Uma nova pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada na segunda-feira, 25, revela que homens jovens e negros são os que mais morrem de forma violenta, corroborando dados de outros estudos, enquanto as mulheres de idade semelhante são as principais vítimas de agressões.
O levantamento mostra que 73% dos óbitos por causas externas — incluindo fatores como violência ou acidentes — ocorrem entre os jovens negros. A mortalidade do grupo é oito vezes maior do que a das mulheres mais novas.
Homens entre 20 e 24 anos são os mais atingidos, com 390 vidas perdidas para cada 100 mil habitantes. Para ter ideia, na população em geral, o índice é de menos de 150 mortes.
Os achados pontuam ainda que a faixa etária traz mais risco do que a geografia. A localização do município em regiões metropolitanas, por exemplo, está menos relacionada ao risco de morte por violência do que a idade.
Os indicadores encontrados no levantamento foram calculados a partir de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É extremamente necessário trazer dados e reflexões sobre como a violência se apresenta de maneira distinta em relação à idade, gênero, raça e localização geográfica. Isto ajuda a compreender como agressões e acidentes são associados às condições de vida e trabalho das juventudes brasileiras”, destaca a sanitarista Bianca Leandro, pesquisadora da Fiocruz.
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Outros recortes do estudo
A pesquisa destaca que a juventude preta e parda representa mais da metade (54,1%) das vítimas notificadas de mortes por causas externas.
Entre esse grupo populacional, o risco de falecer por violências e acidentes chega a 227,5 para cada 100 mil habitantes, índice que é 22% maior que a taxa do conjunto da população jovem (185,5).
As taxas de mortalidade por causas externas para negros de 15 a 19 anos ficam em 161,8 óbitos para cada 100 mil habitantes.
Já o maior número de vítimas das violências notificadas pelo SUS é de mulheres, tanto em termos proporcionais como na taxa de incidência. A análise revelou que o cenário é igual em todos os estados e no Distrito Federal, principalmente entre a faixa de 15 a 19 anos.
De acordo com a análise, o sexismo aparece como a motivação mais frequente de atos violentos contra jovens nas notificações, correspondendo a 23,7% dos casos. Essa motivação é mais frequente nas brutalidades sofridas por pessoas de 25 a 29 anos.
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Conjunto de evidências
Diversos estudos brasileiros confirmam que negros morrem mais do que brancos por diversas causas.
O Boletim Çarê, do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), mostra que homens negros morrem 4 vezes mais do que brancos em vias públicas por disparos de arma de fogo. Com mulheres o cenário é semelhante.
No período de 2010 e 2021, negros com idade entre 18 e 24 anos apresentaram taxas de mortalidade significativamente superiores em comparação com seus pares brancos, segundo a pesquisa do IEPS.
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Fonte.:Saúde Abril