Na manhã desta quarta-feira (20) agentes da Polícia Civil, com o auxílio de cães farejadores, localizaram o corpo de José Wallefe dos Santos Lins, de 28 anos, apontado como líder da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) em Maceió (AL), em uma vala isolada, área de mata no Residencial Isabel Campos, em Várzea Grande. O local, segundo a polícia, é usado frequentemente como ponto de desova por criminosos ligados a facções.

Segundo a polícia, o local é de difícil acesso, cercado por vegetação densa e terreno acidentado, o que teria dificultado o trabalho até mesmo dos cães. O cadáver apresentava marcas visíveis de violência e sinais de que foi amarrado, características que lembram métodos usados em disputas internas da facção.

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) chegou ao local após receber uma denúncia anônima sobre odores estranhos e um possível enterro clandestino. Após a localização, o corpo foi removido ao Instituto Médico Legal (IML), onde passará por necropsia e exames de identificação, como arcada dentária ou DNA.

Policiais que participam da investigação avaliam duas linhas principais de investigação: uma vingança interna relacionada ao crime organizado, e outra execução por disputa territorial ou descumprimento de ordens da cúpula do PCC. Ainda não foram identificadas testemunhas diretas, e a perícia está colhendo impressões digitais e analisando possíveis pertences encontrados no local.

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José Wallefe havia sido sequestrado no dia 9 de agosto junto com a esposa, Ariane da Silva Cerqueira, de 27 anos, e o filho do casal, de apenas 1 ano de idade. O sequestro foi orquestrado por membros da facção rival Comando Vermelho (CV), que atua no estado em conflito direto com o PCC.

Ariane e o bebê foram encontrados no dia 13 de agosto em uma operação da Polícia Militar, após denúncia. A mulher estava com ferimentos graves e o braço direito fraturado, enquanto a criança foi resgatada sem ferimentos aparentes. A jovem Gabrielly Silva de Jesus, amiga da família que também foi levada pelos criminosos, ainda está desaparecida.

O corpo de José Wallefe foi localizado após 11 dias de buscas, graças a uma denúncia anônima recebida no dia 14, informando a presença de corpos enterrados em uma área de mata. Equipes da Polícia Civil de Mato Grosso, com apoio da perícia, encontraram a vala e confirmaram que se tratava do líder do PCC, com base em características físicas, tatuagens e registros criminais.

Histórico criminoso e alvo de facção rival

José Wallefe tinha mais de sete passagens criminais, incluindo homicídios, e era apontado como figura de destaque dentro da organização criminosa em Alagoas. O envolvimento dele com o PCC e sua posição de liderança teriam sido os principais motivadores para o ataque promovido pelo CV.

A área onde o corpo foi encontrado é considerada estratégica para o tráfico e tem histórico de confrontos entre facções, o que reforça a linha de investigação sobre a guerra territorial entre as organizações criminosas.

A Polícia Civil segue com diligências para localizar Gabrielly Silva de Jesus e identificar os responsáveis pelo sequestro, tortura e execução de José Wallefe. Os investigadores apuram ainda se há outros corpos enterrados na região da Lagoa do Arcanjo.

A cúpula do PCC não se pronunciou, e a polícia mantém sigilo sobre detalhes investigativos.

A população pode colaborar com informações de forma anônima pelo Disque-Denúncia 181.