A Polícia Civil prendeu um homem nesta segunda-feira (25), suspeito de ameaçar o youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca. O Tribunal de Justiça de São Paulo expediu o mandado e a PC efetuou a prisão em Olinda, Pernambuco.

O suspeito foi identificado como Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 21 anos, e foi localizado após a Justiça determinar que o Google Brasil quebrasse o sigilo de dados de um e-mail usado para enviar as ameaças. Segundo a polícia, Cayo lucra com a venda de vídeos e fotos de vítimas de estupro virtual.

O suspeito estava acompanhado de outro homem no momento da prisão, identificado apenas como Paulo Vinícius. Um computador estava aberto na tela de acesso à plataforma de Segurança Pública de Pernambuco.

A polícia levou Cayo Lucas à delegacia e apresentará o outro homem à autoridade policial, sob suspeita de invasão de dispositivo informático, em situação de flagrante, crime previsto no artigo 154-A do Código Penal. As defesas de Cayo Lucas e Paulo Vinícius não foram localizadas.

As ameaças foram enviadas no dia 16 de agosto. Em um dos e-mails, enviado às 5h30, o remetente diz “você acha que vai ficar impune por denunciar o Hytalo Santos. Você está enganado, você vai ferrar muito sua vida. Prepara pra morrer. Você vai pagar com a sua vida”. Um segundo e-mail, enviado às 8h05 pelo mesmo remetente, Felca é chamado de “macaco branco” e novas ameaças foram feitas.

Após vídeo da Adultização, Felca recebeu ameaças por email e contratou seguranças

Felca revelou que, após receber ameaças, passou a se proteger com carro blindado e seguranças em São Paulo. O vídeo sobre adultização tem 50 minutos e apresenta denúncias contra influenciadores que exploram imagens de menores.

A publicação passa dos 48 milhões de visualizações. Felca explica como o algoritmo favorece a exposição de crianças a públicos inadequados. Ele destaca que, muitas vezes, os pais incentivam esse consumo, contribuindo para o problema.

Felca é natural de Londrina, Paraná, e mora atualmente em São Paulo. Seu canal no YouTube possui mais de 5,23 milhões de inscritos, e o Instagram, mais de 13,7 milhões de seguidores. Ele ganhou notoriedade com vídeos de reacts e conteúdo humorístico, além de reportagens investigativas sobre redes sociais.

Denúncias geraram abertura de CPI e aprovação de lei contra adultização

Após o vídeo de Felca, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2628/2022. O texto fixa novas regras para ampliar a proteção de crianças e adolescentes nas plataformas digitais. A matéria segue em análise do Senado. Entre outras medidas, o texto prevê uma ferramenta que permitirá aos pais e responsáveis legais a capacidade de gerenciar as configurações de privacidade e a conta da criança ou do adolescente.

Na quarta-feira (20) o Senado aprovou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Adultização, destinada a investigar crimes cometidos contra crianças e adolescentes, incluindo denúncias de pedofilia e abuso on-line. Ao todo, 11 membros titulares e 7 suplentes compõem a CPI, que terá prazo de 180 dias e limite de despesa de R$ 400 mil.

O vídeo de Felca também denunciou o influenciador Hytalo Santos e seu parceiro, Israel Nata Vicente. Eles foram detidos em Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo, na sexta-feira (15). O Ministério Público da Paraíba (MP-PB) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) investigam Hytalo por exploração e exposição de menores em conteúdos nas redes sociais.