10:04 PM
21 de agosto de 2025

Mais de 2,5 bilhões de exames foram feitos no Brasil em 2024. Podemos comemorar?

Mais de 2,5 bilhões de exames foram feitos no Brasil em 2024. Podemos comemorar?

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Ao longo de 2024, mais de 2,5 bilhões de exames diagnósticos foram realizados no Brasil — 1,34 bilhão no Sistema Único de Saúde (SUS) e 1,19 bilhão na rede privada de medicina diagnóstica. Na média, é como se cada brasileiro tivesse realizado quase um exame por mês, dos testes de sangue aos de imagem.

O dado foi divulgado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), na sétima edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico. O documento foi lançado nesta quinta-feira (21) durante o Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (Filis), realizado em São Paulo.

Em coletiva de imprensa, representantes dos principais laboratórios privados de medicina diagnóstica discutiram o montante, que representou um recorde entre os membros da Abramed.

“Praticamente nove a cada dez exames realizados no sistema suplementar foram realizados por redes que são membros da Abramed”, afirma Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, que inclui redes como Dasa, Fleury, Grupo Sabin, entre outros associados.

Uma grande quantidade de exames, no entanto, não significa necessariamente um acesso mais amplo ao diagnóstico de doenças ou um melhor aproveitamento dos resultados. Essa foi a principal discussão levantada por representantes dos grupos associados à entidade em evento com jornalistas realizado no início de agosto no Hospital Sírio-Libanês.

“Temos visto o crescimento solicitações exageradas de exames, o chamado overuse. São pedidos que pouco contribuem para melhora clínica do paciente”, critica a cardiologista Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury.

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Além disso, o acesso a exames diagnósticos é desigual no país. “Ao mesmo tempo, uma grande parcela da população brasileira segue desassistida, distante de laboratórios que prestem esses serviços”, pondera a bioquímica Lídia Abdalla, presidente-executiva do Grupo Sabin.

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Entre o excesso e a escassez

A discussão sobre o crescimento de exames realizados está diretamente relacionada à sustentabilidade dos sistemas de saúde.

“O processo diagnóstico envolve toda a cadeia da atenção primária a terciária”, explica Tsutsui. “É um processo que está presente em todo o raciocínio clínico, da anamnese e do exame físico, que muitas vezes precisa ser complementado com o exame laboratorial e de imagem — também fundamentais na tomada de decisão sobre o tratamento do paciente.”

Por ser uma área de atuação tão ampla, é necessário pensar bem onde investir. Por um lado, investimentos no diagnóstico precoce e na medicina de precisão são capazes de gerar uma grande economia no tratamento dos pacientes e na redução de afastamentos do trabalho por motivos de saúde.

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Por outro, há também a preocupação com o desperdício de gastos com exames repetitivos e que não agregam resultados no tratamento dos pacientes, como a verificação excessivas de vitaminas que não tem impacto algum na saúde do sujeito — como é discutido na reportagem Dieta à base de exames, publica na edição de agosto de VEJA SAÚDE.

“É fundamental que os resultados sejam bem utilizados. Já está bem demonstrado que o diagnóstico precoce, no caso do rastreamento do câncer de mama e colorretal, por exemplo, podem diminuir em quase 20% o custo do tratamento, e é nisso que devemos investir”, ressalta a CEO do Grupo Fleury.

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Para a cardiologista e gestora, o essencial é que sejam definidos e seguidos protocolos baseados em evidência para que o paciente tenha resultados mais assertivos e o sistema consiga atende de forma mais rápida a população.

A farmacêutica e bioquímica Lídia Abdalla sinaliza também que, para que os sistemas de saúde tenham mais agilidade e eficiência, o compartilhamento de dados sobre o paciente precisa ser uma prioridade.

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“Já temos algumas iniciativas de interoperabilidade entre os sistemas públicos e privados que podem servir de exemplo e serem ampliados. Isso dá um enorme ganho quando se trata de integrar resultados em radiologia, genômica e oncologia, por exemplo”, exemplifica a CEO do Grupo Sabin.

Além disso, a especialista reforça que muitas pessoas ainda necessitam carecem de diagnósticos básicos. “Quase metade dos diabéticos, por exemplo, não sabem que tem a doença, que é facilmente diagnosticada por em exame de glicemia. Um exame simples e barato que pode prevenir complicações como o aumento do risco de doenças cardiovasculares e perda de visão”, destaca Abdalla. “Muita gente também está no caminho de se tornar diabética e pode prevenir a doença a partir do conhecimento sobre sua atual condição.”

 

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Fonte.:Saúde Abril

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