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21 de setembro de 2025

Flávio Bolsonaro compara caso de Zambelli ao de Battisti em evento da ultradireita italiana

Flávio Bolsonaro compara caso de Zambelli ao de Battisti em evento da ultradireita italiana

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MICHELE OLIVEIRA
MILÃO, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) comparou o caso da deputada federal Carla Zambelli ao do terrorista Cesare Battisti e pediu que o governo italiano não extradite a congressista para o Brasil. Zambelli está presa no país europeu desde o fim de julho, à espera da tramitação de seu processo na Justiça italiana. A palavra final será do governo italiano, por meio do Ministério da Justiça.

Flávio participou na manhã deste domingo (21) da festa anual da Liga, partido de ultradireita do vice-premiê italiano Matteo Salvini. O evento, ocorrido em Pontida, no norte da Itália, teve a presença de políticos da ultradireita italiana e europeia e homenageou o ativista conservador Charlie Kirk, assassinado nos EUA.

O senador brasileiro subiu ao palco cerca de duas horas depois do início do evento e falou por cerca de dez minutos. Ao falar de Zambelli, comparou o caso dela ao do italiano Cesare Battisti e pediu para a Itália não extraditar a deputada.

Ela fugiu do Brasil para escapar da condenação de dez anos de prisão determinada pelo STF, por participar da invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

“Assim como o governo do presidente Bolsonaro devolveu o terrorista Cesare Battisti para a Itália, peço que a Itália não mande Zambelli de volta para o Brasil, pois lá ela poderá morrer na cadeia injustamente”, disse Flávio.

A extradição de Battisti foi autorizada em 2018 pelo então presidente Michel Temer. O italiano foi depois detido em 2019, na Bolívia, e mandado para a Itália, no primeiro ano do governo Bolsonaro.

Flávio Também criticou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmou que a imprensa também é culpada pelos atentados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2018, e ao americano Donald Trump, em 2024, e pela morte de Kirk.

“Grande mídia, parem de mentir sobre nós, políticos de direita. Parem de nos chamar de extremistas, porque estão alimentando o ódio contra nós”, disse Flávio, em português, com tradução simultânea. “Vocês têm parcela de responsabilidade na facada em Jair Bolsonaro, no tiro em Donald Trump e no assassinato de Charlie Kirk. Porque, por influência de vocês, verdadeiros extremistas acreditavam que estavam fazendo algo de bom tentando nos matar.”

Vestindo com uma camiseta com o nome de Salvini escrito nas costas, o senador afirmou que, “com a esquerda no poder, o Brasil perdeu a sua soberania”. “A China está comprando o Brasil inteiro, de minerais a terras boas para plantação. Mas nós, da direita, vamos lutar para que a nossa bandeira verde-amarela nunca se torne a vermelha do comunismo”, disse.

O filho do ex-presidente afirmou que Moraes persegue a direita no Brasil. “Ele condenou Bolsonaro por atos antidemocráticos apenas por criticar o sistema eleitoral e fazer discursos contra a esquerda corrupta. Assim como os ditadores [Nicolás] Maduro, na Venezuela, e Daniel Ortega, na Nicarágua, fizeram com seus opositores políticos”, disse.

Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Ao encerrar seu discurso, Flávio disse em italiano: “Itália sopra tutto, Dio sopra tutti”, sua tradução para o lema bolsonarista “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

Na plateia, um grupo de cerca de dez pessoas vestia bandeiras brasileiras sobre os ombros e segurava o cartaz “Free Bolsonaro” (Bolsonaro livre, em inglês).

Em sua passagem pela Itália, Flávio visitou, na sexta (19), Zambelli na prisão, em Roma. Ele estava acompanhado pelos senadores Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES), além do deputado Cabo Gilberto (PL-PB).

Após o encontro de cerca de duas horas, Flávio defendeu que a deputada cumpra sua pena na Itália, em prisão domiciliar, sem ser extraditada para o Brasil. “Faço um apelo ao ministro da Justiça italiano para que (…) deixe a Carla em prisão domiciliar aqui na Itália”, disse.

No sábado (20), o senador participou de um evento na capital italiana com brasileiros apoiadores de Bolsonaro. Ele defendeu a anistia para os condenados por atos golpistas e criticou novamente Moraes, a quem culpou pela crise política.

Com o slogan “livres e fortes”, o evento da Liga aconteceu ao ar livre, sobre um gramado, onde foi montado um palco. Nos discursos dos políticos da Liga, críticas à União Europeia, a imigrantes, ao “perigo islâmico” e a defesa da “liberdade de opinião”. Alguns vestiam camiseta preta com a imagem de Kirk e a palavra “freedom” (liberdade, em inglês).

A principal atração internacional foi o francês Jordan Bardella, do partido Reunião Nacional, o mesmo de Marine Le Pen. O RN lidera, com mais de 30%, as intenções de voto na França. “Charlie Kirk lançou uma mensagem de coragem. A coragem de defender as próprias ideias, de dizer a verdade, de amar a própria pátria, mesmo quando isso incomoda”, afirmou.

O espanhol Santiago Abascal, líder do Vox, mandou mensagem em vídeo. “Precisamos continuar a colaborar para defender a nossa soberania nacional. Vai ser difícil, querem nos intimidar com perseguições, ameaças e violência. Mas não nos deterão”, disse.

Coube a Salvini encerrar o evento, pouco depois das 13h30 (8h30 em Brasília). Ele pediu um minuto de silêncio em homenagem a Kirk. E disse ser contra a ida de italianos para combater na Guerra da Ucrânia e contra o plano de rearmamento europeu.

O evento acontece há mais de 30 anos em Pontida, na província de Bérgamo. Em 2024, o principal convidado foi o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. No ano passado o ex-presidente Jair Bolsonaro participou com uma mensagem em vídeo, em que dizia apoiar Salvini em sua “luta contra os imigrantes ilegais”.

Presidente da Liga, Salvini é um dos pilares da maioria parlamentar que governa a Itália, ao lado da premiê Giorgia Meloni (Irmãos de Itália) e Antonio Tajani (Força Itália), também vice-premiê.

Entre eles, Salvini é o mais radical e o mais próximo da família Bolsonaro. Foi o único a se manifestar publicamente após a condenação do ex-presidente. “Solidariedade ao amigo Jair Bolsonaro. Quando não tem mais argumentos, a esquerda usa qualquer meio para atingir os adversários políticos, a começar pelo judiciário. Não irão te parar, força, presidente!”, escreveu Salvini no X no dia 11 de setembro.

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Fonte. Noticias ao minuto

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