O Senegal está em alerta diante de um novo surto da febre do Vale do Rift, também conhecida pela sigla em inglês RVF.
Desde que a atual onda de casos entrou no radar das autoridades, em 21 de setembro, o país já teve 17 mortes confirmadas por essa infecção viral transmitida pela picada de mosquitos ou pelo contato com o sangue de animais infectados.
A sequência de contágios vem causando preocupação em um país que não vivencia uma epidemia dessa doença negligenciada desde a década de 1980. Também existe um temor de que o problema chegue a afetar nações vizinhas.
Conheça mais sobre a RVF e os riscos que ela traz à saúde na África.
O que sabe do atual surto em Senegal
Até o momento, segundo autoridades sanitárias senegalesas, o país já teve 119 casos confirmados, com 17 deles evoluindo a óbito. Os números se referem a um surto declarado três semanas atrás, que até o momento está contido na região norte do país, conhecida pela pecuária.
A proximidade com rebanhos é decisiva, já que o vírus afeta principalmente animais de criação, podendo infectar pessoas a partir deles, de forma direta ou indireta. Não há registros conhecidos de transmissão direta do vírus de humano para humano.
Na região do Senegal, a última grande crise causada pela febre do Vale do Rift ocorreu entre 1987 e 1988, quando a vizinha Mauritânia também foi atingida. Estimativas da época colocaram o número de vítimas próximo das 200 mortes.
O que é a febre do Vale do Rift
A febre do Vale do Rift é uma doença causada por um phlebovírus, que existe em alguns mamíferos de criação e pode atingir seres humanos que vivem em proximidade com eles.
A zoonose chega às pessoas principalmente pelo contato com o sangue e órgãos dos rebanhos infectados, geralmente nos matadouros das áreas que passam por um surto. Mas também é possível contraí-la através da picada de mosquitos do gênero Aedes, os mesmos que transmitem a dengue.
O nome da doença faz referência ao local onde o vírus foi identificado pela primeira vez, após um surto em um rebanho de ovelhas na região do Vale do Rift, no Quênia, nos anos 1930. No entanto, episódios da RVF não se limitam a essa parte do mundo, e já foram registrados em outros países da África e também na Península Arábica.
A doença tem um período de incubação que costuma levar de dois a seis dias, com a fase sintomática geralmente durando uma semana.
Tratamento e prevenção da RVF
Não há um tratamento específico para essa febre, e o foco é no controle dos sintomas.
No entanto, alguns casos podem evoluir negativamente para uma febre hemorrágica, como ocorre com a dengue, por exemplo, com complicações fatais. Nesses casos, o cuidado deve ser intensivo, em ambiente hospitalar, e tem como objetivo evitar a morte por desidratação.
O principal método de controle da RVF é a vacinação de rebanhos em áreas endêmicas, algo que nem sempre ocorre, devido à precária infraestrutura sanitária dos países que costumam ser afetados pela doença. Uma vacina para uso humano segue em estudos e já foi usada de forma experimental, mas não está disponível para aplicação ampla.
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Fonte.:Saúde Abril