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- Author, Georgina Rannard
- Role, Da BBC News em Londres
O Prêmio Nobel de Física de 2025 foi concedido ao britânico John Clarke, ao francês Michel H. Devoret e ao americano John M. Martinis por seu trabalho em mecânica quântica que está abrindo caminho para uma nova geração de computadores muito poderosos.
O anúncio foi feito pela Academia Real de Ciências da Suécia nesta terça-feira (7/10) em uma entrevista coletiva em Estocolmo, Suécia.
“Não há tecnologia avançada usada hoje que não dependa da mecânica quântica, incluindo telefones celulares, câmeras… e cabos de fibra óptica”, disse o comitê do Nobel.
“Para dizer o mínimo, foi uma surpresa na minha vida”, disse o professor John Clarke, que nasceu em Cambridge, no Reino Unido, e agora trabalha na Universidade da Califórnia em Berkeley.
Michel H. Devoret nasceu em Paris, na França, e é professor na Universidade de Yale, enquanto John M. Martinis é professor na Universidade da Califórnia, na Santa Bárbara.
Os três vencedores dividirão um prêmio em dinheiro de 11 milhões de coroas suecas (R$ 6,2 milhões).
O comitê do Nobel reconheceu o trabalho inovador realizado pelos três homens em uma série de experimentos na década de 1980 com circuitos elétricos.
Nas palavras do comitê, o prêmio foi pela “descoberta do tunelamento macroscópico da mecânica quântica e da quantização de energia em um circuito elétrico”.
Mesmo para um campo frequentemente considerado denso, essa descoberta é desconcertante.

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Mas suas implicações foram profundas e abrangentes. Os dispositivos eletrônicos que a maioria de nós usa dependem dela, e as pesquisas estão sendo usadas para construir computadores extremamente poderosos.
“Isso é algo que leva ao desenvolvimento do computador quântico. Muitas pessoas estão trabalhando na computação quântica, nossa descoberta é, em muitos aspectos, a base disso”, disse Clarke em entrevista coletiva, momentos depois de saber que havia vencido.
Ele pareceu perplexo com o fato de seu trabalho, concluído há 40 anos, ser digno do prêmio mais prestigioso da ciência.
“Estou completamente surpreso. Na época, não percebemos de forma alguma que essa poderia ser a base para um prêmio Nobel”, disse ele.
A mecânica quântica se relaciona com o comportamento de pequenas coisas em um mundo minúsculo. Refere-se ao que partículas como o elétron fazem no mundo subatômico.
O professor Clarke e sua equipe analisaram como essas partículas pareciam quebrar regras como viajar por barreiras de energia que a física convencional dizia serem impossíveis — algo chamado “tunelamento”.
Usando o “tunelamento” quântico, o elétron consegue atravessar a barreira de energia.
Seu trabalho demonstrou que o tunelamento pode ser reproduzido não apenas no mundo quântico, mas também em circuitos elétricos no “mundo real”.
Esse conhecimento foi aproveitado por cientistas na fabricação de chips quânticos modernos.
“É uma notícia maravilhosa, de fato, e muito merecida”, disse a professora Lesley Cohen, reitora associada do Departamento de Física do Imperial College London.
“Seu trabalho estabeleceu as bases para os Qubits supercondutores — uma das principais tecnologias de hardware para tecnologias quânticas.”
Fonte.:BBC NEWS BRASIL