
Crédito, Eva Marie Uzcategui/Bloomberg via Getty Images
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, votou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (14/8), em conversa com jornalistas na Casa Branca, em Washington.
“É realmente uma execução política que estão tentando fazer com o Bolsonaro”, criticou Trump sobre o processo em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado.
O ex-presidente está hoje em prisão domiciliar, após descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O presidente americano ainda chamou Bolsonaro de “honesto” e criticou a Justiça brasileira ao dizer que “há algumas leis muito ruins acontecendo”.
Trump fez o comentário ao ser questionado sobre as tarifas aplicadas a países da América Latina – e como isso pode levar a uma maior aproximação da região com a China.
O presidente americano respondeu dizendo não estar preocupado e voltou a atacar o Brasil:
“O Brasil tem sido um péssimo parceiro comercial em termos de tarifas — como você sabe, eles nos cobram tarifas enormes, muito, muito maiores do que as que cobramos, e, basicamente, nem estávamos cobrando nada”, disse.
Trump prosseguiu: “O Brasil tem nos tratado muito mal há muitos anos. Um dos piores países do mundo nesse aspecto. (…) Então, agora estão sendo cobrados 50% de tarifas, e não estão felizes, mas é assim que funciona”.
Quando anunciou as tarifas de 50% contra o Brasil em carta endereçada ao presidente Lula, Trump justificou a medida com argumentos de cunho político — citando o tratamento dado pelo Judiciário a Bolsonaro e a empresas de tecnologia dos EUA.
Esse tipo de justificativa não apareceu nas cartas divulgadas para outros países.
Nesta quinta, o presidente Lula fez novas críticas ao tarifaço, dizendo que “não vai ficar chorando”.
“Se os EUA não quiserem comprar, não vou ficar chorando, rastejando, vou procurar outros países e vamos seguir em frente. Eu aprendi a andar de cabeça erguida. Quero que este país seja respeitado. Se eu respeito o povo americano, ele tem que respeitar o povo brasileiro”, disse, segundo o jornal Folha de S.Paulo, durante evento em Pernambuco.
Além das tarifas, o governo dos EUA avançou sobre o Judiciário brasileiro ao revogar vistos de ministros do STF e aplicar a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes.
As sanções têm sido alvo de uma campanha intensa do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente que se mudou para os EUA para fazer pressão contra o julgamento do pai.
“A nossa liberdade vale mais do que a economia”, respondeu Eduardo Bolsonaro quando perguntado que recado daria aos brasileiros impactados pelas tarifas americanas
As tarifas dos EUA entraram em vigor no último dia 6 de agosto.
O Brasil tem aparecido com frequência em declarações de Trump, seja ao comentar as tarifas, o julgamento de Bolsonaro ou ainda criticar políticas e cidades do país.
Mas os números mostram que a capital brasileira é mais segura que cidades americanas, incluindo Washington.
O texto afirma que o Brasil tinha um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”, em referência à participação de médicos cubanos no programa entre 2013 e 2018.
O texto diz que aliados de Moraes “estão avisados para não apoiar nem facilitar” as ações do ministro, ressaltando que o governo americano “monitora a situação de perto”.
Diante da repercussão, o Itamaraty convocou, já na sexta-feira (8/8), o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, para uma reunião na sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Na sequência, novas mensagens do governo americano voltaram a fazer críticas a Moraes e ao Brasil, levando a respostas do governo Lula.
Apoio a Bolsonaro
Ainda em julho, no dia 17, Trump publicou carta fazendo críticas duras ao sistema de Justiça brasileiro.
A carta foi divulgada antes de Bolsonaro ser alvo de medidas cautelares e ser preso na sequência.
Na carta endereçada a Bolsonaro, Trump dizia:
“Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!
Não estou surpreso em vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país.
Compartilho seu compromisso de ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, vindos do atual governo.
Manifestei veementemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política tarifária.
É minha sincera esperança que o Governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar oponentes políticos e acabe com seu ridículo regime de censura. Estarei observando de perto.”
Bolsonaro é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a tentativa de golpe de Estado, além de outros crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro liderou uma organização criminosa armada destinada a desacreditar o sistema eleitoral e incitar ataques às instituições democráticas.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL