(FOLHAPRESS) – O Ministério Público de Goiás ajuizou nesta quarta-feira (8) uma ação civil pública contra a WePink, empresa de cosméticos da influenciadora Virginia Fonseca, por práticas abusivas contra os consumidores.
De acordo com o órgão, a ação é baseada em mais de 90 mil reclamações feitas no site Reclame Aqui em 2024 e outras 340 denúncias feitas ao Procon Goiás nos últimos meses.
Essas queixas reproduzem, em sua maioria, a falta de entrega de produtos, descumprimento de prazos, dificuldade de reembolso, atendimento por robôs que não resolvem os problemas de clientes, a remoção de críticas e comentários negativos feitos nas redes sociais da companhia e a entrega de produtos com defeito, como cosméticos estragados ou em desacordo com o anúncio.
Na ação, o promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva, titular da 70ª Promotoria de Justiça, reproduziu a fala de Thiago Stabile, um dos sócios da companhia, durante live nas redes sociais em que ele reconhecia que, em pouco tempo, a WePink mais do que dobrou o volume de pedidos recebidos e não conseguiu cumprir prazos por falta de matéria-prima.
Para o promotor, a fala caracteriza publicidade enganosa e má-fé contratual.
Na ação civil foi incluído um auto de infração lavrado pelo Procon Goiás com o caso de uma consumidora da WePink que aguardou sete meses pela entrega de produtos, não os recebeu e não teve seu dinheiro estornado por recusa da companhia.
“Dados do setor defesa do consumidor indicam que para cada reclamação formal registrada existe um número exponencialmente maior de cidadãos lesados que permanecem em silêncio. A maioria opta por não comprar novamente ou aceitam o prejuízo. Portanto, não se sabe o número real de pessoas prejudicadas, que pode ser de 3 até 10 vezes superior ao registrado formalmente”, diz a promotoria.
Em junho, a promotoria convocou reunião com os representantes da WePink para o esclarecimento das reclamações. Ouviram que a companhia está em fase de consolidação de processos internos.
Os advogados também relataram que a marca vem adotando plano de melhorias, com incremento da capacidade operacional, automação, expansão logística e campanhas de orientação às consumidoras quanto aos prazos de entrega.
Até maio deste ano, a WePink realizou quase 2 milhões de vendas. Ao MP, a companhia disse que 85% das vendas realizadas online são entregues dentro do prazo e explicou que os atrasos ocorrem por fatores alheios ao seu controle, como questões logísticas, aumento de demanda e dados cadastrados de forma incompleta pelos clientes
O MP pediu tutela de urgência para que a Justiça determine a suspensão de novas lives promocionais até a regularização das entregas pendentes. Entre as exigências estão ainda a criação de um canal de atendimento humano e com resposta inicial em até 24 horas, a elaboração de um mecanismo simplificado de cancelamento e reembolso –com devolução em sete dias–, a entrega imediata de produtos pagos e multa diária de R$ 1.000 por descumprimento das ordens.
O órgão pede indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 5 milhões, que serão revertidos ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, e indenização individual para que os clientes que foram lesados de alguma forma possam pleitear reparação por danos morais.
Os donos da companhia também deverão responder pelos danos causados aos clientes porque participaram das lives promocionais e tinham conhecimento das falhas operacionais.
Para o promotor, o uso massivo da imagem de Virginia Fonseca agravaria a vulnerabilidade de consumidores à marca, pois eles estariam comprando os produtos por recomendação da influenciadora, que contabiliza quase 53 milhões de seguidores no Instagram.
Consultada, a companhia disse que ainda não foi citada na ação e não tomou conhecimento dos termos, por isso não pode se manifestar sobre o caso.
Fundada em 2021 por Virginia, a marca de cosméticos e cuidados pessoais explodiu em vendas. Em 2024, seu faturamento girou em torno de R$ 750 milhões, mais que o dobro das receitas registradas em 2023, que somaram R$ 325 milhões.
Em pouco tempo, ganhou como sócios o chinês Chaopeng Tan, que trouxe a rede WeCoffee para o Brasil, e Thiago Stabile

Poucos minutos depois da manifestação do jogador, a influenciadora compartilhou um versículo bíblico sobre entrega e decisões guiadas por Deus, evitando citar diretamente o atleta com quem viveu um breve relacionamento
Notícias ao Minuto | 06:00 – 09/10/2025
Fonte. .Noticias ao Minuto