente que dá o ardor à pimenta, ativa receptores presentes não só na boca, mas em nervos e em áreas do cérebro, como detalha a neurologista do Hospital Oswaldo Cruz.

“Essa ativação pode melhorar a circulação sanguínea, reduzir inflamações e, em estudos com animais, até estimular substâncias que favorecem a saúde das conexões entre os neurônios. Ainda é cedo para afirmar que esses mesmos efeitos acontecem em humanos, mas os mecanismos são biologicamente plausíveis”, afirma Gomes.

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E vale trazer para a discussão o coração também…

“Ela tem um efeito anti-inflamatório, antioxidante e vasodilatador, ou seja, faz com que os vasos relaxem, o que já foi observado em estudos”, frisa Lima. A médica ressalta, contudo, que o mais importante é observar como a pimenta está sendo agregada à dieta, cujas principais orientações são: diminuir a ingesta de gordura animal, reduzir o sódio e de carboidratos simples.

Comida para o cérebro

A ciência reúne evidências de que padrões alimentares equilibrados, ricos em vegetais, frutas, grãos integrais, castanhas e azeite de oliva, como a dieta mediterrânea, estão ligados a menor risco de declínio cognitivo e doenças neurodegenerativas.

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“Peixes ricos em ômega-3, alimentos ricos em fibras, frutas vermelhas e outras fontes de polifenóis, como chá-verde e cacau, também são aliados. Eles ajudam a controlar a inflamação, protegem os neurônios do estresse oxidativo e favorecem um microbioma intestinal saudável, que dialoga diretamente com o cérebro”, elenca Gomes.

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Vale ressaltar a importância do acompanhamento individual e especializado de um nutricionista antes de fazer de qualquer alimento o ponto central da sua dieta.

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Fonte.:Saúde Abril

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