11:29 PM
8 de outubro de 2025

Militantes trans hostilizam mulheres em evento do governo

Militantes trans hostilizam mulheres em evento do governo

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Ao menos 30 militantes transexuais, parte integrantes de ONGs que compõem o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), ligado ao governo federal, hostilizaram mulheres representantes de entidades que se posicionam contra a identidade de gênero. O episódio ocorreu na tarde desta terça-feira (30) na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres – evento realizado em Brasília, promovido pelo governo Lula.

No episódio, a presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aparece à frente de um grupo com dezenas de ativistas trans em um corredor, que entoavam o canto “As travestis”. O grupo, então, identifica Mariele Gomes, diretora da Aliança LGB, principal alvo da intimidação. Mariele integra a entidade que é a representante brasileira do movimento que anunciou, na última semana, ruptura com o movimento LGBTQIA+.

Ao longo de 40 segundos, as militantes cercam Mariele e outras mulheres que a acompanhavam, gravando seus rostos com celulares aos gritos de “Transfobia não”. Quem liderou a ofensiva foi Jovanna Cardoso da Silva, integrante do CNDM e fundadora do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans). Conhecida como “Jovanna Baby”, a ativista a todo tempo manteve os dedos apontados para o rosto de Mariele.

A hostilização só foi encerrada após uma mulher conter Jovanna e conduzir o grupo à frente. “Depois disso fiquei em choque. Me senti extremamente intimidada, eu e as meninas. Mas eu já sabia que estava vindo em um congresso em que sou minoria. Sei que essa opinião não é minoria no Brasil, a maioria das pessoas concorda conosco. Mas aqui eles trouxeram mais pessoas alinhadas ao que o governo quer oferecer como proposta”, disse a diretora da Aliança LGB à Gazeta do Povo.

O vídeo abaixo foi filmado por Mariele.

Mulheres hostilizadas consideram deixar a conferência

À reportagem, as mulheres vítimas de intimidação revelaram que após o incidente, passaram cerca de quatro horas em uma sala com organizadores do evento. O resultado foi apenas a abertura de uma reclamação na ouvidoria do ministério. “Uma conselheira conversou com a gente e tentou minimizar a situação. Não deram nenhuma medida de segurança e disseram que não poderiam fazer nada. Estamos inclusive avaliando se vamos continuar na conferência, porque não estamos nos sentindo seguras”, diz Mariele.

“Não foi só esse caso. Toda hora estamos recebendo hostilizações e provocações pelos corredores. Não está seguro para nós aqui”, continua.

Ministério das Mulheres critica vítimas de intimidação e defende ativistas

Horas após o ocorrido, o Ministério das Mulheres divulgou nota informando que a conferência “não tolera nenhum tipo de preconceito”, em alusão ao posicionamento das entidades contrárias ao ativismo trans e à identidade de gênero. O evento está sendo organizado pelo Ministério das Mulheres em conjunto com o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, do qual fazem parte a Antra e a Fonatrans.

A nota direciona a um documento que aponta para a crítica à identidade de gênero como manifestação de intolerância e discriminação.

Mais tarde, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, fez uma declaração nas redes sociais da Antra defendendo as ativistas e criticando indiretamente as mulheres hostilizadas. “Não podemos tolerar nenhum tipo de transfobia. Temos que respeitar os povos e as identidades. Então parabéns, queremos muito a presença de vocês, a organização de vocês e a contribuição que vocês têm para dar a toda a sociedade”, disse a ministra.

A Gazeta do Povo pediu posicionamento à Antra e à Fonatrans, que não retornaram ao contato. A reportagem também abriu espaço para o posicionamento de Jovanna Baby, que igualmente não retornou à solicitação.

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Representantes da comunidade LGB (lésbicas, gays e bissexuais) anunciaram, no último dia 19, sua “independência” do movimento LGBTQIA+, que engloba também transexuais, queer, intersexo, assexuais e outros “gêneros”. O vídeo com o anúncio, que soma quase 12 milhões de reproduções nas redes sociais, foi publicado pela organização LGB Internacional, que conta com representação no Brasil.

Na prática, o grupo tenta se dissociar das pautas ligadas à identidade de gênero – como as demandas de trans, travestis e não-binários – e manter o foco apenas em questões de orientação sexual.

A LGB International foi formalizada em setembro deste ano e já conta com representação em 18 países. Em sua missão, diz promover e defender os direitos e interesses de LGBs com base em sexo biológico e orientação sexual, sem adotar políticas relativas à identidade de gênero.

Na campanha lançada no dia 19, lésbicas, gays e bissexuais de vários países fazem declarações contundentes, como “já estamos fartos de pronomes” e “os direitos dos gays não podem ser contrários aos direitos das mulheres”.

Para o movimento LGB, algumas bandeiras abraçadas por ativistas LGBTQIA+ têm prejudicado diretamente seus membros. “Quando associam o casamento entre pessoas do mesmo sexo a coisas como transição de crianças, apagamento das palavras ‘mãe’ e ‘mulher’, linguagem neutra forçada, redefinição de mulher como sentimento e negação da orientação sexual baseada no sexo, o resultado é simples: rejeição. As pessoas rejeitam o que não entendem, o que percebem como absurdo e acham que nós concordamos com tudo isso”, diz uma publicação oficial da Aliança LGB Brasil.

“As organizações LGBTS começaram como voltadas à orientação sexual, mas foram cooptados para as questões de identidade de gênero até um ponto em que não se fala mais sobre questões voltadas à orientação sexual, mas sim uma agenda massiva de pautas sobre trans e identidade de gênero”, questiona Mariele Gomes.





Fonte. Gazeta do Povo

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