7:00 AM
10 de setembro de 2025

Monark volta ao Brasil e revela gasto milionário com a Justiça

Monark volta ao Brasil e revela gasto milionário com a Justiça

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Alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) conduzidos por Alexandre de Moraes e de um processo criminal ajuizado pelo também ministro da Corte Flávio Dino – quando este era membro do governo Lula –, o influenciador Monark deixou o Brasil em setembro de 2023 alegando perseguição política.

No entanto, Monark – que é um crítico contundente dos excessos do Judiciário, sobretudo do Supremo – decidiu voltar ao Brasil em julho deste ano, mas só agora tornou público seu retorno. Morando em São Paulo, ele segue buscando provar judicialmente que as denúncias contra si extrapolam a lei e ferem a liberdade de expressão. Todas elas têm a ver com falas públicas na internet.

Em um dos processos, Monark foi condenado em primeira instância a um ano de prisão por ter chamado Flávio Dino de “gordola autoritário” durante um podcast em maio de 2023. A fala tinha a ver com uma crítica ao então ministro do governo Lula sobre suas investidas pela regulação das redes sociais. A defesa recorreu da decisão, e o processo segue em andamento.

Já em relação aos inquéritos conduzidos por Moraes, Monark é investigado por suposta incitação dos protestos violentos no dia 8 de janeiro de 2023 por causa de uma publicação no X. O relatório final da Polícia Federal (PF) entregue ao STF, entretanto, não cita o nome de Monark. Mesmo assim, o influenciador permaneceu sob investigação.

No outro inquérito, ele é acusado de ter “disseminado fake news sobre o processo eleitoral brasileiro” por, em 2022, ter questionado a lisura das urnas eletrônicas e classificado ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – na época presidido por Alexandre de Moraes – como “tirânicos”.

Além de ter sido investigado e multado R$ 300 mil, o influenciador teve todos os seus canais digitais bloqueados por ordem de Moraes, o que impactou diretamente sua renda. Agora, de volta ao Brasil, Monark revela que apenas em custos de defesa e pagamento de multas determinadas pela Justiça, já gastou valor próximo a R$ 1,5 milhão.

À Gazeta do Povo, ele conta com exclusividade os motivos pelos quais decidiu retornar ao Brasil e revela os impactos das ofensivas judiciais das quais foi alvo.

Gazeta do Povo: Há poucos meses você expôs, nas redes sociais, a preocupação com um eventual retorno ao Brasil por conta do ambiente judicial hostil. O que o fez mudar de ideia?

Monark: Meu pedido de Green Card foi negado e me deu um desânimo, sabe? E lá nos Estados Unidos eu estava muito sozinho também. Então pensei em voltar no Brasil, onde eu fiz a minha vida e todo mundo me conhece, e estar mais perto das pessoas.

Apesar de gostar bastante de vários princípios americanos, não é minha cultura, não me adaptei. Eu prefiro a vida no Brasil do que nos Estados Unidos. E aqui eu tenho trabalho, estou conversando com vocês, me sinto útil de alguma forma, sabe? 

Como estão os processos que você responde à Justiça? 

Monark: Bom, tem os inquéritos, que o Alexandre de Moraes me incluiu em várias coisas. Mas o problema desses inquéritos é que eles não seguem muito as normas jurídicas, né? Então pode acontecer qualquer coisa.

E o outro processo [ajuizado por Flávio Dino], recorremos e está em andamento. Não tem uma condenação ainda.

Quanto aproximadamente você já gastou para se defender nesses processos e também com as multas?

Monark: Juntando tudo, mais de R$ 1,3 milhão. Sobre a multa, fiquei com R$ 300 mil congelados no meu aplicativo do banco [em agosto de 2023, após decisão de Moraes]. Foi aí que eu percebi que o sistema viria com tudo para cima, e que eu não estava lidando com um formato democrático, digamos assim.

Eles congelaram esse valor, mas fora isso eu posso criar conta em banco. Tenho uma conta internacional também… Então, nesse sentido não é igual ao Alexandre de Moraes, que está bloqueado por tudo com a Lei Magnitsky – o que é irônico até.

Falando nas retaliações dos EUA ao STF e, mais especificamente, ao Moraes, essa reação norte-americana muda algo para você?

Monark: Eu acho que o Trump tem interesses diversos. De qualquer forma, o Alexandre de Moraes tendo que lidar com a Lei Magnitsky e outras coisas acaba fazendo com que ele não tome atitudes mais agressivas que poderia tomar. Então ele acaba tendo que jogar mais recuado, um pouco na defensiva para evitar ataques externos.

Mas pessoalmente a volta do Trump não me ajuda em muita coisa. Eu acho que a administração que está lá hoje se quisesse me ajudar teriam aprovado o meu Green Card. Não senti que lá havia algum interesse em apoiar a minha causa.

Como essa investida judicial afeta hoje sua vida, pessoal e profissionalmente falando? 

Monark: Prejudica completamente. Eu me sinto um isolado, um perseguido político. E essa perseguição não para no que as pessoas veem na internet, nas notícias. Tem todo tipo de ação para tirar você do jogo e eu venho sofrendo isso.

No momento agora vou aproveitar que estou no Brasil e quero fazer participações em podcasts. Eu perdi R$ 300 mil, fiquei sem poder trabalhar e tudo mais. O dinheiro não é infinito para ninguém. E digo que é uma luta ingrata, porque a maior parte dos brasileiros não se preocupa com essa causa.

Sobre essa causa que você diz, qual é a bandeira principal que você levanta hoje?

Monark: Liberdade de expressão. Liberdade de falar o que vem na mente sem ter uma lei, um braço estatal que venha e te puna porque não gostou do que você disse.

No final das contas, é uma luta por liberdade e autonomia da expressão da nossa alma, entendeu? No fim, é a gente não ser um bando de robôs condicionados por um sistema de controle que dita o que pode e o que não pode ser falado.

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Fonte. Gazeta do Povo

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