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- Author, Julia Braun
- Role, Da BBC Brasil em Londres
“Após a conclusão das reuniões, liguei para o presidente Putin e comecei a organizar uma reunião, em local a ser definido, entre o presidente Putin e o presidente Zelensky”, escreveu Trump em sua rede social Truth Social.
“Após essa reunião, teremos uma reunião trilateral, que seria composta pelos dois presidentes, além de mim.”
Um assessor de Putin confirmou posteriormente que Trump e Putin conversaram por 40 minutos por telefone.
Zelensky afirmou que ainda não há data confirmada para futuras negociações entre ele e o presidente russo, mas disse estar aberto para uma reunião.
“Se a Rússia propuser ao presidente dos Estados Unidos um encontro bilateral, veremos o resultado desse bilateral e, então, poderemos ter um encontro trilateral”, disse Zelensky a repórteres do lado de fora da Casa Branca, após a reunião.
“A Ucrânia jamais se deterá no caminho para a paz”, disse ele, acrescentando estar pronto para “qualquer formato”.
Um encontro entre Putin e Zelensky marcaria a primeira vez em que os dois se sentariam frente a frente em uma mesa de negociações desde o início da invasão em larga escala da Rússia em fevereiro de 2022.
Há meses, o líder ucraniano vem pressionando para se encontrar com Putin. Até então Moscou havia rejeitado repetidamente a ideia.
Após a reunião desta segunda na Casa Branca, o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, afirmou que “vale a pena explorar a possibilidade de elevar o nível de representantes” das delegações russa e ucraniana nas negociações.
O saldo da reunião na Casa Branca
Antes da reunião expandida com a presença dos demais líderes europeus, Zelensky e Trump participaram de um encontro bilateral na Casa Branca.
O presidente ucraniano disse que foi a “melhor” reunião que já teve com seu homólogo americano, acrescentando que as conversas foram “construtivas” e “específicas”. Ele também disse ter mostrado a Trump “muitos detalhes” em um mapa do campo de batalha.
Com base no que os dois disseram desde então, a reunião parece ter se concentrado em discussões para estabelecer garantias de segurança para a Ucrânia e marcar a reunião trilateral entre Zelensky, Trump e Putin.

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Após seu encontro bilateral, Trump e Zelensky se reuniram com os demais sete líderes europeus: o chanceler alemão, Friedrich Merz; o presidente francês, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer; a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; o presidente da Finlândia, Alexander Stubb; o secretário-geral da Otan, Mark Rutte; e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Durante as conversas, Trump pareceu descartar a necessidade de um cessar-fogo antes que as negociações para encerrar a guerra pudessem ocorrer.
No passado, essa foi uma das principais exigências da Ucrânia, que deixou claro que vê o fim dos conflitos como um pré-requisito para novas negociações com a Rússia e, em última análise, para um acordo de longo prazo.
Um cessar-fogo também poderia ser mais fácil de ser alcançado do que um acordo de paz completo, o que levaria muitos meses de negociações, durante os quais os ataques russos à Ucrânia provavelmente continuariam.
“Não sei se é necessário”, disse Trump sobre um cessar-fogo.
Mas os líderes europeus pareceram reagir, com a refutação mais contundente vindo do chanceler alemão, Friedrich Merz.
“Não consigo imaginar que a próxima reunião ocorra sem um cessar-fogo”, disse Merz. “Então, vamos trabalhar nisso e tentar pressionar a Rússia.”
Por sua vez, Zelensky não reiterou seus apelos anteriores para que um cessar-fogo fosse estabelecido.

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Acenando para as possibilidades, Trump prometeu garantias de segurança para a Ucrânia, mas não ficou claro de que forma essa proteção seria garantida, se liderada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ou se poderá contar com outro envolvimento americano.
O tema é considerado primordial para a Ucrânia e para a Europa. “Acredito que as nações europeias vão assumir grande parte do fardo”, disse Trump sobre as garantias. “Vamos ajudá-las.”
Ao que parece, qualquer futuro acordo de paz permanente deverá conter algum tipo de garantia de segurança, seja na forma de envio pelos EUA e Europa de tropas terrestres para manutenção da paz ou patrulhas aéreas e marítimas ou por meio de contribuições com inteligência e logística. Segundo analistas, Donald Trump deve preferir as duas últimas possibilidades.
Em entrevista coletiva após as reuniões, Zelensky afirmou que parte da garantia de segurança envolveria um acordo de armas de US$ 90 bilhões entre os EUA e a Ucrânia.
Ele afirmou que o pacto incluiria armas americanas que a Ucrânia não possui, incluindo sistemas de aviação, sistemas antimísseis “e outras coisas que não divulgarei”.
Zelensky também afirmou que os EUA comprariam drones ucranianos, o que ajudaria a financiar a produção nacional desses veículos não tripulados.
O presidente ucraniano disse ainda que as garantias de segurança para Kiev provavelmente seriam definidas em 10 dias.
Um encontro mais cordial
Antes da reunião começar, ainda no Salão Oval, o presidente ucraniano disse “obrigado” a Trump e ao governo americano seis vezes nos primeiros minutos em que falou.
Na visita anterior, Zelensky havia sido repreendido pelo vice-presidente J.D. Vance por supostamente não demonstrar gratidão suficiente pelo apoio dos EUA à Ucrânia durante a guerra.
Trump, por sua vez, agradeceu a Zelensky por estar nos EUA e disse que “progressos estão sendo feitos” para pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
O presidente ucraniano entregou então uma carta de sua esposa, Olena Zelenska, para a primeira-dama americana, Melania Trump, agradecendo a ela por seus esforços empenhados em trazer de volta para casa as crianças ucranianas mantidas na Rússia.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL