Meus amigos nunca me convidaram para uma verdurada.

Tivemos pizzadas, macarronadas, uma ou outra bacalhoada. E umas 718.439 churrascadas.

Carne, não precisa nenhum estudo científico demonstrar, é comida de macho por excelência. A novidade é que agora tem um estudo científico. O tal trabalho, intitulado justamente “Macho Meals?” (“Refeições de Macho?”), relaciona o comportamento masculino e o consumo de alimentos de origem animal.

Foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Bath (Inglaterra), da Universidade de Zurique (Suíça) e do Bryant Research, grupo que milita pela transição proteica —substituir as proteínas de carnes, ovos e laticínios pelas proteínas vegetais ou sintetizadas em laboratório.

A pesquisa conclui que a rapaziada do cromossomo Y é um obstáculo para essa transição. Homens com apego aos valores clássicos masculinos comem mais carne e resistem a adotar dietas vegetarianas e veganas, entre outras razões, para evitar um comportamento que consideram feminino.

Sem gabarito científico, mas há várias décadas habitando uma carcaça masculina, eu assevero: a pesquisa está absolutamente certa. Precisava mesmo investir toda essa energia para demonstrar algo tão óbvio?

Basta observar a estética de tudo que se relaciona de algum modo com a pecuária: marcas de frigoríficos, açougues, churrascarias, hamburguerias, festivais de churrasco, rodeios.

São imagens de facas afiadas, brasas faiscantes, picapes superdimensionadas, músculos definidos e motocicletas barulhentas.

Essa estética abarca o peão e o hipster, o sertanejo e o rock clássico, com símbolos tão masculinos que podem resvalar no homoerotismo ou suscitar interpretações livres dos psicanalistas de botequim —vide o touro de longos chifres de uma marca de restaurantes e eventos.

Arrisco ir além: muito vegano de movimento social manda um espetinho de filé miau quando não tem ninguém vendo.

A galera da transição proteica tem um baita desafio pela frente com os homens. Duvido que eu viva para ver algum resultado.

Agora fiquem com uma receitinha vegana, mas boa para acompanhar peixes e carnes. Paz.

Salada de feijão-manteiguinha e pimenta

Rendimento: 3 a 4 porções

Tempo de preparo: 30 a 60 minutos

Dificuldade: Fácil

Ingredientes

• 100 g de feijão-manteiguinha de Santarém (ou feijão fradinho)
• 1 cebola roxa picada
• 1 pimenta-de-cheiro picada
• Suco de 1 limão
• Sal, coentro e cebolinha verde a gosto

Preparo

Cozinhe o feijão com sal até que o interior esteja macio, mas ainda um pouco firme. O tempo de cozimento vai depender muito do feijão, que pode ser novo ou velho. Cozinhar na pressão é mais rápido, mas há o risco de explodir os grãos. Escorra o feijão e descarte o caldo. Espere esfriar. Misture os ingredientes restantes. Sirva em temperatura ambiente.

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