A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) acionou o conselho de ética e disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra Felipe Santa Cruz, ex-presidente da entidade. O pedido ocorreu após ele comemorar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No requerimento, a parlamentar pede abertura de processo ético-disciplinar. Ela sustenta que Santa Cruz, atual secretário de Governo do prefeito Eduardo Paes (PSD), usou expressões ofensivas e incitou violência política.
Na publicação em rede social, Santa Cruz chamou Bolsonaro de “merda que matou tantos na pandemia”. Escreveu ainda: “que os mortos o assombrem”. Em seguida, acrescentou: “Traição aos cânones democráticos. No meu mundo ideal seria pena de morte. Bala na nuca!”.
Segundo Damares, “tais declarações configuram incitação à violência política, apologia e desrespeito à dignidade da advocacia, especialmente considerando que o advogado é ex-presidente da OAB Federal”.
Felipe Santa Cruz protagonizou atritos ao longo da gestão de Bolsonaro
O caso expõe uma rivalidade de anos. Bolsonaro e Santa Cruz se enfrentaram diversas vezes entre 2019 e 2022. O estopim ocorreu quando o então presidente criticou a atuação da OAB no caso de Adélio Bispo, autor do ataque a faca em Juiz de Fora. Em reação, Santa Cruz levou a disputa ao Supremo Tribunal Federal.
As tensões cresceram meses depois. Bolsonaro disse que poderia explicar a Santa Cruz como o pai dele havia desaparecido durante a ditadura militar. A declaração gerou forte reação política e pessoal.
Fernando Augusto de Santa Cruz de Oliveira desapareceu em fevereiro de 1974. Ele tinha 26 anos, era estudante de Direito e militante da Ação Popular Marxista-Leninista. Foi detido por agentes do DOI-Codi no Rio de Janeiro, junto com o amigo Eduardo Collier, e nunca mais apareceu.
No episódio mais recente, Santa Cruz voltou a usar tom duro. Ele classificou o dia da prisão de Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, como “de festa”. Em entrevistas posteriores, tentou esclarecer: “É óbvio que é uma figura de linguagem, não defendo o tiro na cabeça de ninguém”.
A trajetória de Santa Cruz inclui a presidência da OAB Federal e cargos na política do Rio. Ele tentou se eleger vereador em 2004, pelo PT, mas não obteve sucesso. Desde 2022, é filiado ao PSD e ocupa posição estratégica na gestão municipal.
Fonte. Gazeta do Povo
