Não é muito frequente nos deparamos com um restaurante em que o salão está lotado de comensais satisfeitos à mesa, elogiando os pratos, comendo com prazer. Mas no Braseiro da Gávea costuma ser assim. A churrascaria, inaugurada há 30 anos no epicentro do movimentado Baixo Gávea (BG, para os íntimos), é para onde rumam cariocas esfomeados, que sabem exatamente o que vão encontrar: um ambiente agradável e pratos fartos e bem preparados. Comida sem frufru, genuinamente simples —o que não é tarefa das mais fáceis.
Referência em assados na brasa, o Braseiro é daqueles lugares que não se rendem a modismos e também não se esforçam para criar ambientes fotogênicos.
Bonito mesmo é o espeto de linguiça (R$ 9,50, cada um) que circula pelo salão —e os garçons parecem saber disso, pois o exibem com orgulho. Tostada por fora e com a quantidade necessária de gordura para não esturricar, é a entrada de maior sucesso. Começar por ela é um ritual entre os habitués da casa.
Também faz parte da experiência de quem costuma ir ao restaurante/botequim pedir um chope (R$ 10) para tomar em pé, do lado de fora, enquanto espera a mesa vagar. O lugar vive cheio, muito em função de seu prato-ícone, a picanha ao braseiro (R$ 230), que chega ladeada por arroz de brócolis, batata frita, farofa de ovos com banana e molho à campanha (vinagrete), pedido que alimenta três pessoas tranquilamente.
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Aqui vale uma exaltação aos acompanhamentos. Longe de serem meros coadjuvantes, brilham por si e são coerentes com a excelência da carne, que já é servida fatiada, no ponto exato que você solicitar. Se pedir ao ponto para mal passada, ela vem ao ponto para mal passada. Nem mais, nem menos. Não tem erro.
As batatas são cortadas em palitos grossos, da largura de um dedo (ou delicadamente finas, caso a opção seja pela versão à portuguesa); o arroz de brócolis é de um verde homogêneo, de sabor acentuado e sapecado com algumas bem-vindas azeitonas pretas, inteiras e sem o caroço. O molho à campanha é feito somente com tomate e cebola cortados em cubos pequenos. Já os ovos da farofa vêm em alguns pedaços grandes, como na carioquíssima à Dolabella, outros menores, numa mistura equilibrada e nem um pouco seca, com a banana cumprindo o seu papel de dar uma adoçadinha de leve.
O circuito dos mais queridos da churrascaria é gabaritado se você provar o coração de galinha (R$ 45), com 23 unidades (eu contei), servidas em duas fileiras numa bandeja de inox. Firmes sem serem borrachudos, com gosto de brasa, são dos melhores da cidade.
É por essas e outras (as opções de almoço executivo, com pratos entre R$ 45 e R$ 60, por exemplo), que o Braseiro vive cheio. Cariocas, em sua maioria, formam uma clientela cativa, que não abandonou o restaurante nem quando ele viveu sua pior fase.
Em 2015, a Vigilância Sanitária interditou a casa após constatar falta de higiene no ambiente interno e na manipulação de alimentos, de acordo com um comunicado da Secretaria Municipal de Saúde. Seus donos aproveitaram o fechamento involuntário para fazer uma reforma geral, e reabriram seis meses depois. No dia de reestreia já tinha uma ansiosa fila de clientes na porta, à espera do retorno das atividades
Fonte.:Folha de São Paulo