O influenciador Maicon Sulivan contestou a condenação judicial que obriga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a pagar R$ 1 milhão por danos morais coletivos. A sentença foi baseada em declarações consideradas pela Justiça como “racismo recreativo”, direcionadas ao próprio Sulivan.
Em vídeo nas redes sociais, o influenciador classificou a decisão como perseguição política e negou ter sido vítima de racismo. “Vou defender ele até o fim. Não houve racismo”, declarou, afirmando que está sendo instrumentalizado para prejudicar o ex-mandatário.
O ex-presidente foi condenado por comentários considerados “discriminatórios” sobre o cabelo de Maicon. Em um dos casos, em 2021 durante uma transmissão ao vivo em evento no Palácio da Alvorada, Bolsonaro comparou o cabelo de Maicon a um “criador de baratas” e fez alusões a piolhos, associando a estética à “sujeira” e “pragas”.
No mesmo vídeo nas redes sociais, Maicon justificou que, em sua visão, isso foi uma brincadeira porque ele tinha proximidade com Bolsonaro. Disse também que racismo acontece quando alguém o ofende sem conhecê-lo, usando palavras e comportamentos preconceituosos.
“Racismo é quando alguém me ofende, quando alguém não me conhece e vem me ofender praticando falas racistas comigo. Não foi o que o presidente Bolsonaro fez. Ele brincou, assim como qualquer um da minha família, assim como meus amigos brincam”, argumentou.
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Maicon também destacou que, na internet, enfrenta ataques e ofensas racistas constantemente, sem que as autoridades competentes tomem providências. “Eu sou vítima de racismo na internet, faço denúncias e as autoridades nunca deram prosseguimento”, disse o influenciador.
O caso que gerou a condenação de Bolsonaro envolve falas que, segundo o MPF e a DPU, representam “racismo recreativo”, um tipo de discriminação disfarçada de piada, que reforçaria estigmas raciais.
A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) considerou que, embora Maicon tenha minimizado o impacto das palavras de Bolsonaro, o efeito coletivo dessas declarações é inegável em “uma sociedade marcada por desigualdade racial”.
Em sua defesa, a advogada de Bolsonaro, Karina Kufa, alegou que as declarações do ex-presidente não tinham conotação racial e que as brincadeiras se restringiam ao comprimento do cabelo de Maicon. A defesa ainda pode recorrer da decisão, que estabelece a indenização de R$ 1 milhão para Bolsonaro e mais R$ 1 milhão a ser pago pela União, acusada de omissão no caso já que Bolsonaro era presidente à época.
Maicon, por sua vez, anunciou que continuará a apoiar Bolsonaro e ajudará na defesa do ex-presidente. “Vou estar do lado dele nessa luta, e não é porque ele foi condenado que isso vai mudar minha posição”, concluiu.
Essa nova condenação veio menos de uma semana depois de Bolsonaro ser sentenciado a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado. Agora, o ex-presidente enfrenta uma nova batalha judicial, com uma indenização milionária, mas por se tratar de processo cível, não há previsão de pena de prisão.
Fonte. Gazeta do Povo