8:42 PM
8 de outubro de 2025

Por que mulheres sentem mais dores do que os homens?

Por que mulheres sentem mais dores do que os homens?

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A dor parece ser um destino comum e natural para as mulheres — muitas começam a conviver com dores já na adolescência, com a chegada de cólicas menstruais intensas, dores de cabeça e dores pelo corpo. São sintomas que precisam de atenção e, se não forem devidamente controlados, podem gerar incômodos para o resto da vida.

É o que mostra um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e publicado no The Lancet Child & Adolescent Health. Ao acompanharem a saúde de mais de 1,1 mil garotas do Reino Unido por mais de uma década, os médicos observaram que aquelas que relatavam cólicas intensas aos 15 anos tinham um risco até 76% maior de ter dor crônica aos 26.

Um dos principais problemas de saúde em todo o mundo, afetando três a cada dez pessoas no globo, a dor crônica é ainda mais comum entre mulheres do que entre homens.

São elas que convivem mais com condições como enxaqueca e fibromialgia, e também as que recebem tratamentos menos eficazes para controlar as dores, que chegam a ser incapacitantes. Essas doenças diminuem a produtividade no trabalho, afetam a rotina e o sustento das famílias e, principalmente, minam a saúde física e mental de milhões de mulheres no mundo todo.

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Dor não deve ser menosprezada

Padecer diante de dores físicas ou emocionais não é sinal de fraqueza. É um problema que precisa ser levado à serio por toda a cadeia de cuidados em saúde.

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“Muitas vezes, a paciente comenta que sente dor e esse sintoma não é valorizado pelo médico, por acreditar que aquela mulher está fragilizada e, por isso, está superestimando a queixa”, avalia Carmita Abdo, psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “Mas a dor deve ser compreendida e é preciso mostrar a quem está sofrendo que é possível saná-la ou, então, manejá-la”, orienta.

Identificar o que está causando a queixa é o primeiro passo para superá-la. “É preciso diferenciar se a dor tem um substrato orgânico [como a existência de infecções, lesões ou massas que causam incômodos] ou se é uma dor de ordem emocional e nem por isso deixa de ser real”, explica Abdo.

“A dor, independentemente da origem, é causada por um desequilíbrio nos neurotransmissores que leva as conexões nervosas a atuarem de forma diferente, reproduzindo uma sensação dolorosa, que, se não tratada, gerará um ciclo de dor”, esclarece a psiquiatra.

Para preparar profissionais de saúde para atenderem melhor mulheres com essas queixas, Abdo e outras 14 especialistas escreveram artigos sobre a importância do diagnóstico e das particularidades do tratamento de condições dolorosas em mulheres compilados no e-book Manual Dor na Mulher.

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A publicação foi editada pela ginecologista Telma Zakka e pela médica do esporte Natália Mendes Guardieiro, ambas da USP. O livro eletrônico foi realizado em parceria com a farmacêutica Aché e está disponível para download no portal do Cuidados pela Vida.

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Gênero e dor

Mas, afinal, por que as mulheres são mais sensíveis a dor? A resposta está nos nossos hormônios. “A oscilação hormonal que começamos a ter a partir da puberdade influencia a modulação e percepção da dor”, explica Stella Catunda Pinho Burbulhan, ginecologista e coautora do livro. “No climatério, por exemplo, quando os hormônios estão em queda, são mais comuns as dores articulares e de cabeça.”

Além disso, as mulheres estão mais expostas a fatores de estresse. “A mulher exerce mais funções no seu dia a dia e isso pode também piorar a sua saúde mental e impedi-la de cuidar de outros aspectos da saúde, como se exercitar, que é algo essencial para tratar dores crônicas”, complementa a médica.

E é isso tudo que faz com que a dor seja um substantivo ainda mais feminino.

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Fonte.:Saúde Abril

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