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24 de setembro de 2025

Vinho: sul da Bolívia tem produção em alta altitude – 23/09/2025 – Comida

Vinho: sul da Bolívia tem produção em alta altitude – 23/09/2025 – Comida

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As montanhas do sul da Bolívia abrigam a principal região produtora de vinhos do país, Tarija. Ali são feitos rótulos em vinhedos que estão a 2.500 metros de altitude.

Pouco visitado por brasileiros, o vale de 36 mil km² faz parte da antiga produção boliviana de vinhos, que tem mais de 400 anos. Segundo o governo do país, vinhas ibéricas foram adaptadas aos vales andinos para gerar uma produção local, reduzindo a dependência dos produtos espanhóis.

Dá para conhecer parte desta história em visitas guiadas, que podem ser agendadas já no aeroporto da cidade de Tarija, o mesmo nome do departamento boliviano —o equivalente a um estado brasileiro. A reportagem embarcou em uma, que percorreu cinco propriedades da região em uma visita de cinco horas de duração, por 100 bolivianos (R$ 78).

Cerca de 300 mil turistas passam pelo vale todo ano, sendo 20% estrangeiros, sobretudo da Argentina, segundo a Secretaria Municipal de Turismo e Cultura.

No passeio em Tarija, dá para notar detalhes do clima que marcam a produção, como a farta incidência de luz solar e poucas chuvas. As vinícolas convivem com áreas de vegetação densa, desértica, lagos e montanhas, além de animais diversos, como pumas e alpacas. É uma atmosfera parecida com a província de Salta, região no norte da Argentina.

“A Bolívia não é o primeiro destino quando se fala em vinho, mas queremos mudar isso”, conta a produtora Lisbeth Gutiérrez, que trabalha há pouco mais de três anos na propriedade dos avós, a Bodega Vinoteca.

Os vinhedos de Tarija produzem variedades de tinto, como cabernet, malbec, merlot e tannat, além de brancos como riesling e chardonnay.

É tradição no passeio provar o singani, destilado de uva moscatel oferecido em forma de chuflay —coquetel com refrigerante de gengibre e gelo. Os mais empolgados podem provar a bebida viscosa pura ou com gelo.

“As pessoas se surpreendem com a paisagem e a qualidade dos vinhos. Geralmente, acabam levando as bebidas mais doces”, conta o boliviano Alejandro Peña, de 52 anos, que estava no passeio.

São exatamente os vinhos com maior dulçor e intensidade que marcam a região, explica Victoria Quiroga, da vinícola Casa Vieja, que fica em um propriedade colonial de 400 anos.

Se quiser trazer para o Brasil algum vinho, a dica é comprar nas próprias propriedades, que têm um preço abaixo do cobrado nas lojas do centro de Tarija, a partir de R$ 40. E vale adquirir lá, já que aqui os vinhos bolivianos não são tão comuns.

A Bolívia produz, anualmente, 16 milhões de litros da bebida, e compra do exterior cerca de seis vezes mais do que vende a outros países. O Brasil está entre os cinco maiores fornecedores da bebida (5%), mas não entre os principais destinos da produção local —os maiores compradores são França (31%), Luxemburgo (29%) e Estados Unidos (18%).

Os donos da Casa Montalegre, em São Paulo, por exemplo, conheceram o produto boliviano em 2018 e hoje trabalham com três fornecedores tarijeños: Aranjuez, Kohlberg e La Concepción. No site do empório, as garrafas custam de R$ 88 a R$ 680.

Há rótulos como o tinto Pioneiro Bonarda Aranjuez (R$ 200), com aromas de frutas vermelhas e acidez marcante, e o branco La Concepcion Moscatel Alejandria (R$ 107), mais doce.

“É um mercado novo, mas as uvas malbec, cabernet franc e tannat têm muita qualidade. São vinhos bons, que condizem com o valor cobrado e que batem de frente com qualquer outro vinho uruguaio ou argentino. Como tudo que está no começo, ainda há uma certa resistência, mas os clientes se impressionam”, conta João Negreiro, sócio-proprietário da loja.

Casa Montalegre

Avenida Marcondes de Brito, 1.484. Vila Matilde, região leste. Vinhos disponíveis em: casamontalegre.com.br



Fonte.:Folha de São Paulo

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