Uma nova manifestação tomou conta da Avenida Contorno Leste, em Cuiabá, na noite de segunda-feira (29/09), quando moradores bloquearam a via por cerca de duas horas. O ato teve como objetivo cobrar regularização fundiária e garantias de permanência na área.
O protesto reforça a urgência de uma solução concreta para os moradores do Contorno Leste. A paralisação do tráfego, as barricadas em chamas e até o confronto com a imprensa demonstram a profunda angústia social vivida por quem teme perder não apenas um lote, mas um lar construído ao longo dos anos.
A mobilização teve início de forma pacífica, com faixas, cartazes e discursos defendendo o direito à moradia. Segundo os manifestantes, muitas famílias vivem na região há anos, mas enfrentam insegurança jurídica diante de decisões judiciais que determinam a saída dos moradores sem oferecer alternativas habitacionais dignas.
Com o avançar da noite, parte do grupo incendiou barricadas na pista, obrigando a intervenção da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para liberar a via e restabelecer a ordem.
Após a ação das forças de segurança, o trânsito foi normalizado.
Os moradores do Contorno Leste exigem:
- Regularização fundiária – legalização dos lotes ocupados, com emissão de títulos de posse.
- Direito à moradia – permanência das famílias na área, sem despejos forçados.
- Transparência no processo – critérios claros do poder público (Executivo, Legislativo e Judiciário) sobre quem será regularizado ou removido.
- Reavaliação social ampla – presença de técnicos sociais para identificar quais famílias vivem em situação de vulnerabilidade.
Essas demandas surgem em meio à decisão judicial que determinou a reintegração de posse da área, estabelecendo prazo para a saída voluntária dos ocupantes.

Discussão entre influenciador e jornalista
Durante a mobilização, ocorreu ainda um episódio paralelo envolvendo o influenciador digital conhecido como “Fiote” e a repórter Angélica Gomes, da TVR.
O influenciador tentou impedir a cobertura jornalística afirmando: “não é pra postar mentira lá”. A jornalista respondeu: “eu vou postar o que tiver aqui”. A discussão foi registrada em vídeo e repercutiu nas redes sociais.
O impasse também envolve a Prefeitura de Cuiabá e o Judiciário. Em manifestação anterior, moradores protestaram em frente ao Paço Municipal.
Na ocasião, o prefeito Abilio Brunini (PL) propôs uma reavaliação social da região: se comprovado que mais de 70% das famílias são vulneráveis, a área poderia ser regularizada. Caso contrário, parte dos moradores poderia ser realocada para outros locais, como forma de equilibrar os recursos públicos destinados à habitação.
Enquanto isso, o processo judicial de reintegração mantém a comunidade sob pressão, com risco de despejo forçado.Reações e impactos
O bloqueio da avenida provocou congestionamentos e transtornos no tráfego. Por ser uma via arterial, a paralisação mobilizou rapidamente autoridades de trânsito e segurança.
O protesto expôs a tensão entre o direito à cidade e as ordens de reintegração. A tentativa de impedir o trabalho da imprensa reforçou a percepção de desconfiança e medo entre os moradores de terem suas vozes silenciadas.
Muitos afirmam viver na área há cerca de 10 anos e relatam não ter para onde ir. A insegurança habitacional é a principal preocupação diante da ameaça de despejo.
Para que a lei não se sobreponha à dignidade humana, será necessário que Judiciário, Executivo e comunidade avancem juntos em busca de uma resposta justa e duradoura.
Fonte.: MT MAIS