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22 de agosto de 2025

Comidas típicas celebram 70 anos de imigração taiwanesa – 22/08/2025 – Comida

Comidas típicas celebram 70 anos de imigração taiwanesa – 22/08/2025 – Comida

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Não é raro que um ocidental coloque China e Taiwan no mesmo balaio —mas os imigrantes taiwaneses, que comemoram 70 anos de Brasil no próximo dia 25, fazem questão de separar as duas culturas.

As diferenças se devem à história desta pequena ilha autônoma do tamanho de Sergipe, a 180 km da costa chinesa, onde o mandarim é o idioma oficial. Por ter sido colônia japonesa entre 1895 e 1945, Taiwan mantém a gastronomia de base chinesa, mas com forte influência do Japão.

Outras particularidades são explicadas pela geografia. São quase 1.600 km de litoral, o que põe peixes e frutos do mar como protagonistas à mesa. O clima tropical garante a fartura de vegetais, especialmente frutas.

Toda essa diversidade gastronômica será apresentada aos paulistanos no dia 23, em um festival que fará parte da celebração dos 70 anos de imigração. A partir das 12h30, 20 barracas serão montadas no Edifício Hakka, na Liberdade.

Segundo a organização, poucos expositores são profissionais —quase todos são voluntários, imigrantes ou descendentes, que vão apresentar receitas de família.

Macarrão com ostras, bolo de nabo, arroz adocicado com carne suína ao molho de soja, bolinho de polvo, bubble tea (bebida à base de chá, leite e esferas de tapioca) e sopa de feijão-verde são alguns dos pedidos que estarão à venda, com preços entre R$ 20 e R$ 45.

Algumas receitas são bem exóticas. É o caso do taiyang bing, o biscoito do sol, de massa folhada e recheio de pasta de malte doce —símbolo da confeitaria taiwanesa. Ele acompanha o chá e costuma ser dado de presente.

Já o bolo de tartaruga vermelha, feito de arroz glutinoso e recheado de pasta de feijão doce, é moldado no formato do animal e simboliza longevidade e prosperidade.

Uma das barracas estará a cargo de Li Wei Yeh, que adotou o nome de Viviane quando chegou ao Brasil, 15 anos atrás. Ela e o sócio Jimmy Hsu vão vender um pão macio, tipo brioche, coberto com carne crocante. Trata-se de pernil suíno cozido, desfiado e temperado, que passa por desidratação até ficar parecido com nossa paçoca de carne.

“Em Taiwan, comemos até no café da manhã, mas também pode ser consumido como snack, tempero para sushi, temaki e risoto”, conta Hsu.

A comunidade taiwanesa radicada no país não é grande. Segundo o Escritório Econômico e Cultural de Taipé no Brasil, são 60 mil pessoas, grupo que inclui segunda e terceira gerações.

Apesar do Brasil não ter relações diplomáticas com Taiwan —o Itamaraty segue desde 1974 o princípio de “uma só China“, que exige que países com relações diplomáticas com o gigante asiático não reconheçam a ilha como um Estado independente— Taipé mantém dois escritórios por aqui, um em Brasília e outro em São Paulo, para promover assuntos comerciais e culturais.

Um dos pioneiros da chegada ao Brasil foi o médico Yang Yu-Chi, que desembarcou no Rio de Janeiro em 25 de agosto de 1955. Viajou de avião, fato raro então, e veio estimulado pela numerosa comunidade japonesa que já vivia no país.

Na carona, vieram seus três filhos e mais seis famílias presbiterianas, que se estabeleceram em Mogi das Cruzes (SP) e deram início ao cultivo de cogumelos na região, até hoje uma das maiores produtoras do país.

Ao longo das décadas seguintes, a cultura gastronômica taiwanesa ficou praticamente restrita aos lares, mas já é possível conhecer, em São Paulo, um pouco dos pratos típicos da ilha.

No Mapu, na Vila Mariana, a especialidade é a comida de rua. A casa pertence a Duílio Lin, filho da imigrante Jasmine Chen, ex-chef do templo budista Zu Lai. O lugar começou como barraca itinerante, virou food truck e, desde 2019, tem endereço fixo.

“Meu avô era sushiman em Taiwan, mas a comida da minha casa sempre foi mais próxima da chinesa popular do sudeste. Shoyu, gengibre, cebolinha, alho, anis-estrelado e pimentas são muito presentes”, explica Lin.

Baos com cinco opções de recheios (R$ 35) e pratos para compartilhar, como a berinjela empanada com molho de missô e shoyu (R$ 40), são a base do menu, a cargo dos chefs Caio Yokota e Victor Valadão. Para adoçar, tem verrine de manga e sagu com leite de coco e calda de chá de jasmim (R$ 28).

Desde 2023, o trio também está à frente de um segundo endereço, o Aiô, este dedicado a receitas autorais ancoradas nas tradições taiwanesas. Para que os chefs fizessem uma imersão no tema, Lin levou os dois para duas temporadas na ilha natal de seus pais.

“Vi muita influência japonesa, como o consumo de pescados crus e os estabelecimentos especializados em lámen. Nas feiras, a qualidade dos vegetais é chocante”, conta Yokota.

A viagem resultou em receitas criativas, que não abrem mão da forte conexão com a ilha. Bom exemplo é a sobremesa texturas de Taiwan (R$ 32). “As raspadinhas são uma tradição por lá. Fizemos uma versão de cupuaçu com flor de sabugueiro, pobá, avelã e coco”, Valadão afirma. “Quanto mais a gente pesquisa, mais se sente confortável para conectar a cultura taiwanesa com o que temos no Brasil.”

70 Anos de Imigração Taiwanesa

Quando: 23 de agosto

Onde: Salão Diamante do Edifício Hakka (R. São Joaquim, 460, Liberdade)

Quanto:Grátis

Horários:

11h30 – Inauguração da exposição de artefatos da imigração

12h30 – Festival gastronômico taiwanês

13h30 – Apresentações culturais


Mapu Baos e Comidinhas

R. Áurea, 267, Vila Mariana, região sul, tel. (11) 5081-4070, mapurestaurante.com.br


Aiô

R. Áurea, 307, Vila Mariana, região sul, tel. (11) 5083-4778, aiorestaurante.com.br



Fonte.:Folha de São Paulo

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