
Crédito, AFP via Getty Images
- Author, Nardine Saad, Brandon Livesay e Aoife Walsh
- Role, BBC News
Jimmy Kimmel retornará ao ar na emissora ABC nesta terça-feira (23/9), após seu tal show ter sido suspenso devido aos comentários que o apresentador fez sobre o assassinato de Charlie Kirk, informou a Disney, proprietária do canal, em um comunicado.
“Na quarta-feira passada, tomamos a decisão de suspender a produção da série para evitar agravar ainda mais a situação tensa em um momento tão delicado para o nosso país”, diz o comunicado.
“É uma decisão que tomamos porque sentimos que alguns dos comentários foram inoportunos e, portanto, insensíveis. Passamos os últimos dias conversando com Jimmy e, após essas conversas, tomamos a decisão de retornar a série na terça-feira”, completou a empresa.
O anúncio sobre o retorno de Kimmel ocorre poucas horas depois de centenas de celebridades assinarem uma carta defendendo o comediante.
Jennifer Aniston, Meryl Streep e Robert DeNiro estão entre as principais estrelas que consideram a suspensão de Kimmel um “momento sombrio para a liberdade de expressão em nossa nação”.
“Os esforços de líderes para pressionar artistas, jornalistas e empresas com retaliações por seus discursos atingem o cerne do que significa viver em um país livre”, diz a carta das celebridades. “Este é o momento de defender a liberdade de expressão em toda a nossa nação.”
Os comentários que levaram à suspensão de Kimmel foram feitos durante seu programa, Jimmy Kimmel Live!, na última segunda-feira (15/9).
O programa é um talk show — combinando entrevistas de convidados famosos com monólogos cômicos sobre notícias da semana, tudo em frente a uma plateia. Apesar de fazer uma referência a “ao vivo” no título, o programa é gravado previamente.
No ar desde 2003, o programa é o segundo talk show há mais tempo no ar com o mesmo apresentador na história da televisão americana, atrás apenas do The Tonight Show Starring Johnny Carson, que foi transmitido entre 1962 e 1992.
‘Gangue Maga’
Kimmel disse em seu monólogo da segunda, dia 15/9, à noite: “A gangue Maga está tentando desesperadamente caracterizar esse garoto que assassinou Charlie Kirk como algo diferente de um deles e fazendo tudo o que pode para ganhar pontos políticos com isso.”
O apresentador do programa noturno também criticou as bandeiras hasteadas a meio mastro em homenagem a Kirk e zombou da reação do presidente dos EUA, Donald Trump, ao atentado. “Maga” (Make America Great Again, em inglês) é uma referência ao lema de Trump que aglutina o movimento político em seu apoio.
“Não é assim que um adulto lamenta o assassinato de alguém que ele chama de amigo. É assim que uma criança de quatro anos lamenta a morte de um peixinho dourado”, disse Kimmel, que costuma ironizar Trump.
No dia em que Kirk foi baleado, Kimmel se manifestou no Instagram condenando o ataque e enviando “amor” à família do ativista de 31 anos.
Pouco depois de a ABC anunciar a suspensão de Kimmel, Trump escreveu em uma publicação nas redes sociais: “O programa Jimmy Kimmel Show, com seus índices de audiência sob pressão, foi CANCELADO. Parabéns à ABC por finalmente ter a coragem de fazer o que precisava ser feito.”

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Depois do anúncio, Kimmel deixou o estúdio do programa em Los Angeles sem fazer comentários.
Pessoas que estavam na fila para participar da plateia ao vivo expressaram decepção com a suspensão.
Janna Blackwell, que estava de férias, disse à BBC: “Isso está ficando ridículo e estúpido”.
“Liberdade de expressão. Ele compartilhou sua opinião e está sendo cancelado. Para mim, isso é bizarro.”
Um pequeno protesto também foi realizado do lado de fora do estúdio com uma placa dizendo “Trump precisa ir embora agora”.
Figuras proeminentes de Hollywood se manifestaram contra a suspensão de Kimmel. O ator e diretor Ben Stiller compartilhou a notícia no X com o comentário: “Isso não está certo”.
A estrela de Hacks, Jean Smart, que ganhou um Emmy no domingo, postou no Instagram que estava “horrorizada com o cancelamento”, acrescentando: “O que Jimmy disse foi liberdade de expressão, não discurso de ódio”.
A atriz Jamie Lee Curtis postou um story no Instagram com uma das próprias citações de Kimmel no início do ano. “Eu não acredito que alguém deva ser cancelado, eu realmente não acredito”, disse ele em abril.
Outras figuras que demonstraram seu apoio incluem o cantor John Legend e a atriz Alison Brie, que descreveu a notícia como “irreal e muito assustadora”.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL