Já faz alguns anos que o McDonald’s expande sua operação de café da manhã no Brasil. Há um número crescente de unidades do McCafé, que têm mais opções de comidas e bebidas de cafeteria. E mesmo as lojas tradicionais da rede servem café coado e itens como pão de queijo e pão na chapa.

O preço é um trunfo usado para atrair o público, sobretudo em lojas instaladas em locais de grande fluxo de trabalhadores e pedestres. Logo na porta, uma janela exibe copinhos de café com o anúncio: R$ 2,00.

Sim, desde que decidiu intensificar sua atuação no segmento de cafeterias, a rede norte-americana vende o copinho de café com 100 ml por R$ 2. É mais barato do que em muitas padarias paulistanas.

E é justamente esse o maior concorrente da empresa americana em São Paulo. O público de ambos é o trabalhador, que precisa comer algo antes, durante ou após o expediente, sem gastar tanto.

Sensorialmente, o café do McDonald’s supera os que geralmente são servidos nos “bar e lanches” de São Paulo. Nessas padocas, costuma-se usar um café tradicional ou extraforte, coados em uma cafeteira industrial de 20 litros. O resultado é uma bebida com amargor alto, frequentemente com notas carbonizadas.

O café do McDonald’s tem um amargor além do ideal, mas não chega a ter notas de borracha queimada nem de grão carbonizado. Tem até uma leve doçura. Além disso, no Brasil eles são filtrados em cafeteiras do tipo Bunn, que permitem um preparo mais uniforme e controlado. Segundo a empresa, são grãos 100% arábica –não que isso seja garantia de qualidade– cultivados no cerrado mineiro.

Apesar dos defeitos sensoriais, o café do bar e lanches desce bem com um bom pão na chapa. Cumpre o que se espera dele. Afinal, não se vai a uma padoca tradicional para degustar um café e analisar se ele apresenta notas de lichia, flores brancas ou melão. Padoca é lugar de comer um pão na chapa ou um prato executivo. De tomar uma cerveja gelada com torresmo. De exagerar na feijoada de sábado. De despertar antes do trabalho e de conversar no intervalo do expediente. É um patrimônio cultural.

O McDonald’s ganha na qualidade do café e só. Aquele pseudo pão na chapa nem sonha em ser o pão francês com manteiga das padarias paulistanas. O pão de queijo… bom, o pão de queijo de boa parte das padocas também não é lá essas coisas, então deixemos no zero a zero.

Além disso, o McDonald’s pela manhã é um lugar triste. Aquele ambiente artificial, amarelo demais, um Ronald McDonald te encarando… por isso, ainda prefiro o café ultra torrado com gosto de borracha, servido no copo americano, com um pão na chapa, num bar e lanches qualquer –de preferência sem ligação com o PCC.

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