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3 de novembro de 2025

Bebida alcoólica é ‘antídoto’ para metanol? Saiba quando o etanol comum salva vidas

Bebida alcoólica é ‘antídoto’ para metanol? Saiba quando o etanol comum salva vidas

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Os recentes casos de intoxicação e morte pelo consumo acidental de metanol no estado de São Paulo têm colocado a população e as autoridades sanitárias em alerta. Em meio aos temores, também começam a surgir recomendações variadas na internet, e pode ser difícil ter certeza sobre o que faz sentido e o que é fake news.

Nos últimos dias, uma das recomendações que apareceram nas redes sugere que o etanol pode ser um antídoto para o metanol. E, como o etanol é o álcool etílico comum, encontrado nas bebidas que consumimos, houve até quem sugerisse que beber mais poderia ser uma forma de evitar os problemas associados ao metanol.

É importante explicar melhor essa história para não cometer erros, porque de fato há um fundo de verdade: o etanol pode, sim, ser usado para inibir os efeitos do metanol no corpo. Mas isso deve ser feito em ambiente hospitalar, e em hipótese alguma você deve se embriagar ainda mais caso suspeite de uma intoxicação.

+Leia também: Qual a diferença entre intoxicação por metanol e embriaguez?

Etanol como antídoto para o metanol? Como isso funciona?

Tecnicamente, tanto o etanol que podemos beber quanto o metanol que pode levar a complicações imediatamente fatais pertencem à mesma família: os dois são tipos de álcool.

Além das similaridades químicas, dentro do nosso corpo isso significa que ambos “competem” pelo nosso metabolismo. E, quando colocados lado a lado (e na janela de tempo correta), o etanol vence essa disputa.

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Estudos apontam que o nosso fígado chega a ter 20 vezes mais afinidade pelo etanol do que pelo metanol, o que faz com que o corpo favoreça metabolizá-lo antes. O etanol, embora traga problemas por si próprio, é muito menos danoso no curto prazo: em situações extremas, ele realmente pode ser administrado para deixar o fígado “saturado”. 

Essa dose exagerada de álcool etílico seria péssima em praticamente qualquer outro contexto, mas, diante da intoxicação por metanol, significa optar pelo mal menor: o fígado fica sobrecarregado até que o corpo elimine o metanol pela urina, sem metabolizá-lo.

A parte do metabolismo é chave aqui: não é o metanol em si que leva à cegueira e aos danos potencialmente fatais, mas a substância em que ele é transformado dentro de nosso corpo, o ácido fórmico. Quando é possível impedir que esse processo aconteça, dá para evitar as consequências mais graves da ingestão de metanol.

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Por que você não deve beber mais para curar a intoxicação por metanol

Mas atenção: esse cuidado deve ser sempre feito em ambiente hospitalar e em circunstâncias específicas. Nada de sair bebendo uma garrafa de cachaça na tentativa de se prevenir contra o metanol.

Em 2019, pesquisadores de 22 países divulgaram um consenso internacional sobre as abordagens diante de surtos de intoxicação por metanol. O etanol é citado como um possível antídoto, mas não é o método preferencial para os casos graves. O mais indicado é o uso de um medicamento conhecido como fomepizol, com o álcool etílico sendo uma segunda opção quando há escassez de insumos.

Em qualquer cenário, o tratamento com etanol nunca é feito com bebidas alcoólicas. Quando se recorre a essa alternativa, é empregado álcool etílico puro de uso medicinal, em proporções bem calculadas de acordo com o peso da pessoa, e por um tempo determinado.

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Afinal, mesmo sendo menos perigoso, ainda há riscos inerentes ao próprio etanol caso ele seja utilizado de maneira errada ou excessiva. Além disso, o etanol é administrado por via intravenosa, para garantir uma resposta mais rápida na busca por vencer a “corrida metabólica” contra o metanol.

Caso tenha qualquer suspeita de intoxicação por metanol após consumir bebidas alcoólicas, procure um serviço de emergência imediatamente para receber o diagnóstico e tratamento mais adequado para seu caso.



Fonte.:Saúde Abril

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