A farmacêutica Alline Valandro Kounz, esposa do policial militar Rayton Duarte Mourão, entregou-se na manhã desta terça-feira (23) à Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Cuiabá, informaram autoridades. A mulher se apresentou acompanhada de dois advogados e prestou esclarecimentos sobre o possível envolvimento na execução da personal trainer Rozeli da Costa Nunes, 33 anos, ocorrida em 11 de setembro, em Várzea Grande.

Alline estava foragida desde o dia 15 de setembro, quando a Justiça decretou prisão temporária de 30 dias contra ela e o marido. A defesa acompanhou a apresentação na DHPP; a suspeita deve ser ouvida formalmente e, na sequência, passar por audiência de custódia.

O crime, segundo a Polícia Civil, ocorreu no dia 11, quando a vítima saiu de casa no bairro Cohab Canelas e foi atingida por disparos. Testemunhas e imagens usadas nas investigações ajudaram a Polícia Civil a montar a linha de apuração.

Durante coletiva e à imprensa, o delegado Bruno Abreu, responsável pelas investigações na DHPP, relatou a versão apresentada pelo policial Rayton sobre a fuga de Alline ao tomar conhecimento da ordem judicial. Conforme o delegado, o militar teria ligado para a esposa e pedido que ela deixasse a residência. “Quando ele descobriu a busca, ele não sabia se era busca ou era prisão. Na cabeça dele, era prisão porque na cabeça dele em dois dias a gente tinha descoberto o crime. Ele teria ligado pra ela e falado, ‘amor eu fiz uma besteira na minha vida, confie em mim, sai daí agora’… Ela só obedeceu e saiu da residência quando se encontrou com ele e viu o que ele tinha feito”, detalhou Bruno Abreu.

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O delegado reforçou que a investigação ainda está em andamento e que não há definição sobre a participação direta de Alline no homicídio. Segundo Bruno, medidas de perícia e análise de aparelhos foram realizadas: “Está em investigação, o celular dela foi apreendido”, afirmou. A Polícia Civil informou que continuará a coletar depoimentos, analisar aparelhos e ouvir testemunhas para esclarecer o papel de cada envolvido.

O marido, o soldado Rayton Duarte Mourão, já havia se apresentado às autoridades e, conforme registro policial, confessou ter sido o autor dos disparos que vitimaram Rozeli. A prisão temporária do militar foi cumprida e ele segue à disposição da Justiça enquanto o inquérito corre na DHPP. A investigação também busca identificar e localizar o piloto da motocicleta que teria levado o militar até o local do crime.

Segundo a polícia, a motivação do crime pode estar relacionada a uma disputa judicial decorrente de um acidente de trânsito envolvendo um caminhão-pipa ligado à empresa do casal, que gerou ações trabalhistas e pedidos de indenização por parte da vítima — circunstâncias que vêm sendo apuradas pela DHPP. As autoridades evitam detalhes que possam atrapalhar as diligências em curso.

A DHPP informou que, após os depoimentos e perícias, o material do inquérito será consolidado e encaminhado ao Ministério Público, que decidirá sobre as medidas judiciais seguintes. Enquanto isso, a investigação prossegue e as autoridades ressaltam o princípio da presunção de inocência: Alline e os demais investigados responderão aos atos processuais previstos na legislação.