No Brasil, todos os anos, uma a cada 23 adolescentes de 15 a 19 anos engravida e vira mãe, passando a conviver com preconceitos, estigmas e desafios na conclusão dos estudos e no ingresso no mercado de trabalho.
A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública no país, onde 22% das cidades registram taxas de fertilidade entre jovens semelhantes à nações mais pobres do mundo.
Os dados são de um levantamento pré-publicado do Centro Internacional de Equidade em Saúde da Universidade Federal de Pelotas (ICEH/UFPel), que analisou dados de 2020 a 2022 sobre gestações na juventude brasileira.
Para evitar esses casos, é preciso que os adolescentes estejam bem informados sobre o assunto e possam escolher métodos contraceptivos eficazes.
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Enquanto os garotos têm à disposição apenas os preservativos — que são a única forma de prevenir, ao mesmo tempo, gravidez e infecções sexualmente transmissíveis (IST) —, as garotas têm um rol de opções de contracepção — de pílulas a implantes.
A decisão por qual método optar deve ser discutida com a médica de confiança da jovem, que tratará cada caso de forma individualizada. Mas, de forma geral, entidades médicas têm recomendado para a faixa etária a contracepção reversível de longa duração (Larc, da sigla em inglês).
No Brasil, os LARC disponíveis são o implante subdérmico (mais conhecido como implanon) e os dispositivos intrauterinos (DIU) hormonais e de cobre.
Por que o DIU e o Implanon são indicados para adolescentes?
De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP) e o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG), essas opções são as mais indicadas porque, além de terem altas taxas de eficácia, não dependem da usuária lembrar de usá-las para funcionarem.
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“A contracepção reversível de longa duração consiste no uso de dispositivos que previnem a gravidez por anos a fio e que, assim que retirados, restabelecem a fertilidade da paciente normalmente”, explicou Edson Ferreira, ginecologista e pesquisador do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), durante o evento Contracepção No Seu Ritmo, promovido pela Bayer.
“Os métodos de longa duração são a primeira linha de anticoncepção para adolescentes, porque os de curta duração têm maiores taxas de falha entre esse público — muito mais do que entre adultas”, ressalta o médico, que é coautor da recomendação de LARCs pela Associação Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência (Sogia), publicada em 2024.
Segundo a entidade, o atendimento a adolescentes deve priorizar a prevenção de gestações e de IST, ao mesmo tempo que precisa respeitar o exercício saudável da sexualidade dos jovens.
“Neste sentido, o uso de métodos altamente efetivos como os LARC é bem-vindo, preferencialmente em associação aos preservativos, em estratégia de dupla proteção”, orienta a Sogia.
Além de prevenir gravidez, os métodos hormonais de longa duração também podem prevenir certos tipos de câncer, como o câncer de endométrio, e ajudar a reduzir sintomas como fluxo menstrual intenso, cólicas fortes e acne.
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Quais são as opções?
A opção mais eficaz atualmente é o implante subdérmico, que é inserido sob a pele e, lentamente, vai liberando hormônios que impedem a ovulação. A taxa de falha dele é de apenas 0,1% e ele dura até três anos.
Já os dispositivos intrauterinos são divididos entre os hormonais e o de cobre. Entre os hormonais, há o DIU Mirena e o DIU Kyleena. Ambos liberam levonorgestrel, mesmo hormônio da pílula do dia seguinte, que age inibindo ovulação.
A diferença entre os dois DIU hormonais é que o primeiro tem uma dose maior da substância do que o segundo.
Em geral, o Kyleena, por ser menor, é mais indicado para mulheres jovens e que não querem interromper completamente o ciclo menstrual.
A taxa de falha dos métodos hormonais varia de 0,1% a 0,4% e eles duram de cinco a oito anos no útero da paciente.
O DIU de cobre, por fim, libera íons que tornam o útero inóspito para fecundação. A taxa de falha é de 0,6% e a mulher pode ficar com ele por até 10 anos.
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Pode colocar o DIU virgem?
Sim! Não ter tido relações sexuais não é um impeditivo para aderir a esse método contraceptivo. A inserção do DIU leva de 5 a 15 minutos e pode ser indolor ou causar incômodos leves. Eles duram de cinco a dez anos, a depender do DIU escolhido, e têm eficácia que supera 99%.
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Fonte.:Saúde Abril