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“Firmeza estratégica combinada com inteligência política.”
“Nós o vimos, eu o vi. Ele me viu e nos abraçamos. E então eu disse: ‘Você acredita que vou falar em apenas dois minutos?’ Na verdade, combinamos de nos encontrar na semana que vem. Não tivemos muito tempo para conversar, uns vinte segundos e pouco, pensando bem”, afirmou Trump.
O breve encontro entre os dois presidentes foi confirmado pela assessoria de Lula em seguida.
Segundo a BBC News Brasil apurou, Trump assistiu ao discurso de Lula pelo telão, e, após a fala de Lula, os dois se encontraram, se cumprimentaram e conversaram brevemente.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está vivendo nos Estados Unidos, enxergou a promessa de Trump como uma estratégia que mostraria a “genialidade” do presidente americano como negociador.
“Nada do que aconteceu foi surpresa. Ele fez exatamente o que sempre praticou: elevou a tensão, aplicou pressão e, em seguida, reposicionou-se com ainda mais força à mesa de negociações”, publicou no X.
“Ontem mesmo, sancionou a esposa do maior violador de direitos humanos da história do Brasil, um recado claro e direto”, disse Eduardo em referência à mulher de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na segunda-feira (22/09), o Departamento de Estado americano anunciou que a advogada Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro, seria punida pela Lei Magnitsky.
Moraes, relator da ação penal que condenou por golpe de Estado e outros crimes o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — alinhado ideologicamente a Trump —, já havia sido submetido à Magnitsky no fim do julho.
A aplicação dessa lei é umas das punições mais severas disponíveis contra estrangeiros considerados pelos EUA autores de graves violações de direitos humanos e práticas de corrupção.
“Depois disso, [Trump] sorriu e mostra-se aberto a dialogar em uma posição infinitamente mais confortável, fiel àquilo que sempre defendeu: os interesses dos americanos em primeiro lugar. É a marca registrada de Trump: firmeza estratégica combinada com inteligência política”, continuou Eduardo.

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“Ao final Trump ainda arrebatou que sem os EUA o Brasil vai mal. Ou seja, não há para onde correr, o Brasil precisa dos EUA, reconheça isto ou não. Entende porque confiamos na anistia ampla, geral e irrestrita?”, questionou o deputado.
Nesta terça-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), barrou a indicação feita pelo PL para que Eduardo fosse o líder da minoria na Casa.
O partido fez o pedido porque o cargo não exige comparecimento à Câmara para as sessões. Com a decisão de Motta, as faltas de Eduardo, fora do país desde fevereiro deste ano, seguem sendo computadas, e ele pode perder o mandato.
Um parlamentar não pode ter mais do que um terço de ausências não justificadas em sessões deliberativas. Até julho, Eduardo estava afastado do mandato por conta de uma licença, que trava a contagem de faltas.
“A ausência de comunicação prévia sobre o afastamento do território nacional, como ocorre no caso em análise, constitui, por si só, uma violação ao dever funcional do parlamentar”, diz o parecer de Motta.
“Mais do que isso, essa omissão impede que a ausência à Casa seja enquadrada em qualquer hipótese de excepcionalidade que autorize o registro de presença à distância. Um afastamento não comunicado à Presidência da Câmara não pode, sob nenhuma ótica, ser considerado uma missão autorizada, pois lhe faltam os elementos essenciais de autorização, formalidade e ciência oficial.”
O empresário e influenciador Paulo Figueiredo, aliado de Eduardo e neto do ex-ditador João Batista Figueiredo, também chamou Trump de “gênio” e ressaltou o discurso de que Trump usa o encontro como arma de negociação. Ele também foi denunciado pela PGR.
“Deixou o presidente brasileiro numa situação impossível: ter que ir para a mesa de negociação ouvir verdades e negociar algo que não tem como cumprir. Entenderam que a anistia será ampla, geral e irrestrita?”, compartilhou no X com texto semelhante ao de Eduardo Bolsonaro.
No domingo (21/9), manifestações em diversas capitais brasileiras ocorreram contra o perdão dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e a PEC da Blindagem.
Já o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), também filho do ex-presidente, disse que Trump expôs em seu discurso “uma verdadeira lição de soberania nacional”.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL