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23 de setembro de 2025

Como tornar seu patrimônio antifrágil – 22/09/2025 – De Grão em Grão

Como tornar seu patrimônio antifrágil – 22/09/2025 – De Grão em Grão

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Planejar a vida financeira muitas vezes é visto como construir uma fortaleza. O desejo é erguer muros altos contra imprevistos, garantir estabilidade e resistir ao tempo. Mas como lembra Nassim Taleb em seu livro “Antifrágil, não basta resistir ao caos, é preciso se beneficiar dele. Assim como músculos crescem após sofrerem microlesões no treino, também nosso patrimônio pode se tornar mais forte quando exposto a choques, desde que esteja estruturado da maneira certa.

O mesmo vale para as finanças familiares. O erro mais comum é acreditar que solidez equivale a segurança. Um patrimônio concentrado, ilíquido e sem mecanismos de proteção pode parecer robusto, mas diante de uma crise inesperada pode se revelar extremamente frágil. Como disse Sêneca, “a dificuldade mostra o homem a si mesmo”. O caos não precisa ser apenas ameaça: pode ser também a prova que fortalece quem está preparado.

O primeiro pilar para esse preparo é a diversificação de fontes de renda. Colocar todos os ovos na mesma cesta é a forma mais direta de ser frágil. Se uma família depende apenas de um negócio, de um único imóvel alugado ou de uma aplicação concentrada, qualquer oscilação transforma estabilidade em incerteza. A lógica da antifragilidade é simples: várias apostas menores criam a chance de que algumas falhem sem comprometer o todo, enquanto outras podem prosperar em momentos de turbulência.

O segundo pilar é manter liquidez estratégica. É comum que famílias acumulem imóveis, participações societárias e ativos de longo prazo e deixem de lado o caixa. No dia a dia, isso transmite a sensação de robustez. Mas, em uma crise, a falta de liquidez obriga a vender patrimônio em más condições, transformando força aparente em fraqueza real. Basta lembrar famílias com grandes fortunas em imóveis, mas que, ao enfrentar a perda de um dos provedores, precisaram vender às pressas parte do patrimônio para arcar com despesas imediatas. Ter uma reserva em ativos líquidos, mesmo que rendam menos, é como ter uma margem de respiração: permite atravessar choques sem sacrificar o futuro.

O terceiro pilar está na arquitetura jurídica e sucessória. Um patrimônio pode se perder não apenas em crises econômicas, mas em disputas judiciais, conflitos familiares ou nos custos e demora do inventário. Estruturas como holdings familiares bem desenhadas reduzem vulnerabilidades e organizam a sucessão. Seguros também cumprem papel essencial nesse contexto: criam liquidez imediata para herdeiros, evitam a necessidade de venda forçada de ativos e permitem que a sucessão ocorra de forma rápida e eficiente, além de serem mais acessíveis que estruturas complexas.

Esses três pilares mostram que a antifragilidade aplicada ao patrimônio não é um produto, mas uma filosofia de gestão. Taleb defende que a verdadeira sabedoria não está em eliminar riscos, mas em aprender a se beneficiar deles. O mesmo vale para nossas finanças. Em vez de buscar apenas resistir, podemos organizar nossa vida financeira de modo a transformar crises em oportunidades de fortalecimento.

No fim, o planejamento patrimonial antifrágil é aquele que garante que, mesmo nos piores cenários, sua família não apenas sobreviva, mas saia fortalecida. O caos é inevitável. O que está ao nosso alcance é escolher se ele nos quebrará ou se será o combustível para um patrimônio mais resiliente e duradouro.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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