Mais de 99% dos casos de malária no Brasil são registrados na região amazônica, segundo o Ministério da Saúde. A infecção é provocada pelo parasito do gênero Plasmodium, presente em fêmeas de mosquitos Anopheles (popularmente conhecido como mosquito-prego).
Uma das diversas consequências perigosas das mudanças climáticas envolve o ciclo da doença. Até então praticamente restrito às áreas de floresta, o agravo pode se aproximar de ambientes urbanos com a introdução de um novo vetor no país, a espécie Anopheles stephensi, originária da Ásia.
O alerta é de um novo estudo da Faculdade de Saúde Pública (FSP) e do Grupo de Estudos em Saúde Planetária Brasil (SPBr) do Instituto de Estudos Avançados (IEA), ambos da Universidade de São Paulo (USP). Os achados foram publicados no periódico Scientific Reports e divulgados pelo Jornal da USP.
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Características do mosquito
No Brasil, o vetor principal da malária é o mosquito da espécie Anopheles darlingi, encontrado, principalmente, em regiões de matas.
O ciclo de transmissão funciona assim: o inseto pica uma pessoa infectada por plasmódios, adquirindo os parasitos que causam a enfermidade. A doença é passada adiante quando o mesmo mosquito pica outros indivíduos, inoculando micro-organismos nocivos no sangue.
Por que o Anopheles stephensi preocupa? Segundo a pesquisa, a espécie já foi detectada em cerca de 14 países, demonstrando rápida expansão. Além disso, as semelhanças climáticas entre as regiões afetadas e o Brasil demonstram que o país pode ser afetado.
O anofelino estudado deposita seus ovos em recipientes com acúmulo de água, como pneus e caixas d’água. Lembra um velho conhecido, transmissor de dengue, Zika e chikungunya?
Segundo o estudo, a disseminação das formas adultas ocorre principalmente através do transporte de cargas em navios e de fluxos de vento. Essas características preocupam, considerando a movimentação dos portos nacionais e comércio com países onde o vetor se encontra.
A malária tem tratamento eficaz e cura. Contudo, pode evoluir para formas graves se não for diagnosticada e cuidada de forma oportuna e adequada.
(*Texto adaptado com informações de Yasmin Constante, estagiária do Jornal da USP sob orientação de Tabita Said)
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Fonte.:Saúde Abril