Um dos últimos projetos criados por Oscar Niemeyer está cercado por vinhas e obras de arte no sul da França. O pavilhão foi construído no Château La Coste, um dos lugares mais exuberantes e surpreendentes da Provença.
Uma galeria envidraçada e um auditório em formato de cilindro compõem o edifício. Em torno dessa estrutura, um espelho d’água reflete as curvas características do arquiteto brasileiro e a luz intensa da região próxima do mar Mediterrâneo.
“O pavilhão deveria ser uma construção leve e adaptada tanto à paisagem quanto à vegetação”, disse Niemeyer durante a criação do projeto no início da década de 2010.
A construção foi inaugurada há três anos em uma propriedade com mais de 180 hectares, em que os vinhedos dividem o espaço com esculturas de artistas renomados e construções de alguns dos mais influentes arquitetos do mundo. Além desse circuito artístico, Château La Coste conta com restaurantes, bares, lojas de vinho e um hotel luxuoso.
A comparação com Inhotim é inevitável. Com 140 hectares abertos à visitação, o museu a céu aberto em Minas Gerais tem aproximadamente o dobro do espaço do complexo francês, cujas obras podem ser vistas num percurso de pouco mais de duas horas. O Château La Coste perde em dimensão, mas ganha ao menos no ponto final da visita: dá para beber um bom vinho a um preço razoável.
Esculturas da francesa Louise Bourgeois e do inglês Damien Hirst recebem os visitantes logo na entrada da vinícola, situada na comuna de Le Puy-Sainte-Réparade, a cerca de 20 minutos de Aix-en-Provence.
Logo adiante, está o núcleo principal do complexo, com recepção, galeria de arte e livraria, entre outros espaços que integram o projeto do japonês Tadao Ando, vencedor do prêmio Pritzker, assim como Niemeyer.
Outros arquitetos que conquistaram essa distinção, tida como o Oscar da arquitetura, também estão representados no lugar, como o canadense radicado nos EUA Frank Gehry, com seu pavilhão de música, e o francês Jean Nouvel, que projetou os galpões para armazenamento dos vinhos.
Entre as mais de 40 esculturas e instalações espalhadas pela propriedade, estão trabalhos assinados pelo norte-americano Richard Serra, pelo chinês Ai Weiwei e pelo irlandês Sean Scully. No caminho para o pavilhão de Niemeyer, fica “Psicopompos”, uma série de obras do brasileiro Tunga.
Tanto os arquitetos quanto os artistas foram convidados para criar obras especificamente para o local por Paddy McKillen, o magnata irlandês que comprou a propriedade no início dos anos 2000.
Em entrevista ao jornal The Irish Times há três anos, McKillen disse que Niemeyer lhe entregou o projeto final do pavilhão poucos dias antes de morrer, em 2012, quando estava com 104 anos.
O jornalista Naief Haddad viajou a convite da Air France
Fonte.:Folha de S.Paulo