
Crédito, EPA
- Author, John Sudworth
- Role, Em Jerusalém
Em sua resposta à proposta de paz apresentada pelos Estados Unidos no início da semana, o grupo palestino afirmou nesta sexta-feira (03/10) concordar em “libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos, de acordo com a fórmula de troca contida na proposta do presidente Trump”.
Essa fórmula propõe o fim imediato dos combates e a libertação, em até 72 horas, de todos os reféns israelenses vivos mantidos pelo Hamas, bem como dos restos mortais de reféns que se acredita estarem mortos, em troca da soltura de centenas de palestinos detidos.
Estima-se que 48 reféns ainda estão detidos em território palestino pelo grupo armado, dos quais apenas 20 estão vivos.
A aceitação pelo Hamas de outra parte fundamental do plano de paz dos EUA, a ideia de entregar a governança de Gaza a tecnocratas palestinos, também é claramente significativa.
O mais notável deles é a exigência de que o Hamas deponha suas armas.
O governo israelense deve estar agora analisando palavra por palavra da declaração do Hamas para compreender sua verdadeira intenção.
Israel precisará decidir se interpreta a sinalização do grupo palestino como uma genuína aceitação de boa-fé de alguns dos pontos-chave do acordo ou apenas uma tentativa de ganhar tempo e reabrir negociações que já vinham arrastadas.
Considerando que a declaração do Hamas ocorreu poucas horas depois de o presidente Donald Trump dar um duro ultimato para a decisão do grupo até domingo (05/10) — nas palavras do presidente americano, com este concordando ou se preparando para enfrentar “o inferno” —, alguns membros do gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, provavelmente estarão profundamente céticos.
Isso é particularmente verdadeiro agora que o presidente dos EUA pediu a Israel que interrompa imediatamente o bombardeio em Gaza.
“Com base na declaração recém-emitida pelo Hamas, acredito que eles estão prontos para uma PAZ duradoura. Israel deve interromper imediatamente o bombardeio de Gaza, para que possamos retirar os reféns com segurança e rapidez!”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social.
“Neste momento, é muito perigoso fazer isso. Já estamos discutindo detalhes a serem definidos. Não se trata apenas de Gaza, trata-se da PAZ há muito buscada no Oriente Médio.”
A declaração do Hamas é significativa, sem dúvida.
Em uma mensagem de vídeo divulgada posteriormente, Trump disse que esta sexta-feira foi um “grande dia” e agradeceu a uma série de países que, segundo ele, o ajudaram a elaborar a proposta — Catar, Egito, Turquia, Arábia Saudita e Jordânia.
Mas ainda há muitos detalhes a serem trabalhados antes que a paz na região se torne realidade. E o presidente americano pareceu reconhecer que este ainda não é um acordo fechado.
“Vamos ver como tudo vai acabar. Temos que dar a palavra final e concreta”, disse Trump.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL