“Sou um abençoado do vinho, tenho muita sorte”, afirma o sommelier cearense Marcelo Fonseca, 36. De tão feliz com a carreira escolhida, ele sorriu em todas as fotos como a que ilustra esta página. O interesse pela bebida e suas variações começou cedo. Marcelo ingressou no ramo da gastronomia com apenas 18 anos.

Nessa época, dava expediente no extinto Gero carioca do Leblon. No início, era auxiliar do cumim, que por sua vez é o auxiliar do garçom. O ponto de partida no Rio de Janeiro não foi por acaso. Quando ele tinha apenas 2 anos, os pais se mudaram para a capital fluminense, onde foi criado.

A primeira oportunidade de empunhar uma garrafa profissionalmente rolou no Oro e o aprendizado foi com ninguém menos que Cecilia Audaz, sommelière e sócia do restaurante, um dos nomes mais expressivos no segmento.

Foi ela quem o convidou para ser seu auxiliar em 2017. A vida estava tranquila do outro lado da Dutra, mas ele fez uma entrevista e foi aprovado pelo rigoroso chef e um dos donos do Evvai, Luiz Filipe Souza. Mas era o início de 2020 e veio a pandemia.

A atividade prática só era possível nos breves períodos de liberação do confinamento. Marcelo se recorda do nervosismo que sentia no começo. “Sou meio estabanado e derrubei uma garrafa quando estava servindo a chef Janaina Torres.

Foi um barulhão tremendo e os clientes pararam para olhar”, descreve o constrangimento agora com uma dose de bom humor. Sob a responsabilidade de Marcelo estão hoje preciosidades como o tinto italiano Soldera 2020 (R$ 13 700,00) e uma meia garrafa do francês Château d’Yquem 2019 (R$ 4 500,00), expressão máxima entre os vinhos de sobremesa. As harmonizações propostas por ele são a sintonia (R$ 619,00), a plena (R$ 995,00) e a magna (R$ 2 113,00).

Publicado em VEJA São Paulo de 12 de setembro de 2025, edição nº 2961.

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