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15 de agosto de 2025

Delegado afirma que exames como teste de Covid-19, Sífilis e HIV eram falsificados sem nunca terem sidos feitos pelo biomédico

Delegado afirma que exames como teste de Covid-19, Sífilis e HIV eram falsificados sem nunca terem sidos feitos pelo biomédico

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Na manhã desta sexta-feira (15), a Polícia Civil deflagrou a Operação Contraprova, que apura um esquema de falsificação de resultados de exames médicos. O principal investigado, o biomédico Igor Phelipe Gardes Ferraz, foi preso preventivamente por sua atuação como responsável técnico em um laboratório que, conforme apontam as investigações, descartava amostras sem realizar qualquer análise e emitia laudos falsificados.

Durante entrevista concedida à imprensa,  o delegado titular da Decon, Rogério  Ferreira, destacou o descaso com a saúde dos pacientes. Em síntese, o que deveria ser um procedimento científico – coleta, análise e emissão de laudo – foi substituído por um esquema de simulação criminosa, onde os resultados eram falsificados sem nunca ter sido feitos. “As amostras coletadas dos pacientes eram descartadas sem qualquer realização das análises. O laboratório interno da empresa não estava em funiconamento  e que não havia um contrato  com uma empresa terceirizada  para a realização das análises que eram coletadas pelo laboratório ou entregues  por clínicas, hospitais ou outras empresas  para que esse laboratório fizesse   análise”, afirmou.

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Conforme o delegado, os pacientes realizaram exames cruciais como testes de Covid-19, toxicológicos e marcadores de doenças como sífilis, HIV e hepatites sem receber resultados confiáveis.

As instituições públicas e privadas, incluindo a Câmara e Prefeitura de Cuiabá, teriam sido atendidas erroneamente, em um quadro de fraude sistêmica.

Os envolvidos poderão responder por diversos crimes, incluindo estelionato, falsificação de documento particular, peculato e associação criminosa — com penas que podem chegar a 25 anos de prisão, além de multa.

“Um dos suspeitos  no caso que foi preso hoje falsificava os resultados dos laudos, colocava resultados dentro da normalidade”, disse o delegado Rogério.

Iniciada a partir de denúncia feita pela Vigilância Sanitária Municipal de Cuiabá, a investigação apontou que o laboratório, com unidades em Cuiabá, Sorriso e Sinop, não realizava exames internamente e nem encaminhava as amostras a terceiros, como afirmavam os responsáveis.

Entre as medidas judiciais executadas foram a  prisão preventiva do responsável técnico, busca e apreensão nos domicílios dos sócios e nas unidades da empresa, interdição judicial das três unidades, suspensão do registro biomédico do responsável técnico, encerramento de contratos com o setor público e proibição futura de contratar com órgãos públicos.

O servidor Igor foi nomeado assessor parlamentar externo na Câmara Municipal de Cuiabá, no gabinete do vereador Gustavo Padilha (PSB), em 6 de junho de 2025, com carga horária de 30 horas semanais e um salário de R$ 2.250,00. Após o início da operação, foi exonerado imediatamente nesta sexta (15).

O vereador Gustavo Padilha é suplente de Sargento Joelson (PSD), afastado em abril por determinação judicial em razão da Operação Perfídia, que investiga um esquema de cobrança de propina de R$ 250 mil de uma construtora para liberação de obras no Contorno Leste.

Durante a “Operação Contraprova”, policiais também encontraram nos documentos do laboratório anotações com diversos nomes de vereadores. O delegado Rogério da Silva Ferreira esclareceu que tal lista não implica necessariamente envolvimento dos parlamentares, mas pode indicar que o laboratório atendia aos gabinetes por meio de contrato com a Câmara.

A Câmara Municipal de Cuiabá, por meio de nota oficial, reafirmou que a contratação de Igor foi feita conforme a legislação vigente. Entretanto, diante dos fatos, determinou sua exoneração imediata e reforçou o compromisso com a transparência e legalidade, colocando-se à disposição para esclarecimentos.

Como funcionava o esquema

As apurações começaram em abril, após denúncia da Vigilância Sanitária. O laboratório, que atuava em Cuiabá, Sinop e Sorriso e realizava exames de covid-19, toxicológicos, de sífilis, HIV e hepatites, foi interditado. Ficou comprovado que:

Nem os exames eram feitos internamente, nem as amostras eram encaminhadas corretamente.

As amostras eram descartadas sem análise.

Laudos falsificados eram emitidos pelo biomédico responsável técnico, agora preso preventivamente.

Operação Contraprova

A Operação Contraprova expôs um escândalo com graves consequências para a saúde da população: exames jamais realizados foram formalmente atestados como válidos, enquanto as amostras eram descartadas. O flagrante conduzido pela Decon coloca em xeque a credibilidade de inúmeros laudos e desafia as instituições públicas que contrataram o serviço. A investigação segue em curso, e os impactos — tanto judiciais quanto sociais — ainda estão por vir.





Fonte.: MT MAIS

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